Como é que a Rússia se está a
preparar para a Terceira Guerra Mundial
26 de Maio de 2016
Este artigo foi
escrito para a
Recentemente publiquei um artigo no qual tentei desacreditar alguns mitos populares sobre a guerra moderna. A julgar pelos múltiplos comentários que recebi em resposta a esta postagem, tenho de dizer que os mitos em questão ainda estão vivos e de saúde e que falhei completamente o meu intuito de convencer muitos leitores. O que me proponho fazer hoje, é observar o que, de facto, a Rússia está a fazer em resposta à ameaça crescente do Ocidente. Mas, em primeiro lugar, tenho de determinar ou mais precisamente, tenho de restabelecer o contexto no qual a Rússia está a agir. Vamos começar por considerar a política Anglo Sinonista em relação à Rússia.
Recentemente publiquei um artigo no qual tentei desacreditar alguns mitos populares sobre a guerra moderna. A julgar pelos múltiplos comentários que recebi em resposta a esta postagem, tenho de dizer que os mitos em questão ainda estão vivos e de saúde e que falhei completamente o meu intuito de convencer muitos leitores. O que me proponho fazer hoje, é observar o que, de facto, a Rússia está a fazer em resposta à ameaça crescente do Ocidente. Mas, em primeiro lugar, tenho de determinar ou mais precisamente, tenho de restabelecer o contexto no qual a Rússia está a agir. Vamos começar por considerar a política Anglo Sinonista em relação à Rússia.
As acções do Ocidente:
Em primeiro
lugar, nesta lista, está obviamente a conquista de toda a Europa Oriental pela
NATO. Menciono a conquista porque é exactamente o que é, mas uma conquista
alcançada de acordo com as regras da guerra do séc. XXI, que defino como sendo
uma guerra “80% informática, 15% económica e 5% militar”. Sim, compreendo que as
pessoas bem intencionadas da Europa Oriental, sonhavam precisamente ser
subjugadas pelos Estados Unidos da América, pela NATO, pela União Europeia, etc.
– mas, e daí? Alguém que tenha lido Sun Tzu reconhecerá que este desejo
profundo de ser ‘incorporado’ no “Borg”, não é nada mais do que o resultado de
uma identidade auto esmagada, um complexo de inferioridade profundamente
arreigado e, assim sendo, é uma renúncia que nem sequer teve de ser induzida
através de meios militares. Ao fim do dia, não importa o que é que os
residentes locais pensam que alcançaram – nesse momento, são súbditos do Império
e os países deles são colónias mais ou menos insignificantes, localizadas na
orla do Império Anglo Sionista. Como sempre, a elite dos *compradores locais está
agora inchada de orgulho ou, pelo menos, eles pensam dessa maneira, por serem
aceites como iguais pelos seus novos donos (pensem em
Poroshenko, Tusk ou Grybauskaite), o que lhes dá coragem para ladrar a
Moscovo, por trás da barreira da NATO. Parabéns! (no sentido de: Que se lixem!) *comprador = o indivíduo dentro de um país, que age como
agente de organizações estrangeiras ligadas ao investimento, ao comércio, à
economia ou à exploração política.
Em segundo
lugar, está, neste momento, a colonização total da Europa Ocidental levada a cabo pelo
Império. Enquanto a NATO se dirigia para Leste, os Estados Unidos também
conseguiram um controlo muito mais profundo da Europa Ocidental que,
presentemente, é administrada pelo Império, pelos indivíduos que o anterior
Presidente da Câmara de Londres designou outrora, como sendo notáveis
“invertebrados protoplasmáticos, amorfos e indolentes” – burocratas sem rosto, como François Hollande e Angela Merkel.
Em terceiro
lugar, o Império deu o seu apoio total a criaturas semi-demoníacas que vão
desde al-Khattab até Nadezhda Savchenko. A política do Ocidente é extremamente cristalina e simples: se é uma
política anti russa, apoiamo-la. Esta política está muito bem exemplificada pela
campanha de demonização de Putin e da Rússia que, em minha opinião, é muito
pior e muito mais histérica do que qualquer outra que ocorreu durante a Guerra Fria.
Em quarto lugar,
o Ocidente realizou uma série de movimentações militares altamente perturbadoras,
incluindo a implantação dos primeiros elementos de um sistema anti míssil na
Europa de Leste, o envio de várias formas de Forças Armadas de reacção rápida,
o estabelecimento de algumas unidades blindadas, etc. Actualmente a NATO introduziu postos de comando que podem ser usados
para apoiar o combate de uma força de reacção rápida.
O que é que tudo isto significa?
Realmente, neste
momento não representa muito. Sim, a movimentação da NATO até às fronteiras
russas é altamente agressiva, sobretudo em termos políticos. Em termos puramente
militares, não só foi uma péssima idéia (veja o cliché # 6 aqui), mas, de
facto, o tamanho das forças armadas reais instaladas é minúsculo: o sistema ABM (Míssil
Anti Balístico) introduzido recentemente pode, na melhor das hipóteses, ter a esperança de
interceptar alguns mísseis (10 a 20, dependendo das vossas premissas) porque as
forças convencionais são do tamanho de um batalhão (mais ou menos 600 soldados,
além do apoio requerido). Então vejamos que precisamente neste momento, não há
categoricamente qualquer verdadeira ameaça militar contra a Rússia.
Porque as
movimentações actuais dos Estados Unidos e da NATO poderiam muito bem ser
apenas os primeiros passos de um esforço muito maior que, com o passar do tempo, pode
começar a ser um perigo muito real para a Rússia.
Mais ainda, presentemente
o tipo de retórica que chega do Ocidente não é apenas militarista e russofóbico (aversão à Rússia e a tudo o que é russo),
muitas vezes é manifestado de imediato com grande fervor . Na última vez em
1000 anos, que o Ocidente teve um surto repentino de "síndroma
messiânico", a Rússia perdeu cerca de 20 a 30 milhões de pessoas. Portanto, os
russos podem, de facto, ser perdoados se
derem muita atenção ao que a propaganda Anglo Sionista diz sobre eles.
Os russos estão
muito consternados com a recolonização da Europa Ocidental. Longe vão os dias
em que indivíduos como Charles de Gaulle, Helmut Schmidt ou François
Mitterrand, estavam encarregados do futuro da Europa. Para além de todas as
suas falhas muito palpáveis, pelo menos, estes homens eram verdadeiros patriotas
e não somente administradores coloniais a mando dos Estados Unidos. Para os russos é muito mais preocupante a "perda" da Europa Ocidental do que as antigas colónias soviéticas na Europa Oriental estarem agora sob a administração colonial dos Estados Unidos. Por quê?
Considerem este assunto sob o ponto de
vista russo.
Todos os russos
vêem que o poder norte-americano está em declínio e que, mais cedo ou mais
tarde, o dólar vai, lenta ou subitamente, perder o seu papel de reserva
principal e de moeda de troca no planeta (este processo já começou). Dito de
maneira simples – o Império Anglo Sionista entrará em colapso, a não ser que os
EUA encontrem uma maneira de alterar drasticamente a actual dinâmica
internacional. Os russos acreditam que o que os americanos estão a fazer, na
melhor das hipóteses, é usar as tensões com a Rússia para ressuscitar uma
Guerra Fria adormecida versão 2 e, na pior das hipóteses, para começar, de facto, uma verdadeira guerra na
Europa, com recurso às armas.
Assim, temos um
Império decadente com uma necessidade vital de criar uma grande crise, a Europa
Ocidental covarde e incapaz de erguer-se no seu próprio interesse, uma Europa
Oriental subserviente e a implorar para se transformar num campo de batalha
enorme entre o Oriente e o Ocidente e uma retórica messiânica, russofóbica, levada irracionalmente até ao extremo, como pano de fundo para que haja um aumento de
destacamentos militares na fronteira russa. De facto,
alguém se surpreende que os russos estejam a levar tudo isto muito a sério,
mesmo que, de momento, a ameaça militar americana seja praticamente nula?
A reacção
russa
Assim sendo,
vamos examinar a reacção russa à posição do Império.
Em primeiro
lugar, os russos querem ter a certeza de que os americanos não cedem à ilusão
de que uma guerra em larga escala na Europa seria como a Segunda Guerra
Mundial, que viu o território dos EUA sofrer apenas alguns ataques do inimigo,
minúsculos e quase simbólicos. Posto que
uma guerra em larga escala na Europa, iria ameaçar a própria existência da
nação e do Estado russo, os russos estão a tomar medidas para ter a
certeza de que, se tal acontecesse, os EUA iriam pagar um preço enorme por esse
ataque.
Em segundo
lugar, é evidente que os russos estão a encarar a hipótese de uma ameaça convencional
do Ocidente poder materializar-se num futuro previsível. Portanto, estão a
tomar as medidas necessárias para combater essa ameaça convencional.
Em terceiro
lugar, uma vez que os EUA parecem estar determinados a implantar um sistema de
mísseis anti balísticos não só na Europa, mas também no Extremo Oriente, os
russos estão a tomar medidas, tanto para derrotar como para ultrapassar esse sistema.
O esforço russo
é vasto e complexo, e abrange quase
todos os aspectos do planeamento da força russa, mas penso que há quatro
exemplos que ilustram bem a determinação da Rússia para não permitir que volte a
acontecer o mesmo que ocorreu no dia 22 de Junho de 1941:
- A reprodução do 1ºExército de Blindados da Guarda (em
progresso)
- A implantação do
míssil balístico operacional-táctico, de curto alcance, Iskander-M (concluída)
- A introdução do míssil balístico termo-nuclear, intercontinental, Sarmat ICBM (em progresso)
- A introdução do míssil balístico termo-nuclear, intercontinental, Sarmat ICBM (em progresso)
A reprodução do Primeiro Exército Blindado
da Guarda
É difícil de
acreditar, mas o facto é que, entre 1991 e 2016, a Rússia não tinha uma única
formação militar destacada (do tamanho de uma divisão e maior do que ela) na
região militar ocidental. Algumas brigadas, regimentos e batalhões foram
designados nominalmente, como sendo um "Exército". Para expôr este
assunto de maneira simples – era evidente que a Rússia não acreditava que havia
uma ameaça militar convencional do Ocidente e, portanto, não se incomodou a instalar
qualquer tipo de força militar significativa para se defender de uma ameaça não
existente. A propósito, esse facto também deve esclarecer-vos sobre os planos da Rússia para invadir a
Ucrânia, a Polónia ou os países bálticos:
é um disparate completo. Esta situação alterou-se completamente.
A Rússia anunciou oficialmente o Primeiro Exército Blindado da Guarda (uma formação com uma história prestigiante e muito simbólica) que irá incluir a 4ª Divisão Blindada "Kantemirov”, a Segunda Divisão
Motorizada "Taman", a 6ª
Brigada de Blindados, a 27ª Divisão Motorizada da Brigada de Sebastopol e
muitas unidades de apoio. O Quartel General deste Exército estará localizado no
subúrbio Odinstovo, em Moscovo. Actualmente, o Exército está equipado com blindados
T-72B3 e 80 tanques de batalha, mas serão substituídos pelo novo tanque
revolucionário, T-14 Armata, se bem que os veículos de combate de infantaria actuais
e os veículos blindados serão substituídos pelo novo APC e IFV. As
unidades terrestres blindadas serão protegidas e apoiadas no ar pelos
helicópteros de ataque Ka-52 e Mi-28. Não se enganem, pois será uma força muito
grande, precisamente o tipo de força necessária para esmagar quando acontecer
um ataque de forças inimigas (a propósito, a 1TGA esteve presente na batalha de
Kursk). Tenho a certeza de que, quando a 1TGA estiver totalmente organizada
será a mais poderosa formação blindada, algures, entre o Atlântico e os Urais
(especialmente em termos qualitativos). Se persistirem as tensões actuais, ou
mesmo, se piorararem, os russos poderiam aumentar a 1TGA com um "Exército
de choque" tipo séc. XXI, com uma mobilidade crescente e especializada em romper
profundamente as defesas do inimigo.
A introdução do sistema táctico e
operacional de mísseis Iskander-M
O novo sistema operacional
e táctico de mísseis Iskander-M é uma arma formidável em comparação com
qualquer padrão. Embora, tecnicamente, seja um míssil táctico de curto alcance
(abaixo de 1.000 km, o R-500 tem uma área de alcance oficial de 500 km), também
pode disparar o míssil R-500 que tem a capacidade de atacar numa
faixa intermédia/operacional (acima de 1.000 km, o R-500 tem um alcance de 2.000
km). É extremamente preciso, tem capacidades avançadas de anti-ABM voa a velocidades supersónicas e é praticamente indetectável a partir do chão (ver
mais detalhes aqui). Será o míssil encarregado de destruir todas as
unidades e equipamentos que os EUA e a NATO enviaram e instalaram na Europa
Oriental e, se for necessário, de abrir o caminho para o 1TGA.
A colocação
do míssil balístico intercontimental Sarmat ICBM (intercontinental ballistic
missile)
Nem o 1TGA nem o
míssil Iskander-M irão ameaçar, de maneira nenhuma, o território dos EUA. Assim
sendo, a Rússia precisava de um tipo de arma que realmente causasse medo ao Pentágono e à Casa
Branca, à semelhança do que fizeram os famosos RS-36 Voevoda durante a Guerra
Fria (também são conhecidos como SS-18 "Satan" na classificação dos
EUA). O SS-18, o míssil balístico intercontinental (ICBM = intercontinental ballistic missile) mais potente jamais
desenvolvido, era suficientemente aterrador. O RS-28 "Sarmat" (SS-X-30, de acordo com a classificação
da NATO) provoca o terror a um nível totalmente desconhecido.
O Sarmat é
absolutamente incrível. Será capaz de transportar ogivas 10-15 MIRVed que serão distribuídas numa designada trajetória "deprimida"
(suborbital) e que permanecerão manobráveis a velocidades supersónicas. O
míssil não terá de usar a trajetória típica sobre o Pólo Norte, mas será capaz
de atingir qualquer alvo, em qualquer lugar do planeta, a partir de qualquer
trajetória. Todos esses elementos combinados farão com que o próprio Sarmat e as suas
ogivas sejam completamente impossíveis de interceptar.
O Sarmat também
será capaz de transportar ogivas
convencionais supersónicas Iu-7 capazes de um "ataque cinético" , que poderia ser usado para atacar um alvo inimigo fortificado num conflito
não-nuclear. Isso será possível devido à incrível precisão das ogivas do Sarmat
que, graças a uma fuga de informação recente da Rússia, sabemos que tem um CEP de 10 metros
(ver captura do monitor/tela do computador)
Os
silos do míssil balístico intercontinental Sarmat serão protegidos por
"medidas de protecção activa" exclusivas, que incluirão 100 armas
capazes de disparar uma "nuvem metálica" de quarenta mil "balas" de 30mm a uma altitude de
cerca de 6 km. Os russos também estão a planear proteger o Sarmat com os seus
novos sistemas de defesa aérea S-500. Finalmente, o tempo de preparação do Sarmat para começar será inferior a 60
segundos, graças a um sistema de lançamento altamente automatizado. O que tudo
isto significa é que o míssil Sarmat estará invulnerável no seu silo, durante o
voo e na reentrada nas camadas mais baixas da atmosfera.
É interessante
verificar que, enquanto os EUA faziam muito ruído em torno do seu sistema
planeado de Prompt Global Strike, os russos já tinham começado a introduzir a sua versão deste conceito.
Recordam-se
da “fuga de informação” cuidadosamente encenada, em Novembro do ano passado, quando os russos
'inadvertidamente' mostraram um torpedo estratégico e secreto, extremamente
poderoso, no horário nobre de um noticiário? Eis o famoso diapositivo:
Mostra um "veículo submarino autónomo", que tem uma capacidade avançada de navegação, mas que também pode ser controlado remotamente e conduzido a partir de um módulo de comando especializado. Este veículo pode mergulhar a 1000m de profundidade, a uma velocidade aproximada de 185 km/h e tem um alcance de 10.000km (dez mil quilómetros). É distribuído por submarinos concebidos especialmente para esse fim.
O sistema
Status-6 pode ser usado para alvejar grupos de porta-aviões, bases da marinha
dos EUA (especialmente bases de SSBN = Submarinos Balísticos Nucleares) e, na
sua versão mais terrível, pode ser usado para distribuir bombas de cobalto de alta radioactividade, capazes de devastar grandes extensões de territórios. O
sistema Status-6 seria uma nova versão do torpedo T-15 que teria 24m de comprimento, 1,5m de largura,
pesa 40 toneladas e é capaz de transportar uma ogiva de 100 megatoneladas (100
milhões de toneladas) o que o tornaria duas vezes mais potente do que o mais
poderoso dispositivo nuclear já detonado, a Bomba Czar Soviética *(57 megatoneladas). A bomba lançada em Hiroshima
tinha apenas 15 quilotoneladas.
Quilotonelada
= (FÍSICA) unidade de medida de quantidade de energia libertada numa explosão
nuclear, de símbolo kt, que equivale à energia que seria libertada pela explosão de mil toneladas de
trinitrotolueno; kilotonelada
Megatonelada (FÍSICA) unidade de medida da potência de um explosivo nuclear igual à
energia libertada pela explosão de uma carga de 1 milhão de toneladas de
trinitrotolueno
Tenha em mente
que a maioria dos centros industriais e das cidades dos EUA está ao longo da
costa o que as torna extremamente vulneráveis a ataques baseados em torpedos
(quer seja a “Bomba Tsunami" de Sakharov ou o sistema Status-6). E, tal
como no caso do Iskander-M ou o Sarmat ICBM, a profundidade e a velocidade do
torpedo Status-6 torná-lo-ia basicamente invulnerável à incercepção.
Avaliação:
Realmente não há
nada de novo em tudo o que foi mencionado acima e os comandantes militares
americanos tiveram sempre conhecimento destes assuntos. Essencialmente, todos os sistemas de
mísseis anti-balísticos norte-americanos foram sempre, um golpe
financeiro, desde a “Guerra das Estrelas” de Reagan, até ao "ABM anti-iraniano" de Obama. Por um lado,
qualquer sistema ABM é susceptível de "saturação local ': se você tiver um
número X de ABM = Mìsseis Anti
Balísticos para proteger um espaço longo Y, contra um número X de mísseis, tudo
o que precisa fazer é saturar apenas um sector do espaço Y com * muitos * mísseis, verdadeiros e falsificados,
disparando-os todos em simultâneo, através de um pequeno sector do espaço Y que
o sistema de mísseis ABM está a proteger. E há muitas outras medidas que os
russos poderiam tomar. Poderiam colocar apenas um único submarino SLBM, no Lago
Baikal tornando-o, basicamente, invulnerável. Já existe na Rússia alguma
discussão sobre essa ideia. Outra boa opção seria a de reactivar o ICBM BzhRK
Soviético de mobilidade sobre carris. Desejo-vos sorte, para poderem
encontrá-lo na vasta rede de caminhos de ferro russa. Na verdade, os russos têm
imensas medidas baratas e eficazes. Querem que enumere mais uma?
Considerem os
mísseis de cruzeiro Kalibr observados recentemente na guerra da Síria. Sabiam que podem ser disparados a
partir de um contentor comercial típico, como os que se encontram nos camiões,
nos comboios e nos barcos? Veja este vídeo excelente que explica como funcionam:
Basta recordar que o Kalibr tem um alcance de qualquer alvo situado entre 50 km a 4.000 quilómetros de distância e pode transportar uma ogiva nuclear. Que grau de dificuldade teria a Rússia para introduzir esses mísseis de cruzeiro precisamente ao largo da costa dos Estados Unidos em navios de transporte de contentores? Ou manter alguns contentores em Cuba ou na Venezuela? É um sistema tão indetectável que, se os russos quisessem, poderiam dispô-lo ao largo da costa da Austrália para atingir a estação da NSA, em Alice Springs e ninguém se aperceberia da chegada dos mesmos.
A verdade é que
a noção de que os EUA poderiam desencadear uma guerra contra a Rússia (ou contra
a China, neste caso) e não sofrer retaliação no continente norte-americano é
absolutamente ridícula. E ainda assim, quando escuto toda a conversa de loucos
dos políticos e dos generais ocidentais, fico com a sensação de que eles estão
a esquecer esse facto irrefutável. Francamente, até mesmo as ameaças actuais
contra a Rússia têm uma sensação de "meia verdade’ para eles: um batalhão
aqui, outro ali, alguns mísseis aqui ou um pouco mais além. É como se os governantes
do Império não percebessem que é uma péssima ideia picar constantemente um urso,
quando tudo que têm como arma de defesa é apenas um canivete. Às vezes, a reacção
dos políticos ocidentais faz-me lembrar os bandidos que tentam assaltar um
posto de gasolina com uma arma descarregada ou de plástico e que ficam
completamente surpreendidos quando são mortos a tiro pelo proprietário ou pela polícia.
Este tipo de destruição não é nada mais do que uma forma de "suicídar-se
usando a policia" e nunca termina bem para o que tenta fugir.
Por conseguinte, às vezes
as coisas têm que ser ditas directamente e sem rodeios: é melhor que os políticos ocidentais não acreditem na sua
arrogância imperial. Até agora, tudo o que as suas ameaças conseguiram foi fazer
com que os russos respondessem com um muitos protestos verbais fúteis e com um
programa em larga escala para preparar a Rússia para a Terceira Guerra Mundial.
Como escrevi
muitas vezes, os russos têm muito medo da guerra e farão tudo para evitá-la.
Mas também estão preparados para ela. É uma característica cultural
exclusivamente russa e que o Ocidente interpretou erradamente, inúmeras vezes,
ao longo dos últimos 1000 anos ou mais. Os europeus atacaram a Rússia muitas
vezes, para se embrenharem numa luta que nunca teriam imaginado, mesmo nos seus
piores pesadelos. Por esse motivo é que os russos gostam de dizer que "a Rússia
nunca começa guerras, só as termina".
Há um profundo
abismo cultural entre a forma como o Ocidente e os russos vêem a guerra. No Ocidente,
a guerra é, de facto, "a continuação da política por outros meios". Para
os russos, é uma luta implacável pela sobrevivência. Basta olhar para os
generais no Ocidente: eles são gerentes/executivos elegantes e bem educados,
muito mais semelhantes a executivos de empresas do que, digamos, chefes da
máfia. Observem os generais russos (por exemplo, vejam o desfile do Dia da Vitória,
em Moscovo). Em comparação com os seus colegas ocidentais, têm um aspecto quase brutal, porque em primeiro lugar e acima
de tudo, eles são assassinos cruéis e calculistas. Não quero dizer de uma forma
negativa - muitas vezes, individualmente são homens muito dignos e afáveis e
como todos os bons comandantes, cuidam dos seus homens e amam o seu país. Mas o
cargo que ocupam não é, de modo algum, a continuação da política por outros
meios, a actividade em que estão inseridos é a sobrevivência. A todo o custo.
Não podem julgar
um militar ou, consequentemente, uma nação, pela forma como se comporta quando
triunfa, quando está na ofensiva a perseguir um inimigo derrotado. Todos os
exércitos parecem bons quando estão a ganhar. Vocês podem realmente avaliar a
natureza de um militar, ou de uma nação, na sua hora mais negra, quando as
coisas estão terríveis e a situação é pior do que catastrófica. Foi o que
aconteceu em 1995, quando o regime de Yeltsin ordenou aos militares russos,
totalmente despreparados, desmoralizados, mal treinados, mal alimentados, mal
equipados e completamente desorganizados (bem, algumas unidades foram organizadas
à pressa) para tomar Grozny aos chechenos. Foi o inferno na Terra. Eis algumas
imagens do general Lev Rokhlin num posto de comando organizado rapidamente, numa
cave, dentro de Grozny. Ele está tão exausto, sujo e exposto como qualquer um dos
seus soldados. Olhem para o seu rosto e para os rostos dos homens que o
rodeiam. É assim que o exército russo se parece quando está nas profundezas do
inferno, traído pelos traidores que se sentavam no Kremlin e abandonado pela
maioria do povo russo (que, lamento recordá-lo aqui, só sonhava com o McDonalds
e com Michael Jackson, em 1995).
Podem imaginar, digamos, o General Wesley Clark ou David Petraeus a lutar como fizeram estes homens?
Podem imaginar, digamos, o General Wesley Clark ou David Petraeus a lutar como fizeram estes homens?
Vejam este vídeo
de General Shamanov a ler o acto de motim para um político checheno local (não
há necessidade de traduzir):
Hoje em
dia, Shamanov é o Comandante Chefe das Forças Aerotransportadas (ver foto) cujo tamanho
Putin duplicou tranquilamente para 72.000 efectivos, algo que mencionei no
passado como sendo altamente relevante, especialmente em comparação com os
aumentos tépidos de nível de força anunciados pela NATO (consulte "O suicídio da União Europeia pela negação da realidade"). Para ter uma
noção de como são as forças russas aerotransportadas modernas, consulte este
artigo aqui.
A minha intenção
não é glorificar a guerra nuclear ou as Forças Armadas russas. O motivo deste e
de muitos outros artigos, é tentar dar o alarme sobre o que vejo estar a
acontecer hoje em dia. Os líderes ocidentais estão embriagados com a sua
arrogância imperial. Nações que outrora eram consideradas como sendo manchas
menores no mapa, sentem-se agora encorajadas a provocar constantemente uma
super potência nuclear. Os americanos estão a ser enganados e é-lhes
prometido que algo mágico de alta
tecnologia irá protegê-los da guerra, enquanto os russos estão a preparar-se
seriamente para a Terceira Guerra Mundial porque chegaram à conclusão de que a
única maneira de evitar a guerra é tornar absoluta e inequivocamente claro,
aos Anglo Sionistas que nunca poderão sobreviver a uma guerra com a Rússia, mesmo que TODOS os russos sejam mortos.
Lembro-me muito
bem da Guerra Fria. Fiz parte dela. Recordo que a grande maioria, nos dois
lados, percebeu que uma guerra entre a Rússia e o Ocidente deve ser evitada a
todo custo. Agora fico horrorizado quando leio artigos de Altos Dignatários a
discutir seriamente tal possibilidade.
Por favor, basta
apenas ler este artigo: O que seria uma guerra entre a União Europeia e a
Rússia? Aqui está o que este indivíduo escreve:
Para
os que estão inclinados para a poesia, os militares russos parecem ser mais uma
tripulação gigantesca de piratas, do que um exército regular. Os que governam
são os que têm a faca mais afiada e a boca maior, tipicamente como alguns
piratas infestados com escorbuto, que contam com o apoio dos companheiros para
fazer qualquer "oficial" impopular caminhar na prancha ... Ou, mais
apropriado ainda, assemelham-se aos membros de uma horda cossaca, governados
por guerreiros fragmentados ... Embora possam ser soldados muito corajosos, por
vezes, não são eficientes na batalha contra uma máquina militar moderna, bem
regulada e treinada. Dada esta situação, é improvável, ou mesmo impossível, que
as tropas russas conduzam operações de grande envergadura a um nível superior
ao de um pelotão contra exércitos disciplinados, especialmente contra o
exército americano, britânico, alemão ou francês.
Realmente este
tipo de artigo assusta-me. Não por causa da estupidez imbecil e racista do
conteúdo do mesmo, mas porque em grande parte continua incontestado na
comunicação mediática de destaque. Não só este, há uma grande abundância de
tais artigos noutros lugares (ver aqui, aqui ou aqui). É claro que os autores
desse tipo de "análise" ganham dinheiro precisamente como chefes de
claques dos apoiantes das forças ocidentais, mas foi exactamente essa mentalidade que colocou Napoleão
e Hitler em apuros e terminou com as forças russas estacionadas em Paris e em Berlim. Comparem esse tipo de idiotices chauvinistas e francamente
irresponsáveis com o que Montgomery, um verdadeiro comandante militar, disse
sobre este assunto:
A próxima
guerra em terra vai ser muito diferente da última, pois teremos de combatê-la
de maneira diferente. Para chegar a uma decisão sobre essa matéria, primeiro é
preciso ser claro sobre certas regras de guerra. A Regra 1, na página I do
livro da guerra, é: "Não marchar sobre Moscovo". Várias pessoas
tentaram-no, Napoleão e Hitler, e isso não é bom. Esta é a primeira regra.
Então, em quem
confiam? Nos líderes professionais das claques ou nos soldados profissionais?
Realmente acreditam que Obama (ou Hillary), Merkel e Hollande vão ser mais
capazes do que Napoleão ou Hitler?
Se "*Estado
profundo" Anglo Sionista é, de
facto, suficientemente delirante para desencadear uma guerra contra a Rússia,
na Europa ou noutro lugar, o Ocidente, narcisista e hedonista, embriagado com a
sua arrogância e propaganda, vai descobrir um nível de violência e de guerra, que nunca pôde imaginar e se isso
afectasse apenas os responsáveis por essas políticas imprudentes e suicídas,
seria óptimo. Mas, claro que o problema é que muitos milhões de pessoas normais
e simples como nós, irão sofrer e morrer em consequência do nosso falhanço colectivo
de evitar esse resultado. Espero e rezo para que minhas repetidas advertências
contribuam, pelo menos, para o que espero ser uma percepção crescente de que
essa loucura tem de ser interrompida de imediato e que a sanidade regresse à
política.
The Saker
Nota da Trad.: - *O Estado profundo, o Estado dentro de um Estado, o governo sombra ou o governo permanente é uma rede de indivíduos e grupos que, de facto, estão encarregados do governo nacional. Muitos governos "eleitos democraticamente" funcionam como “testas de ferro”, proporcionando um nível de negação plausível e permitindo que o Estado profundo governe em segredo. Em assuntos de importância política vital, a máquina pública do governo é destruída rotineiramente pelos agentes do estado profundo.
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