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Wednesday, September 21, 2016

V. Soloviev entrevista Vladimir Putin -- A NOVA ORDEM MUNDIAL -- A DERROCADA DO SISTEMA DE YALTA -- Parte III







V. Soloviev entrevista Vladimir Putin -- A NOVA ORDEM MUNDIAL -- A DERROCADA DO SISTEMA DE YALTA - Parte III


Parte I

Parte II


PARTE III

01:00:00,966 – Julian Assange:
- Precisamente agora, os EUA estão a participar num projecto
que pode não ser tão robusto como a criação das Nações Unidas,
mas que tem ambições semelhantes. 
É mais importante do que a criação da União Europeia.  
Trata-se do acordo T3.
Este acordo abrange mais de 1,5 bilões de pessoas.  
e 2/3 do Produto Interno Bruto mundial. 
- Os Estados Unidos criaram um novo bloco de comércio gigantesco - a Trans-
Pacific Partnership,
tendo convidado metade dos países do APEC = Cooperação Económica Asia-Pacífico.
mas deixando de fora a China e a Rússia. 
- As principais empresas americanas esperaram por isto, ansiosamente, este tempo todo, durante muitos anos.
As empresas americanas estão a esconder-se por trás da segurança nacional.   
Por outras as palavras, o perigo está na China.  
Dizem que a China vai integrar a Eurásia ... para criar a nova Rota da Seda. 
E é por esse motivo, que os EUA devem integrar todos os países possíveis,
e criar uma super União legítima e comercial.  
Uma união maior do que a União Europeia. 

Logo que seja feito, as empresas americanas seriam capazes de ser integradas facilmente, em todos estes países.


01:01:23,300 – Vladimir Soloviev:
- Uma chamada telefónica do Departamento de Estado, dos EUA, é muito mais importante do que qualquer outra decisão.
Isto é, o mundo é governado pelas empresas? 


01:01:29,700 – Vladimir Putin:
- O mundo é governado por leis objectivas de desenvolvimento económico.
Sim, certamente: empresas - internacionais, multinacionais, sem fronteiras - 
devem funcionar de modo a aumentar a qualidade da produção, 
o volume da produção e a capacidade de trabalho,  
para alcançar um resultado melhor, um resultado excelente. 
Não necessitam ter fronteiras, mas o próprio GATT,     
o General Agreement on Tariffs and Trade, foi criado precisamente com este fim.  
E depois criaram a Organização Mundial do Comércio (WTO) que, de facto, dissolveu toda a espécie de fronteiras.  
Mas agora existem realidades diferentes. 
Apareceram novos actores, cessaram de ter medo.
Como gracejamos quando dizemos: "Assustados, apavorados, em pânico."
E começaram a exigir o seguimento rigoroso dos seus direitos,  
considerados legítimos, de acordo com os termos da WTO, que aceitou cada um deles. 
E quando uma das rodadas das negociações (em Doha) chegou a um ponto morto,
e durante anos você não pôde avançar,  
porque os países em desenvolvimento começaram a exigir 
o seu lugar ao sol, que consideravam legítimos e em termos de regras e procedimentos da WTO,
é evidente que surgiu uma ideia: porque é que devemos empurrá-los?
Concordaremos com as novas regras, que dizem respeito apenas a nós, 
porque somos as economias mais importantes do mundo,
e mais cedo ou mais tarde, serão forçados a trabalhar, de novo, de acordo com essas regras
que iremos fazer, a respeito de outras organizações.  


01:03:18,433 – Shimon Perez
- O mundo está a avançar.
Vamos recordar o mundo de há 70 ou 50 anos.
Tomemos como exemplo, a China.
Era um país pobre e dividido.  
Foram salvos, não devido ao rublo russo ou ao dólar americano.
Foram salvos por duas revoluções:  
uma, sob a liderança de Mao Tse Tung,
que forçou o povo a trabalhar, unindo-o,  
e outra, sobre a liderança de Deng Xiaoping, que disse:  
"Excelente, vocês conseguiram!
Agora, vamos abrir-nos para o mundo e ver o que vai acontecer."
- Aconteceu o mesmo com a Índia. 
Temos outra vez, revoluções. Gandi disse:
"Não posso livrar-vos da pobreza, mas posso salvar-vos da pobreza espiritual.
Posso salvar-vos apenas a nível espiritual." 
A segunda revolução foi sob a liderança de Nehru.
Ele disse: "Se cuidam da vossa alma, não significa que não devam cuidar do vosso pequeno almoço."
Comparem esta posição com o que era há 40 ou 50 anos. 
Mudanças significativas!


01:04:44,233 – Pervez Musharraf
- Devemos ver uma mudança de estratégia no mundo.
- Antes, a política concentrava-se na Europa
e era Eurocêntrica, isto é,
a Europa e a NATO em oposição ao Pacto de Varsóvia, e assim por diante.
Agora, o foco de atenção está aqui, na Ásia Central e do Sul,   
nos países do Golfo Pérsico e do Irão.   
Presentemente, o foco geocêntrico está nesta região.

01:05:14,633 – Sergey Lavrov:
- Não há o triunfo de um sistema e de um modelo, na ordem mundial.
A unidade na diversidade garante a estabilidade do desenvolvimento do mundo.
Quaisquer tentativas para estabelecer o mundo numa base única, são obra do diabo.


01:05:49,033 -- Marek Halter, escritor, activista de direitos humanos, em França:
- Os jovens estavam sentados, à noite, nos terraços dos cafés.
Tomavam bebidas, como habitualmente. 
Os rapazes namoriscavam as raparigas. Agora estão mortos. 
Todos os franceses compreenderam que podiam ter estado no lugar das vítimas.
Qualquer um deles podia ter morrido. 
Não era necessário fazer nada para ser sentenciado à morte. 
Por essa razão é que estavam todos chocados. 
Houve uma forte solidariedade.
Solidariedade e medo.   
Como é que oito terroristas fazem 67 milhões de pessoas tremer de medo?!

- Gostaria de dizer o seguinte:
01:07:16,666 – Vladimir Putin:

Há 50 anos, aprendi uma excelente lição nas ruas de Leningrado:
Se a luta for inevitável, és tu que tens de atacar primeiro! 


01:07:49,466 – Vladimir Soloyev:
- Vladimir Vladimirovich, de facto, são momentos críticos. 
Efectivamente, existem bandos indisciplinados, nas nossas fronteiras.
Os Taliban foram parcialmente recrutados pelo Estado Islâmico.
 (Vladimir Putin)- Não é a primeira vez! 
- Não é a primeira vez, mas conseguimos sempre ultrapassar os momentos críticos da História,
fundamentados num estado forte pela sua espiritualidade.   
Confiávamos que estávamos no lado certo.   
Este critério de justiça ainda existe no mundo?   
É importante? A moral tem importância?
Alexander I [o Czar] tentou unir a Europa, baseado nos valores cristãos. 
Infelizmente, falhou.


01:08:32,066 – Vladimir Putin:
- Penso que ninguém deve impôr valores a ninguém. Nunca! 
Mesmo que pensem que esses valores são verdadeiros.
Nós temos os nossos valores, as nossas ideias sobre a justiça.
Não vou enumerá-las agora, é uma tarefa ingrata. 
Os especialistas são sempre capazes de encontrar algo para me difamar.  
De um modo geral, compreendem o que eu digo.
Isto diz respeito aos nossos valores tradicionais, à maior parte deles,
à nossa História, cultura e tradições
e a todas as coisas importantes.  
Mas é errado impô-las a quem quer que seja! 
Por exemplo, como a União Soviética tentou impôr os valores comunistas pelo uso da força.
Penso - e tenho a certeza que muitos concordam comigo,  
os valores comunistas não interessavam; foi o interesse geopolítico da União Soviética que lhes importou,     
isto é, a Rússia, que era a União Soviética.  
Tudo isto estava envolto numa forma ideológia.  


01:09:37,800 –Vladimir Soloviev:
- Ao princípio, os nossos valores foram, de facto, aqueles que a União Soviética propôs, de uma nova ordem mundial justa.  


01:09:44,000 – Vladimir Putin:
- O que disse está correcto, a Rússia Soviética. 
Estava correcto depois de 1917. - Claro.
- Depois da Primeira Guerra Mundial. Então estava muito na moda  
entre os intelectuais democratas do mundo, em geral -  
nos EUA, na Europa e em toda a parte.   
A Rússia Soviética era um estado moderno,    
com ideias novas e atraentes.           
Recordando a minha actividade anterior -
lembro-me muito bem das primeiras declarações  
dos analistas que estudaram a actividade dos serviços secretos soviéticos -
-Recuando ao Departamento dos Negócios Estrangeiros. - Sim, nessa época.   
Um punhado de funcionários excepcionais, dos Serviços Secretos soviéticos,
o célebre anel de Espionagem de Cambridge, Sorge, etc.
Um analista disse:
Essas pessoas serviram com devoção, trabalhando para a sua pátria utópica. 
Mais tarde, tudo isto começou a desgastar. 
perdendo a atracção e a perspectiva.    


01:10:55,400 – Vladimir Soloviev:
- E agora? A Rússia diz que os valores tradicionais  
estão destinados a um fracasso colossal, que há uma crise destes valores tradicionais. 


01:11:03,700 – Vladimir Putin:
- Bem, sim. Mas posso assegurar, que há muitos países e povos no mundo   
que estão completamente do nosso lado e partilham o nosso ponto de vista.   
Mesmo quando escutamos críticas dos líderes de alguns países,    
não significa que os cidadãos desses países apoiem os seus líderes,  
criticando-nos. Muito pelo contrário!  
Atrevo-me a dizer, muitos dos cidadãos dos países cujos líderes nos criticam,   
muitos deles apoiam-nos!


01:11:44,966 – Thomas Graham:
- Ponderar o que é o ser humano, é um processo complicado. 
Quais são as regras de uma sociedade justa?   


01:11:59,633 – Ban Ki-Moon:
- Muitos povos ainda vivem na pobreza. 
Muitos morrem de doenças que podem ser curadas.  
Muitos vivem oprimidos.     



01:12:09,633 – Pervez Musharraf:
- Há uma quantidade enorme de desigualdade em todo o mundo, 
como também em certos países, entre os ricos e os pobres.    
Devido à desigualdade económica, o nosso conhecimento sobre prosperidade   
afogar-se-á no oceano da pobreza.       


01:12:33,100 – Emir Kusturika:
- Há um triângulo neste mundo:
guerra - capital - lucro.
E a sociedade justa está reservada às pessoas com dinheiro.   
São capazes de comprar a justiça, mulheres, casas, aviões;  
reunir à sua volta apenas os que dizem o que eles querem ouvir,   
e eles têm a sensação de que essa sociedade é justa.


01:13:01,266 – Julian Assange:
- Liberdade e justiça significam para mim, obviamente, que é algo que sinto vivamente, ao nível pessoal.
Tendo sido detido sem acusação ... por um período de mais de 5 anos,
vi outras pessoas que passam por processos semelhantes.
Chelsea Manning, supostamente a minha fonte, alegadamente analista dos serviços secretos.
Isto é, de facto, analista dos Serviços Secretos dos EUA.
Foi sentenciada a 35 anos de prisão numa cadeia militar. 
Esteve no Iraque, viu o que acontecia lá e era contra esse procedimento. 
Foi acusada disso mesmo.  
Mas deixem-me comparar a sua pena com outras. 
Desmascarámos uma série de assassinatos no Iraque,  
incluindo o caso dos soldados americanos que violaram uma menina de 14 anos,  
mataram-na, mataram toda a família e queimaram a casa deles.     
Alguns desses soldados foram declarados culpados pelo Exército americano.
Portanto, o Exército dos Estados Unidos não teve dúvidas de que eles tinham  cometido um crime.
Qual foi a sentença?  
A sentença foi de cerca de 10 anos.  
Um deles já foi posto em liberdade, após 5 anos. 
Agora comparem com os 35 anos por alegada divulgação de segredos de Estado.  


01:14:32,366 – Ivan Blo:
- O filósofo alemão, Kant, disse que
reconhecemos algo como sendo um valor moral, apenas
quando pode ser aplicado a cada um de nós, sem excepção.  
Se o valor não for universal, não é moral.
Muitos valores, que foram sempre uma norma, um preceito, desapareceram.   
Os estados de espírito mudaram, a moral também mudou.  


01:14:52,933 – Tawadros II:
- A crise da moral acontece em todo o mundo,    
não são  só os cristãos que a têm.  
Para educar uma pessoa normal, existem 5 requisitos, a saber:
a família, o lar, a escola, a igreja - para os cristãos - e os amigos.
E a quantidade de amor que uma criança deve obter dos seus pais.  


01:15:23,500 – Thomas Graham:
- Horror, catástrofes. Mas, faço uma pergunta, neste ponto: 
Há homens sábios, estadistas que compreendem claramente,  
que são capazes de estar de acordo, a fim de evitar tais catástrofes.  
Temos ou não temos de passar por essa fase   
de guerra? Isso depende da qualidade dos nossos líderes, da qualidade das nossas elites. 


01:16:10,766 – Vladimir Soloviev:
- Como é que isto aconteceu que, desde o momento das relações de amizade 
e confiança com Obama, agora atingiu um nível de que    
todo o país está à espera, sustendo a respiração, que você (Putin) termine as negociações bilaterais  
sem saber o que há -- guerra ou paz?  
Por que é que o mundo pareceu estar, de novo, à beira de uma instabilidade colossal 
quando tudo alcançou um certo ponto de equilíbrio?  



01:16:34,933 – Vladimir Putin:
As ambições de um país - os Estados Unidos da América.  
O crescimento sem precedentes desta seita apocalíptica, que é o Estado Islâmico
e a promessa dos enormes recursos de vários países, nessa região. 
Terceiro, a queda do conceito de moralidade. 
Incluindo a moralidade cristã.  
Toda a coluna vertebral em que assenta o mundo moderno, 
subitamente, desmoronou-se e os líderes revelaram um relacionamento insensível.  
Como encontrar a estabilidade neste mundo?
- Hoje, podemos ver o que temos. 
Mas gostaria de mencionar outra coisa. 
Queria dizer que penso que, a nova política de novos ricos, perdeu o sentido da... realidade.
Ainda não compreenderam que se iniciaram mudanças irreversíveis  
dentro do nosso mundo. 
E se agora todos estão atentos e dão uma saudação,   
não quer dizer que será desta maneira, para sempre.  
Porque, segundo a minha mentalidade, há alguns países e povos  
que nunca concordarão interiormente, com um papel secundário.        
Com o papel de um país ocupado ou o papel de vassalo.
Mais tarde ou mais cedo vai acabar, e penso que muito rapidamente. 
De maneira a prolongar a sua liderança, tanto quanto possível, 
não devemos humilhar ninguém.    
E muitos elementos da política externa dos nossos amigos para além do oceano, 
dizem respeito a impor a sua posição pelo uso da força.
Claro que isso é mau. 
Mas, por outro lado, não penso que 
estejamos à beira de um apocalipse, 
Porque, apesar de tudo, as pessoas são sensatas em toda a parte - na Europa, para além do oceano e na Ásia.
E logo que notem que há alguma falha,  
parece-me que deviam verificar a sua direcção,  
e começar a mudar...


Vladimir Soloviev: - E começam imediatamente a culpá-lo. 


187201:18:31,000 – Vladimir Putin:
- Em relação aos que me criticam,  
isto diz respeito não só aos líderes dos países estrangeiros... países afastados.
Por vezes, pode acontecer... em países próximos de nós. 
De qualquer maneira, por vezes oiço, digamos, uma crítica injusta em relação a mim. 

01:18:58,000 --Vladimir Soloviev: - É uma descortesia completa.

VladimirPutin: - E de alguns líderes de países próximos de nós.
Mas isto é só um espectáculo de cultura política ou da ausência da mesma.

Vladimir Soloviev: - Então, isso não o afecta emocionalmente? 

1886
01:19:11,366 -->Vladimir Putin:
 - Não me afecta. - As ruas de Leninegrado ensinaram-me.  
- Sabe, tenho o meu próprio estilo, a minha própria atitude em relação a estas coisas.
Penso que não tenho direito a isso. 
Tenho de trabalhar com todos, no interesse do meu estado.
  01:19:31,833 -- Sahra
- Necessitamos da cooperação com a Rússia a fim de manter a paz na Europa. 
E a paz na Europa é  possível apenas com a Rússia.

01:19:41,233 – Gentleman :
- Penso que hoje a cooperação da sociedade mundial com a Rússia é necessária. 
Temos de trabalhar em estreita colaboração para resolver a crise de identidade.
A crise do medo da Europa com o que está a acontecer no mundo.


01:20:12,700 – Vladimir Putin:
- Vamos fazer um minuto de silêncio em memória das vítimas.
- Não é a primeira vez que a Rússia enfrenta  crimes terroristas bárbaros.
 Muitas vezes internos e externos.
Tal como a explosão na estação de caminho de ferro de
Volgograd, no final de 2013.
Não esquecemos nada, nem ninguém.  
A matança dos nossos no Sinai está entre um dos crimes mais sangrentos, devido ao número de vítimas. 
E conservaremos as lágrimas... nas nossas almas e corações.  
Ficará connosco para sempre.  
Mas não nos impedirá... de encontrar os criminosos e puni-los.
Devemos fazê-lo sem um estatuto de limitações, 
temos de conhecê-los pelos nomes,  
iremos procurá-los em toda a parte,  
onde quer que se escondam, iremos encontrá-los  
em qualquer parte do mundo e vamos puni-los.


1932
01:22:05,933 – Vladimir Soloviev:
- Talvez o Estado Islâmico seja o verdadeiro mal absoluto para a vitória
pela qual o mundo terá de se unir, a fim de criar certas condições     
para fazer uma espécie de nova Yalta?    


01:22:19,733 – Vladimir Putin:
- A organização terrorista denominada Estado Islâmico é, de certeza,uma grande ameaça,  
não só para nós, mas para o próprio mundo islâmico.  
Quando iniciámos este debate,   
perguntou-me: Como é que os diversos países encaram esse assunto?  
E disse-lhe que mesmo aqueles países onde  
os cidadãos seguem a corrente sunita do Islão,  
mesmo eles têm medo. Porquê?  
Porque o denominado Estado Islãmico já lançou reivindicações sobre Meca e Medina.
Querem construir aí um enorme califado.
Isto é, são um perigo para muitos.  
Mas isto não é o ponto fucral à roda do qual tudo irá girar, 
tudo o que tem importância para o desenvolvimento futuro.  
A construção de relacionamentos na designada luta geopolítica  
é significativa para o desenvolvimento futuro.
A luta é inevitável. É normal.
Mas deve ser conduzida de acordo com regras civilizadas,
que devem ser, quero sublinhar de novo,   
civilizadas, compreensíveis, claras, igualmente compreendidas e controladas.


01:23:42,700 – Lord David Owen
- Os verdadeiros estadistas surgem sempre,
fazem tentativas continuamente,  
procuram a via para a paz. 
Não há sentido na espera, na raiva, nos contactos de ruptura.
A razão é mais do que humana.  
E mesmo mais do que um país. 
Os actores principais, os países-chave são mais importantes para a prosperidade e paz do mundo. 
Eles nem sequer precisam empurrar juntos, ou tornar-se amigos uns dos outros,
mas podem ter um diálogo. 


01:24:20,500 – Shimon Perez:
- Talvez não haja grandes líderes, 
porque o mundo não necessita deles.  
Porque um líder não é um grande fenómeno em si mesmo.
Quando surge um líder e afirma que é grande, que é forte,  
as pessoas dizem: A sério?  
Pode acabar com o terror? Não.
Pode acabar com as diferenças sociais? Não.
Então por que é que diz que é grande?
Se quer ser grande, não nos minta. 
Sirva-nos.
E então devia sentir-se como uma pessoa ao serviço dos outros, e não como um líder.
Então dar-lhe-emos uma oportunidade.

01:25:09,933 – Dominique Strauss-Khan
Se a maioria dos líderes políticos se concentrar no objectivo de tornar o mundo mais justo
iremos fazer progressos nesta questão.
Este é o meu optimismo.
Alguns chamar-lhe-ão ingenuidade. 


01:25:28,500 – Shimon Perez
Moisés conseguiu fazer algo único.  
Preferiu o dever moral a todas as maravilhas do mundo -
riquezas, beleza, poder.
Não é simples,
porque a moralidade não é uma senhora bonita.
E não pode alcançá-la.
O que pode fazer é tentar. 
Por isso, tem um objectivo perfeito, com um caminho muito complicado para chegar até ele.
Mas, tem as suas vantagens.  
Porque você nunca ficará satisfeito.
Tentará sempre alcançar o objectivo.
E se não o alcançar, a verdadeira tentativa de fazê-lo 
é moralidade.
Força-o a olhar o mundo de maneira diferente.



01:26:28,000 – Vladimir Soloviev:
Enquanto terminávamos o filme percebemos que tínhamos    
de encontrar, de novo, o Presidente da Rússia,  Vladimir Vladimirovich
Putin.
E embora tivessem passado apenas 2 meses entre os dois encontros  
ocorreram alguns acontecimentos trágicos, durante esses dois meses. 
Para falar com o Presidente, viemos à sua residência
na Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2015,  às  19:00h = 7:00PM.

01:26:55,633 – Vladimir Soloviev:
- Vladimir Vladimirovich,
nos seus discursos recentes
houve sinais de desapontamento pessoal. 
Foi sempre preciso,   
mas,  recentemente,está a chamar as coisas pelo que elas são,   
e há uma sensação de que as máscaras caíram.  
Os conceitos de honra, dignidade, condescendência com os acordos, 
ainda estão presentes, hoje em dia, na política mundial?  
Qual, de entre os líderes mundiais, é negociável?
Com quem podemos estabelecer relações duradouras? 
Se aqueles que ontem, pareciam ser, pelo menos, neutros 
tentassem desacreditar-nos hoje?  
Em particular, qual é o problema da Europa? Por que é que eles não podem alinhar as suas políticas 
segundo princípios razoáveis, claros, construtivos e compreensíveis? 


2090
01:27:44,433 – Vladimir Putin:
Sabe, princípios como a honra, a dignidade, o amor, a honestidade,    
seriam excelentes se fossem aplicados à política,    
mas, de facto, isso é o que, basicamente, devia sustentar as relações interpessoais  
tais como as que existem entre rapazes e raparigas, homens e mulheres, 
entre homens e entre mulheres.  
Nas relações entre os estados, acima de tudo, residem os seus interesses 
e saliento, de novo, para que esses interesses sejam equilibrados    
necessitamos de algumas regras comuns, compreendidas universalmente e aplicadas com transparência. 
Quanto à questão das pessoas com quem podemos ou não trabalhar,
penso que podemos trabalhar com todos,
e que devemos trabalhar com todos.      
Quer se goste ou não se  goste de alguém.   
Vamos trabalhar com todos.
Agora vamos abordar, como pediu, a questão do "problema da Europa."
A questão do "problema da Europa" é o fracasso em conseguir conduzir uma política estrangeira independente.   
Absolutamente.
De facto, a Europa desistiu dessa política. 
E isso transferiu parte da sua soberania,            
talvez a mais importante,    
para a Organização [Tratado do Atlântico Norte -OTAN/NATO].
De facto, é muito normal, que os participantes do bloco militar e político
desistam de alguma parte da sua soberania  
a favor de estruturas  supranacionais.
Mas, neste caso, a armadilha é que não enfrentamos uma estrutura supranacional.
De facto, a Europa desisitiu dessa parte da soberania, 
não a favor da NATO, mas do seu líder, os Estados Unidos.  
Recorde, regressamos repetidas vezes ao assunto do Iraque 
e à invasão militar efectuada pelos Estados Unidos.
Quer a Alemanha, chefiada pelo Chanceler Schroeder, quer a França, chefiada pelo Presidente Chirac,
insurgiram-se contra essa invasão.
Gostaria de salientar, mais uma vez: não fui eu que os persuadi.
Foram eles que me incentivaram a alinhar com eles.  
E quando a invasão dos Estados Unidos aconteceu,
Saddam Hussein foi eliminado
bem como o Iraque.
Recordem que lhes foi dito: "Vejam, estão errados." 
E foi-me dito: "Veja, somos os vencedores e você foi posto de parte."  
Mas se fizerem uma observação um passo adiante    
eles [Schroeder e Chirac]tiveram razão.
Chirac, que tinha um relacionamento chegado e credível com a parte sunita do Médio Oriente, 
já tinha previsto isso.   
A propósito, ele é um homem com um conhecimento enciclopédico.
Então Chirac já tinha visto, aonde isso nos iria conduzir.  
Agora vamos ver o que é que isso nos trouxe. 
Conduziu à destruição das instituições do Estado, nesses países do Médio Oriente.
Conduziu ao aparecimento do terrorismo
e Paris foi atacado.
Chirac pensou nesta situação e acertou,   
assim como Schroeder.
Consideramo-lo um amigo da Rússia, e assim é,  
mas Schroeder não é um político a favor da Rússia, ele é a favor da Alemanha.
De facto, é um Atlanticista.
Nas nossas conversações privadas falou-me sempre, directa e sinceramente,
sobre o papel que a NATO desempenha nas relações internacionais modernas. 
Não concordo com ele em muitos pontos, mas são as suas convicções. 
E ele não faria nada que prejudicasse os interesses nacionais do seu país. 
Pelo contrário, ele lutou sempre a favor desses interesses.   
Por exemplo:
a conduta da Nord Stream  (1)
Sabe, eu observei boquiaberto, a maneira como ele foi atacado quando iniciou o projecto.
Na verdade, esse projecto foi iniciado do lado alemão.   
Sim, apoiámos activamente, mas foi ele que lutou pela realização do mesmo.  
Agora todos dizem: foi muito bom que o tenhamos construído   
mas foi ele que o construiu! 
No entanto, agora dizem: vamos construir a conduta Nord Stream (2)
E agora todos compreendem que essa conduta é necessária para a Alemanha,  
que desistiu da energia nuclear e que, dificilmente, regressará a ela.  
Na Rússia há uma enorme quantidade dessa matéria prima, o gás natural.  
É ecologicamente seguro, é necessário [a favor da ecologia].
E estamos prontos para fornecê-lo.  
Por que motivo privar alguém dele? 
A propósito, além do mais, a Alemanha tornar-se-ia o centro dos oleodutos pan-europeus.
Mas isso é outro assunto. 
O problema é que...  
E não esperamos que os nossos parceiros europeus 
se livrem da sua orientação Euro Atlântica.
Mas penso que seria adequado para os nossos parceiros na Europa, 
enquanto mantém o Euro Atlanticismo, partilhar a tomada de decisões do seu Euro Atlanticismo.
E não obedecer, somente, às instruções   
cada vez que as recebem do Grande Lago [Atlântico].
Sim, todos vemos quais foram as consequências, quer para Schroeder, quer para Chirac.
Mas, entretanto,  cada um devia cuidar do seu bem estar como político   
ou dos interesses do seu Estado.    
Na minha opinião, os interesses dos países europeus...
Talvez esteja errado, então chame-me à razão...       
...são combinar os seus esforços     
na economia e na política, combater o terrorismo,  
os problemas do ambiente,   
combater o crime organizado,  
combinar esses esforços com a Rússia. 
Estamos preparados e abertos para tal cooperação e não vamos mostrar-nos chateados   
devido às sanções.       
Aguardamos.  


01:33:57,200 – Vladimir Soloviev:
- Mas não espera por todos?


01:33:59,000 – Vladimir Putin:
Sim, esperamos por todos.  


01:34:01,400 – Vladimir Soloviev:
- Mas a Turquia, cometeu actos inaceitáveis... 

2269
01:34:02,800 -- Vladimir Putin:
Primeiro de tudo, a Turquia não é a Europa.   
Em segundo lugar, tal como disse nos meus discursos anteriores e quero repetí-lo agora, 
consideramos os turcos um povo amigo,   
e em particular, não queremos que as nossas relações com o povo turco sejam deterioradas. 
Quanto à liderença turca actual, "o sol da manhã nunca dura todo o dia".    


01:34:27,600 – Vladimir Soloviev:
- Por um lado, a Europa, os Estados Unidos e a Rússia combatem juntos a ameaça terrorista,
por outro lado, as sanções foram prolongadas e foram mesmo adicionadas algumas novas  
E estes são os mesmos "parceiros" e isso espanta-me,  
na busca de proveitos políticos a curto-prazo, eles mudam princípios básicos  
de instituições aparentemente estáveis como o FMI - quero dizer, em relação à Ucrânia...
Comente este assunto, por favor...


01:35:00,866 – Vladimir Putin:
Quanto à Ucrânia e à área pós-Soviética, em geral,  
Estou certo que esta posição dos nossos parceiros europeus e americanos 
não está ligada à "defesa dos interesses da Ucrânia".    
Está ligada às tentativas de evitar uma resurreição da União Soviética. 
E ninguém quer acreditar que não temos como objectivo, restaurar a URSS. 
Mas mesmo uma  possibilidade hipotética de esforços combinados,
e devo frisar, acima de tudo, dentro dos processos modernos de integração económica  
que tornariam, indubitavelmente, a Ucrânia e a Rússia mais competitivas no mercado mundial,  
que poderiam deixar, quer a Rússia, quer a Ucrânia, obter mais pontos de vantagem na economia mundial, 
priva os nossos parceiros [ocidentais] de dormir
[somente essa possibilidade].
Penso que o seu objectivo principal é impedir tal união de esforços.  
Não é segredo que eles fizeram o seu melhor para impedir a zona económica unida 
entre a Rússia, o Casaquistão e a Bielorússia desde o início, 
para impedir a nossa União Aduaneira desde o seu nascimento. Até há pouco tempo, nem mesmo quiseram negociar com a 
União Económica Euroasiática, na qualidade de entidade plenipotenciária, apta a lidar com as relações internacionais. 
Por alguma razão, foi permitido criar a União Europeia, mas não a União Euroasiática. 
Parece-me que, lentamente, os nossos parceiros compreendem que esta posição é agressiva.  
Agora, falemos sobre a Ucrânia. 
Porque motivo eles apoiaram o golpe de estado?
Já falei sobre este assunto muitas vezes. 
Penso que hoje, muitos dos nossos parceiros vêem que cometeram um erro. 
Apenas, não querem admiti-lo.  
Tiraram vantagem do descontentamento popular contra o sistema político que se desenvolveu na Ucrânia.
A propósito, não só sob Yanukovich,
mas desde o preciso momento em que atingiram a independência. 
A corrupção, a baixa qualidade da aplicação da lei de ambos os sistemas judiciais, 
tudo muito pior do que no nosso país.  
Temos muitos problemas aí e ainda há mais. 
A arrogância burocrática. Não podemos imaginar quanta 
estava lá a provocar as pessoas.  
Claro que foi fácil, tirar partido desse descontentamento. 
Mas não se pode fazer com que vivam melhor, através de um golpe de estado.
Será que realmente está melhor agora?  
O poder permanece na mão dos oligarcas, o país está sob controlo do exterior.
Levaram para lá todos os executivos-chave dos países vizinhos. 
E do lado de lá do oceano, 
os níveis de vida das pessoas estão a deteriorar-se drasticamente, 
o Produto Interno Bruto encolheu muito. 
Debatemos que o nosso PIB encolheu um pouco,
mas o da Ucrânia diminuiu numa ordem de grandeza maior do que o nosso.  
O desmantelamento completo da indústria da Ucrânia está a acontecer,
Mas o que é que fazem os ucrânianos em troca? 
Talvez lhes dêem um visto para viajar livremente pela Europa.
Talvez dêem, talvez não. 
Mas não é mesmo um direito para trabalhar na Europa! Não é mesmo um visto de trabalho,
Mesmo que seja um visto de trabalho, onde é que esperam trabalhar?  
Como enfermeiras, jardineiros, trabalhadores da construção civil?Como uns simplórios obedientes?
Será esse o destino e o futuro dessa bela nação que é a Ucrânia, que são os ucranianos?
Claro que não!
A Ucrânia tem todas as oportuniddes para se tornar num país altamente industrializado,
com um nível de desenvolvimento moderno de indústrias de tecnologia avançada,
indústria de foguetões  e de aviação espacial,
construção naval e micro electrónica com a correspondente ciência e educação.
Onde está tudo isso agora?  
A degradar-se...
Mas ninguém quer sustentar a manutenção da Ucrânia. 
O que é isto? Eles dão 1 ou dois biliões de dólares
ou dão algumas garantias.    
Além do mais, querem empurrar esse encargo financeiro para a Rússia.   
E não querem pagar empréstimos, 
embora oferecêssemos, em minha opinião, condições muito boas e confortáveis, 
Nós dissemos: Vamos dividir os riscos.  
Estamos prontos para reestruturar os pagamentos da dívida da Ucrânia,
prolongar por um período de 4 anos, e não levar nada durante o primeiro ano. 
E depois, um bilião por ano.
Então o que é que está errado nesta operação?  
Eles nem sequer querem dividir esse risco connosco, 
o que significa que eles não acreditam na capacidade de pagamento/solvência da Ucrânia,
ou na estabilização da sua economia. 
É um péssimo sinal. 
No entanto, mudam as regras do FMI, apesar do facto de   
não só os Estados Unidos financiarem o FMI (Fundo Monetário Internacional),
mas também outros participantes dessa instituição internacional. 
Vemos, de novo, que eles colocam um fardo financeiro dos seus próprios erros políticos nos ombros da
totalidade da comunidade financeira internacional, 
não querem carregá-lo nos seus ombros.  
Ainda mais, parece-me que a comprensão da necessidade de trabalhar dentro de um quadro de regras civilizadas,
e de não as negligenciar...  
Esta percepção devia chegar, talvez já esteja a chegar.   
Agora vamos  para o Acordo de Minsk,   
sobre o qual escutamos e falamos tanto  
e que diz respeito ao prolongamento das restrições do Ocidente, impostas à Rússia.
Escutem, somos nós que devemos legalizar as mudanças constitucionais ucranianas?
Claro que não.
Eles sabem-no muito bem,   
mas acreditam que se aplicarem pressão sobre a Rússia, a Rússia podia dar um passo atrás noutras áreas.
Não é da nossa conta dar um passo atrás ou insistir em algo, aí.
A nossa única questão é que não podemos deixar as pessoas que vivem no Sudeste da Ucrânia, 
à mercê dos nacionalistas.  
Estas pessoas não são apenas russos, mas pessoas que falam russo, orientadas em direcção à Rússia.
Nesta posição não há nada de excessivo.


01:41:10,500 – Vladimir Soloviev:
-  Como notámos, a comissão ucraniana sobre as reformas apenas discute em russo, 
e o presidente ucraniano tenta apartá-los em russo... 

01:41:21,133 --> Vladimir Putin:
Bem, as suas discussões em russo devem ser melhores do que nas línguas da Geórgia ou da Ossétia,
mas isto é ridículo e uma espécie de tragicomédia,
quando vemos representantes do Cáucaso  
apresentarem-se como melhores defensores dos interesses dos povos ucranianos do que os ucranianos locais, 
como se soubessem melhor o que os ucranianos necessitam, 
tendo chegado da Geórgia ou sendo, como se poderia dizer,    
uma segunda geração de imigrantes da Arménia, ou talvez da Ossétia. 
Os caucasianos sabem melhor o que é que os ucrânianos necessitam? 
É rizível!
"Seria rizível se não fosse tão triste".


01:42:09,100 – Vladimir Soloviev:
- A soberania é um um problema primordial, hoje em dia,   
cada vez que falamos sobre a Nova Ordem Mundial  o problema das soberanias dos países
 é um ponto-chave. 
Quando está presente, pode fazer negociações com eles.
Mas, ainda assim, existem princípios básicos? Ou tudo poderá ser vendido e traído?
Por uma questão de interesses a curto prazo?
E você fala sempre de interesses,
mas muitas vezes age de maneira diferente. 
Além dos interesses, você mantém sempre a sua palavra,
e mesmo nos momentos difíceis, não trai essa lógica. 
Por exemplo, na sua conferência de imprensa, falou sobre os problemas com a Turquia,  
mas não divulgou o que foi dito, não é verdade?  


01:42:53,000 – Vladimir Putin:
Muito obrigado pelo seu cumprimento, 
De facto, tento evitar infrigir as minhas obrigações, 
evito transgredir as obrigações que formulamos como compromissos do nosso país, 
mas sabe que isso não é baseado apenas em princípios morais, mas bastante, em pragmatismo/objectividade.
É mais fácil trabalhar desta maneira. 
E, digamos, no contexto da crise Síria. 
É fácil para nós trabalhar com o Presidente Assad, como também com o lado americano,
Debatemo-lo recentemente com o Presidente Obama, 
e com os nossos amigos da Arábia Saudita,
e de outros países árabes.   
Por que é que é fácil?  
Não abanamos a cauda e mudamos de posição.  
Escutamos, pacientemente, cada um deles antes de formular a nossa posição.
E escolhemos a linha, tal como vemos  
que é aceitável para todos. E não é o que, precisamente, nos parece.     
Primeiro, inteiramo-nos dos pontos de vista dos outros,   
perguntamos aos outros se concordam ou não. 
Em princípio, todos disseram que sim, sim, sim, nos parâmetros chave do acordo.
Mas se sim, então formulamos a nossa posição baseada em componentes que são comuns
e aceitáveis por todos.  
E não necessitamos saltar de lado para lado,   
como fazem as pulgas (perdoe-me),
porque já não há essa necessidade.   
A posição é formulada na base das nossas conversações   
e isso reforça a nossa posição.  
E a nossa posição não é apenas de abertura, mas também de credibilidade  
pode dizer-se sem hesitação, a sua justiça, é o que lhe dá força.  
Sobre os princípios que você perguntou, se estão lá ou não.  
Não há outros princípios a não ser os da lei internacional,   
que são baseados na Carta das Nações Unidas.  
Claro que o mundo está a mudar. Quer a Carta das Nações Unidas, quer a Ordem Mundial,  
que ainda estão em vigor, foram estabelecidas no fim da Segunda Guerra Mundial. 
Agora, é óbvio que o equilíbrio do poder mudou
e devemos ter isso em conta, indubitavelmente.   
É verdade.
Voltemos à República Federal da Alemanha. 
Todas as gerações de alemães não podem sentir-se oprimidas
pelo que foi feito pelos Nazis.   
Houve alemães que lutaram contra o Nazismo, que caíram como primeiras vítimas, ao combater o Nazismo.    
Eram cristãos, comunistas e de várias outras facções sociais,
o movimento anti-fascista espalhou-se largamente.   
Também devemos pensar neste assunto.
Creio que tenho o direito de dizê-lo.  
Não apenas como Chefe do Estado russo, mas como membro de uma família  
em que há bastantes mortos e deficientes da guerra. 
Quer do lado da minha Mãe quer do meu Pai, houve mais familiares que morreram do que sobreviveram,  
depois da Segunda Guerra Mundial. 
Mas para mudar a situação internacional, a fim de haver mais estabilidade no mundo moderno,   
devemos ter em conta o papel da Alemanha moderna     
que podia e devia agir nos assuntos internacionais. 
Devíamos ter tudo isto em mente e desenvolver as relações internacionais   
de modo a atingir mais estabilidade.     


01:46:41,300 – Vladimir Soloviev:
- Quando houve um ataque terrorista no Sinai, e a nossa gente morreu na Síria, 
você teve uma reacção muito emotiva, foi notado que o considerou
como uma tragédia pessoal.  
E depois, quando aconteceu o ataque terrorista em Paris, foi um dos primeiros a telefonar a Holland.
Até que ponto as emoções afectam a tomada de decisões? 
Quanto é que essa dor o afecta, na determinação da política russa?


01:47:13,900 – Vladimir Putin:
As emoções são inevitáveis, mas não devem afectar   
a qualidade da tomada de decisões.
Porque estas decisões afectam os interesses de milhões de pessoas. 
Milhões de cidadãos russos.   
Cada decisão deve ser ajustada do ponto de vista de hoje   
e deve ter um impacto positivo a médio e longo prazo.   


01:47:49,333 – Vladimir Soloviev:
- Vladimir Vladimirovich,
haverá guerra?


01:47:54,766 – Vladimir Putin:
Quer dizer uma guerra global?  
Temos esperança que não.
De qualquer modo, no actual contexto internacional, seria uma catástrofe planetária.       
Creio que não haverá uma pessoa tão louca na Terra   
que se atrevesse a usar armas nucleares, 
Mas a Rússia, como uma potência nuclear líder, irá melhorar este tipo de armas como acção de dissuasão.
A tríade nuclear é a base da nossa política de segurança.  
Mas nunca brandimos nem agitaremos este taco (de golfe) nuclear.  
Mas, na nossa doutrina militar,    
este taco tem um lugar próprio e um papel adequado.  


01:48:55,833 --> Vladimir Soloviev:
- Obrigado, Vladimir Vladimirovich.


Tradução de russo para inglês: Vox Populi Evo https://www.youtube.com/user/VoxPopuliEvo

Tradução de inglês para português: Maria Luísa de Vasconcellos

Email: luisavasconcellos2012@gmail.com

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