MANLIO DINUCCI
GUERRA NUCLEAR
O PRIMEIRO DIA
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe
Capítolo 7
A EUROPA SUL
FRENTE NUCLEAR
7.1 A Europa no rearmamento nuclear
do Prémio Nobel da Paz
Ao mesmo tempo que dá início ao golpe de Estado na Ucrânia, e que a
reacção dos acontecimentos em cadeia provoca na Europa um novo confronto com a
Rússia, a Administração Obama aprova o maior programa de rearmamento nuclear do
fim da guerra fria. Documenta-o, em Setembro de 2014, um amplo artigo do New York Times: A Administração Obama está a investir dezenas de biliões de dólares na
modernização e reconstrução do arsenal nuclear e nas instalações nucleares
americanas». Mérito do mesmo Presidente Barack Obama, que cinco anos antes, em
2009, foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz, graças à «sua visão de um mundo
livre de armas nucleares, e ao trabalho desenvolvido por ele nesse sentido, que
estimulou poderosamente o desarmamento».
Para a «modernização» do arsenal nuclear foi construído, em Kansas City,
uma nova fábrica enorme, maior do que o Pentágono, onde milhares de
funcionários, dotados de tecnologias do futuro, desenvolvem armas nucleares
novas, testando-as com sistemas avançados que não requerem explosões
subterrâneas. A fábrica de Kansas City faz parte de um «complexo nacional em
expansão, para o fabrico de ogivas nucleares», composto de oito fábricas e
laboratórios, com um pessoal superior a 40 mil especialistas. Em Los Alamos, no
Novo México, é iniciada a construção de uma nova fábrica de grandes dimensões
para a produção de plutónio para ogivas nucleares e, em Oak Ridge, no
Tennessee, está a edificar-se outra, para a produção de urânio enriquecido para
uso militar. No entanto, os trabalhos foram atrasados pelo facto de, em dez
anos, o custo do projecto ter subido de 660 milhões para 5,8 biliões de dólares
e o de Oak Ridge de 6,5 para 19 biliões de dólares.
A Administração Obama apresentou, na totalidade, 57 projectos de
melhoramento de instalações nucleares militares. O custo está estimado em 335
biliões de dólares em dez anos. Mas é, apenas, a ponta do iceberg. Ao custo das
instalações junta-se o dos novos transportadores nucleares.
Assim, é iniciado pela Administração Obama, um novo programa de armamento
nuclear que, segundo um estudo do Monterey Institute, virá a custar (ao valor
actual do dólar) cerca de um trilião de dólares, resultando como despesa no
período 2024-2019.
O processo de «modernização» das forças nucleares americanas abrange,
inevitavelmente, os países europeus da NATO. A função das armas nucleares na Aliança
está esclarecida no «Conceito Estratégico 2010» que enuncia os objectivos do decénio 2010-2020. O documento afirma que
«enquanto existirem armas nucleares, a NATO permanecerá uma aliança nuclear».
Sublinha, desta maneira que, «a garantia suprema de segurança da Aliança é
fornecida pelas forças nucleares estratégicas da Aliança.»
A seguir:
7.2 Itália: porta-aviões nuclear
USA/NATO no Mediterrâneo
Ler este sub-capítulo e os capítulos precedentes em
Tradutora: Maria Luísa de
Vasconcellos
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