Advogado-geral
da União nega crime e diz que Dilma está sendo afastada por razões políticas
Em
sua última chance de se manifestar antes da votação da admissibilidade, o advogado-geral
da União, José Eduardo Cardozo, voltou a insistir na tese de que a presidente
Dilma Rousseff está sendo punida por razões políticas, visto que não há crime
de responsabilidade que justifique o impeachment.
— A
simples leitura do relatório do senador Anastasia mostra que os fatos foram
encaixados para se justificar uma vontade política de afastamento da presidente
da República — afirmou, por volta 6h da manhã dessa quinta-feira (12).
Ele
explicou que a abertura dos créditos suplementares foram para o envio de verbas
para Polícia Federal, Poder Judiciário e Ministério da Educação. E lembrou que
só Fernando Henrique Cardoso assinou 101 decretos semelhantes, sem ser punido
pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
— Desafio
a qualquer um a ler o relatório de Anastásia e ver onde está demonstrada
relação de causa e efeito entre decretos de suplementação e rompimento de meta
fiscal. A queda da receita é que sinalizou que a meta fiscal não seria
atendida. Não houve portanto ilícito. E mesmo assim, a meta fiscal não foi
ferida, pois o Congresso a alterou; aliás, como todos os governos fazem —
disse.
Cardozo
também negou os atrasos de repasses a bancos públicos fossem empréstimos, como
acusam os defensores do impeachment.
—
Atrasar pagamento é empréstimo? Tanto no caso dos decretos quanto nas pedalada,
o TCU admitia aquilo. Mudou de opinião depois, e o governo passou a seguir o
novo entendimento e não houve mais novos decretos nem pedaladas. Está-se
punindo a presidente por algo retroativo — afirmou.
Pecado
original
Para
o defensor de Dilma Rousseff, o processo de impeachment começou com um pecado
original, que foi o desvio de poder praticado pelo ex-presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo ele, o processo só foi aberto por vingança do
parlamentar.
— Está
sendo condenada uma mulher honesta e inocente, uma injustiça histórica. A
histórica escreverá o que aconteceu e, quando meus netos perguntarem de que
lado eu estava, direi que fiz o possível para defender a democracia e a
Constituição — finalizou.
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