MANLIO DINUCCI
GUERRA NUCLEAR
O PRIMEIRO DIA
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe
7.5 O «escudo» USA sobre a Europa
Em Maio de 2016, na base
aérea de Deveselu, na Roménia, é inaugurada a «Aegis Ashore», a primeira
instalação terrestre do sistema via satélite Aegis, dos Estados Unidos, em
território europeu. O Secretário Geral da NATO, Jens Stoltenberg, agradece aos
EUA, visto que com essa instalação, «a primeira do seu género instalado em
terra», aumentou consideravelmente, a
capacidade de «defender os aliados europeus contra os mísseis balísticos do
exterior da área Euro-Atlântica». Anuncia, assim, o início dos trabalhos a
realizar na Polónia, em 2018, de outra «Aegis Ashore», análoga à que entrou em
funcionamento na Roménia.
As duas instalações terrestres
juntam-se aos quatro navios de guerra dotados do radar Aegis e de mísseis SM-3,
os quais, deslocados pela U.S. Navy, da base espanhola de Rota, cruzam o Mar
Mediterrâneio, o Mar Negro e o Mar Báltico. As Forças Navais Americanas já têm
30 navios deste tipo.
Quer as instalações em
terra, quer as que se encontram nos navios, todas elas são dotadas de
lançadores verticais Mk 41 da Lockheed Martin, ou seja, esses lançadores são constituídos
por tubos verticais (no corpo do navio ou num bunker subterrâneo) de onde são
lançados os mísseis interceptores SM-3. É o designado «escudo», cuja função, na
realidade, é ofensiva. Se os EUA conseguirem realizar um sistema confiável,
capaz de interceptar os mísseis balísticos, poderão manter a Rússia sob a
ameaça de um first strike nuclear,
confiante na capacidade do «escudo» de neutralizar os efeitos das represálias. Na
realidade, isso não é possível no estado actual, porque a Rússia e a China
estão a adoptar uma série de contra-medidas,que tornam impossível interceptar
todas as ogivas nucleares de um ataque de mísseis. Então, para que serve o sistema
Aegis instalado na Europa?
O mesmo é explicado pela
Lockheed Martin. Ilustrando as características técnicas do sistema de lançamento vertical MK 41, sublinha que o mesmo está apto a
lançar «mísseis para todas as missões: anti-aéreas, anti-navios,
anti-submarinos e de ataque contra objectivos em terra». Cada tubo de
lançamento é adaptável a qualquer tipo de míssil, compreendendo «os maiores, para defesa contra
mísseis balísticos e mísseis de ataque de longo alcance». Especificam mesmo os
tipos: «o Standard Missile 3 (SM-3) e o míssil de cruzeiro Tomahawk». Este
último, nas suas diversas versões, pode ser armado de ogivas convencionais (não
nucleares) ou de ogivas nucleares.
Deste modo, não se pode
saber quais os mísseis que estão nos lançadores verticais das bases na Roménia
e na Polónia e os que estão a bordo dos navios que navegam nos limites das
águas territoriais russas. Não podendo
controlar, Moscovo toma como certo que são mísseis de ataque nuclear.
A instalação de
lançadores verticais Mk41 à volta do território russo pode assinalar o fim do
Tratado sobre as forças nucleares intermédias, assinado pelos USA e URSS em
1987, que proíbe a instalação de mísseis sediados em terra e de alcance entre
500 a 5.500 Km.
Capítulo 8
O CENÁRIO DO APÓCALIPSE
8.1 A
escalada qualitativa do confronto nuclear
Tradutora: Maria Luísa de
Vasconcellos
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