V. Soloviev entrevista Vladimir Putin -- A NOVA ORDEM MUNDIAL -- A DERROCADA DO SISTEMA DE YALTA - Parte III
Parte I
Parte II
PARTE III
01:00:00,966
– Julian Assange:
-
Precisamente agora, os EUA estão a participar num projecto
que pode
não ser tão robusto como a criação das Nações Unidas,
mas que
tem ambições semelhantes.
É mais
importante do que a criação da União Europeia.
Trata-se
do acordo T3.
Este
acordo abrange mais de 1,5 bilões de pessoas.
e 2/3 do
Produto Interno Bruto mundial.
- Os
Estados Unidos criaram um novo bloco de comércio gigantesco - a Trans-
Pacific
Partnership,
tendo
convidado metade dos países do APEC = Cooperação Económica Asia-Pacífico.
mas
deixando de fora a China e a Rússia.
- As
principais empresas americanas esperaram por isto, ansiosamente, este tempo
todo, durante muitos anos.
As
empresas americanas estão a esconder-se por trás da segurança nacional.
Por
outras as palavras, o perigo está na China.
Dizem que
a China vai integrar a Eurásia ... para criar a nova Rota da Seda.
E é por
esse motivo, que os EUA devem integrar todos os países possíveis,
e criar
uma super União legítima e comercial.
Uma união
maior do que a União Europeia.
Logo que
seja feito, as empresas americanas seriam capazes de ser integradas facilmente,
em todos estes países.
01:01:23,300
– Vladimir Soloviev:
- Uma
chamada telefónica do Departamento de Estado, dos EUA, é muito mais importante
do que qualquer outra decisão.
Isto é, o
mundo é governado pelas empresas?
- O mundo
é governado por leis objectivas de desenvolvimento económico.
Sim,
certamente: empresas - internacionais, multinacionais, sem fronteiras -
devem
funcionar de modo a aumentar a qualidade da produção,
o volume
da produção e a capacidade de trabalho,
para
alcançar um resultado melhor, um resultado excelente.
Não
necessitam ter fronteiras, mas o próprio GATT,
o General
Agreement on Tariffs and Trade, foi criado precisamente com este fim.
E depois
criaram a Organização Mundial do Comércio (WTO) que, de facto, dissolveu toda a
espécie de fronteiras.
Mas agora
existem realidades diferentes.
Apareceram
novos actores, cessaram de ter medo.
Como
gracejamos quando dizemos: "Assustados, apavorados, em pânico."
E
começaram a exigir o seguimento rigoroso dos seus direitos,
considerados
legítimos, de acordo com os termos da WTO, que aceitou cada um deles.
E quando
uma das rodadas das negociações (em Doha) chegou a um ponto morto,
e durante
anos você não pôde avançar,
porque os
países em desenvolvimento começaram a exigir
o seu
lugar ao sol, que consideravam legítimos e em termos de regras e procedimentos
da WTO,
é
evidente que surgiu uma ideia: porque é que devemos empurrá-los?
Concordaremos
com as novas regras, que dizem respeito apenas a nós,
porque
somos as economias mais importantes do mundo,
e mais
cedo ou mais tarde, serão forçados a trabalhar, de novo, de acordo com essas
regras
que
iremos fazer, a respeito de outras organizações.
01:03:18,433
– Shimon Perez
- O mundo
está a avançar.
Vamos
recordar o mundo de há 70 ou 50 anos.
Tomemos
como exemplo, a China.
Era um
país pobre e dividido.
Foram
salvos, não devido ao rublo russo ou ao dólar americano.
Foram
salvos por duas revoluções:
uma, sob
a liderança de Mao Tse Tung,
que
forçou o povo a trabalhar, unindo-o,
e outra,
sobre a liderança de Deng Xiaoping, que disse:
"Excelente,
vocês conseguiram!
Agora,
vamos abrir-nos para o mundo e ver o que vai acontecer."
-
Aconteceu o mesmo com a Índia.
Temos
outra vez, revoluções. Gandi disse:
"Não
posso livrar-vos da pobreza, mas posso salvar-vos da pobreza espiritual.
Posso
salvar-vos apenas a nível espiritual."
A segunda
revolução foi sob a liderança de Nehru.
Ele
disse: "Se cuidam da vossa alma, não significa que não devam cuidar do
vosso pequeno almoço."
Comparem
esta posição com o que era há 40 ou 50 anos.
Mudanças
significativas!
01:04:44,233
– Pervez Musharraf
- Devemos
ver uma mudança de estratégia no mundo.
- Antes,
a política concentrava-se na Europa
e era
Eurocêntrica, isto é,
a Europa
e a NATO em oposição ao Pacto de Varsóvia, e assim por diante.
Agora, o
foco de atenção está aqui, na Ásia Central e do Sul,
nos
países do Golfo Pérsico e do Irão.
Presentemente,
o foco geocêntrico está nesta região.
01:05:14,633
– Sergey Lavrov:
- Não há
o triunfo de um sistema e de um modelo, na ordem mundial.
A unidade
na diversidade garante a estabilidade do desenvolvimento do mundo.
Quaisquer
tentativas para estabelecer o mundo numa base única, são obra do diabo.
01:05:49,033
-- Marek Halter, escritor, activista de direitos humanos, em França:
- Os
jovens estavam sentados, à noite, nos terraços dos cafés.
Tomavam
bebidas, como habitualmente.
Os
rapazes namoriscavam as raparigas. Agora estão mortos.
Todos os
franceses compreenderam que podiam ter estado no lugar das vítimas.
Qualquer
um deles podia ter morrido.
Não era
necessário fazer nada para ser sentenciado à morte.
Por essa
razão é que estavam todos chocados.
Houve uma
forte solidariedade.
Solidariedade
e medo.
Como é
que oito terroristas fazem 67 milhões de pessoas tremer de medo?!
-
Gostaria de dizer o seguinte:
01:07:16,666
– Vladimir Putin:
Há 50
anos, aprendi uma excelente lição nas ruas de Leningrado:
Se a luta
for inevitável, és tu que tens de atacar primeiro!
01:07:49,466
– Vladimir Soloyev:
-
Vladimir Vladimirovich, de facto, são momentos críticos.
Efectivamente,
existem bandos indisciplinados, nas nossas fronteiras.
Os
Taliban foram parcialmente recrutados pelo Estado Islâmico.
(Vladimir
Putin)- Não é a primeira vez!
- Não é a
primeira vez, mas conseguimos sempre ultrapassar os momentos críticos da
História,
fundamentados
num estado forte pela sua espiritualidade.
Confiávamos
que estávamos no lado certo.
Este
critério de justiça ainda existe no mundo?
É
importante? A moral tem importância?
Alexander
I [o Czar] tentou unir a Europa, baseado nos valores cristãos.
Infelizmente,
falhou.
01:08:32,066
– Vladimir Putin:
- Penso
que ninguém deve impôr valores a ninguém. Nunca!
Mesmo que
pensem que esses valores são verdadeiros.
Nós temos
os nossos valores, as nossas ideias sobre a justiça.
Não vou
enumerá-las agora, é uma tarefa ingrata.
Os
especialistas são sempre capazes de encontrar algo para me difamar.
De um
modo geral, compreendem o que eu digo.
Isto diz
respeito aos nossos valores tradicionais, à maior parte deles,
à nossa
História, cultura e tradições
e a todas
as coisas importantes.
Mas é
errado impô-las a quem quer que seja!
Por
exemplo, como a União Soviética tentou impôr os valores comunistas pelo uso da
força.
Penso - e
tenho a certeza que muitos concordam comigo,
os
valores comunistas não interessavam; foi o interesse geopolítico da União
Soviética que lhes importou,
isto é, a
Rússia, que era a União Soviética.
Tudo isto
estava envolto numa forma ideológia.
01:09:37,800
–Vladimir Soloviev:
- Ao
princípio, os nossos valores foram, de facto, aqueles que a União Soviética
propôs, de uma nova ordem mundial justa.
01:09:44,000
– Vladimir Putin:
- O que
disse está correcto, a Rússia Soviética.
Estava
correcto depois de 1917. - Claro.
- Depois
da Primeira Guerra Mundial. Então estava muito na moda
entre os
intelectuais democratas do mundo, em geral -
nos EUA,
na Europa e em toda a parte.
A Rússia
Soviética era um estado moderno,
com
ideias novas e atraentes.
Recordando
a minha actividade anterior -
lembro-me
muito bem das primeiras declarações
dos
analistas que estudaram a actividade dos serviços secretos soviéticos -
-Recuando
ao Departamento dos Negócios Estrangeiros. - Sim, nessa época.
Um
punhado de funcionários excepcionais, dos Serviços Secretos soviéticos,
o célebre
anel de Espionagem de Cambridge, Sorge, etc.
Um
analista disse:
Essas pessoas
serviram com devoção, trabalhando para a sua pátria utópica.
Mais
tarde, tudo isto começou a desgastar.
perdendo
a atracção e a perspectiva.
01:10:55,400
– Vladimir Soloviev:
- E
agora? A Rússia diz que os valores tradicionais
estão destinados a um fracasso colossal, que há uma crise destes valores
tradicionais.
01:11:03,700
– Vladimir Putin:
- Bem,
sim. Mas posso assegurar, que há muitos países e povos no mundo
que estão
completamente do nosso lado e partilham o nosso ponto de vista.
Mesmo
quando escutamos críticas dos líderes de alguns países,
não
significa que os cidadãos desses países apoiem os seus líderes,
criticando-nos.
Muito pelo contrário!
Atrevo-me a dizer, muitos dos cidadãos dos países cujos líderes nos criticam,
muitos
deles apoiam-nos!
01:11:44,966
– Thomas Graham:
-
Ponderar o que é o ser humano, é um processo complicado.
Quais são
as regras de uma sociedade justa?
01:11:59,633
– Ban Ki-Moon:
- Muitos
povos ainda vivem na pobreza.
Muitos
morrem de doenças que podem ser curadas.
Muitos
vivem oprimidos.
01:12:09,633
– Pervez Musharraf:
- Há uma
quantidade enorme de desigualdade em todo o mundo,
como
também em certos países, entre os ricos e os pobres.
Devido à
desigualdade económica, o nosso conhecimento sobre prosperidade
afogar-se-á
no oceano da pobreza.
01:12:33,100
– Emir Kusturika:
- Há um
triângulo neste mundo:
guerra -
capital - lucro.
E a
sociedade justa está reservada às pessoas com dinheiro.
São
capazes de comprar a justiça, mulheres, casas, aviões;
reunir à
sua volta apenas os que dizem o que eles querem ouvir,
e eles
têm a sensação de que essa sociedade é justa.
01:13:01,266
– Julian Assange:
-
Liberdade e justiça significam para mim, obviamente, que é algo que sinto
vivamente, ao nível pessoal.
Tendo
sido detido sem acusação ... por um período de mais de 5 anos,
vi outras
pessoas que passam por processos semelhantes.
Chelsea
Manning, supostamente a minha fonte, alegadamente analista dos serviços
secretos.
Isto é,
de facto, analista dos Serviços Secretos dos EUA.
Foi
sentenciada a 35 anos de prisão numa cadeia militar.
Esteve no
Iraque, viu o que acontecia lá e era contra esse procedimento.
Foi
acusada disso mesmo.
Mas
deixem-me comparar a sua pena com outras.
Desmascarámos
uma série de assassinatos no Iraque,
incluindo
o caso dos soldados americanos que violaram uma menina de 14 anos,
mataram-na,
mataram toda a família e queimaram a casa deles.
Alguns
desses soldados foram declarados culpados pelo Exército americano.
Portanto,
o Exército dos Estados Unidos não teve dúvidas de que eles tinham cometido um crime.
Qual foi
a sentença?
A
sentença foi de cerca de 10 anos.
Um deles
já foi posto em liberdade, após 5 anos.
Agora
comparem com os 35 anos por alegada divulgação de segredos de Estado.
01:14:32,366
– Ivan Blo:
- O
filósofo alemão, Kant, disse que
reconhecemos
algo como sendo um valor moral, apenas
quando
pode ser aplicado a cada um de nós, sem excepção.
Se o
valor não for universal, não é moral.
Muitos valores, que foram sempre uma norma, um preceito, desapareceram.
Os estados
de espírito mudaram, a moral também mudou.
01:14:52,933
– Tawadros II:
- A crise
da moral acontece em todo o mundo,
não
são só os cristãos que a têm.
Para
educar uma pessoa normal, existem 5 requisitos, a saber:
a
família, o lar, a escola, a igreja - para os cristãos - e os amigos.
E a
quantidade de amor que uma criança deve obter dos seus pais.
01:15:23,500
– Thomas Graham:
- Horror,
catástrofes. Mas, faço uma pergunta, neste ponto:
Há homens
sábios, estadistas que compreendem claramente,
que são
capazes de estar de acordo, a fim de evitar tais catástrofes.
Temos
ou não temos de passar por essa fase
de
guerra? Isso depende da qualidade dos nossos líderes, da qualidade das nossas
elites.
01:16:10,766
– Vladimir Soloviev:
- Como é
que isto aconteceu que, desde o momento das relações de amizade
e
confiança com Obama, agora atingiu um nível de que
todo o
país está à espera, sustendo a respiração, que você (Putin) termine as
negociações bilaterais
sem saber
o que há -- guerra ou paz?
Por que é
que o mundo pareceu estar, de novo, à beira de uma instabilidade colossal
quando
tudo alcançou um certo ponto de equilíbrio?
01:16:34,933
– Vladimir Putin:
As
ambições de um país - os Estados Unidos da América.
O
crescimento sem precedentes desta seita apocalíptica, que é o Estado Islâmico
e a
promessa dos enormes recursos de vários países, nessa região.
Terceiro,
a queda do conceito de moralidade.
Incluindo
a moralidade cristã.
Toda a
coluna vertebral em que assenta o mundo moderno,
subitamente,
desmoronou-se e os líderes revelaram um relacionamento insensível.
Como
encontrar a estabilidade neste mundo?
- Hoje,
podemos ver o que temos.
Mas
gostaria de mencionar outra coisa.
Queria
dizer que penso que, a nova política de novos ricos, perdeu o sentido da...
realidade.
Ainda não
compreenderam que se iniciaram mudanças irreversíveis
dentro do
nosso mundo.
E se
agora todos estão atentos e dão uma saudação,
não quer
dizer que será desta maneira, para sempre.
Porque,
segundo a minha mentalidade, há alguns países e povos
que nunca
concordarão interiormente, com um papel secundário.
Com o
papel de um país ocupado ou o papel de vassalo.
Mais
tarde ou mais cedo vai acabar, e penso que muito rapidamente.
De
maneira a prolongar a sua liderança, tanto quanto possível,
não
devemos humilhar ninguém.
E muitos
elementos da política externa dos nossos amigos para além do oceano,
dizem
respeito a impor a sua posição pelo uso da força.
Claro que
isso é mau.
Mas, por
outro lado, não penso que
estejamos
à beira de um apocalipse,
Porque,
apesar de tudo, as pessoas são sensatas em toda a parte - na Europa, para além
do oceano e na Ásia.
E logo
que notem que há alguma falha,
parece-me
que deviam verificar a sua direcção,
e começar
a mudar...
Vladimir
Soloviev: - E começam imediatamente a culpá-lo.
187201:18:31,000
– Vladimir Putin:
- Em
relação aos que me criticam,
isto diz
respeito não só aos líderes dos países estrangeiros... países afastados.
Por
vezes, pode acontecer... em países próximos de nós.
De
qualquer maneira, por vezes oiço, digamos, uma crítica injusta em relação a
mim.
01:18:58,000
--Vladimir Soloviev: - É uma descortesia completa.
VladimirPutin: - E de alguns líderes de países próximos
de nós.
Mas isto
é só um espectáculo de cultura política ou da ausência da mesma.
Vladimir
Soloviev: - Então, isso não o afecta emocionalmente?
1886
01:19:11,366
-->Vladimir Putin:
- Não me afecta. - As ruas de Leninegrado
ensinaram-me.
- Sabe,
tenho o meu próprio estilo, a minha própria atitude em relação a estas coisas.
Penso que
não tenho direito a isso.
Tenho de
trabalhar com todos, no interesse do meu estado.
01:19:31,833 -- Sahra
- Necessitamos
da cooperação com a Rússia a fim de manter a paz na Europa.
E a paz
na Europa é possível apenas com a
Rússia.
01:19:41,233
– Gentleman :
- Penso
que hoje a cooperação da sociedade mundial com a Rússia é necessária.
Temos de
trabalhar em estreita colaboração para resolver a crise de identidade.
A crise
do medo da Europa com o que está a acontecer no mundo.
01:20:12,700
– Vladimir Putin:
- Vamos
fazer um minuto de silêncio em memória das vítimas.
- Não é a
primeira vez que a Rússia enfrenta crimes terroristas bárbaros.
Muitas
vezes internos e externos.
Tal como
a explosão na estação de caminho de ferro de
Volgograd,
no final de 2013.
Não
esquecemos nada, nem ninguém.
A matança
dos nossos no Sinai está entre um dos crimes mais sangrentos, devido ao número
de vítimas.
E
conservaremos as lágrimas... nas nossas almas e corações.
Ficará
connosco para sempre.
Mas não
nos impedirá... de encontrar os criminosos e puni-los.
Devemos
fazê-lo sem um estatuto de limitações,
temos de
conhecê-los pelos nomes,
iremos
procurá-los em toda a parte,
onde quer
que se escondam, iremos encontrá-los
em
qualquer parte do mundo e vamos puni-los.
1932
01:22:05,933
– Vladimir Soloviev:
- Talvez
o Estado Islâmico seja o verdadeiro mal absoluto para a vitória
pela qual
o mundo terá de se unir, a fim de criar certas condições
para
fazer uma espécie de nova Yalta?
01:22:19,733
– Vladimir Putin:
- A
organização terrorista denominada Estado Islâmico é, de certeza,uma grande
ameaça,
não só
para nós, mas para o próprio mundo islâmico.
Quando
iniciámos este debate,
perguntou-me:
Como é que os diversos países encaram esse assunto?
E
disse-lhe que mesmo aqueles países onde
os
cidadãos seguem a corrente sunita do Islão,
mesmo
eles têm medo. Porquê?
Porque o
denominado Estado Islãmico já lançou reivindicações sobre Meca e Medina.
Querem
construir aí um enorme califado.
Isto é,
são um perigo para muitos.
Mas isto
não é o ponto fucral à roda do qual tudo irá girar,
tudo o
que tem importância para o desenvolvimento futuro.
A
construção de relacionamentos na designada luta geopolítica
é
significativa para o desenvolvimento futuro.
A luta é
inevitável. É normal.
Mas deve
ser conduzida de acordo com regras civilizadas,
que devem
ser, quero sublinhar de novo,
civilizadas,
compreensíveis, claras, igualmente compreendidas e controladas.
01:23:42,700
– Lord David Owen
- Os
verdadeiros estadistas surgem sempre,
fazem
tentativas continuamente,
procuram
a via para a paz.
Não há
sentido na espera, na raiva, nos contactos de ruptura.
A razão é
mais do que humana.
E mesmo
mais do que um país.
Os
actores principais, os países-chave são mais importantes para a prosperidade e
paz do mundo.
Eles nem
sequer precisam empurrar juntos, ou tornar-se amigos uns dos outros,
mas podem
ter um diálogo.
01:24:20,500
– Shimon Perez:
- Talvez
não haja grandes líderes,
porque o
mundo não necessita deles.
Porque um
líder não é um grande fenómeno em si mesmo.
Quando
surge um líder e afirma que é grande, que é forte,
as pessoas
dizem: A sério?
Pode
acabar com o terror? Não.
Pode
acabar com as diferenças sociais? Não.
Então por
que é que diz que é grande?
Se quer
ser grande, não nos minta.
Sirva-nos.
E então
devia sentir-se como uma pessoa ao serviço dos outros, e não como um líder.
Então
dar-lhe-emos uma oportunidade.
01:25:09,933
– Dominique Strauss-Khan
Se a
maioria dos líderes políticos se concentrar no objectivo de tornar o mundo mais
justo
iremos
fazer progressos nesta questão.
Este é o
meu optimismo.
Alguns
chamar-lhe-ão ingenuidade.
01:25:28,500
– Shimon Perez
Moisés
conseguiu fazer algo único.
Preferiu
o dever moral a todas as maravilhas do mundo -
riquezas,
beleza, poder.
Não é
simples,
porque a
moralidade não é uma senhora bonita.
E não
pode alcançá-la.
O que
pode fazer é tentar.
Por isso,
tem um objectivo perfeito, com um caminho muito complicado para chegar até ele.
Mas, tem
as suas vantagens.
Porque
você nunca ficará satisfeito.
Tentará
sempre alcançar o objectivo.
E se não
o alcançar, a verdadeira tentativa de fazê-lo
é
moralidade.
Força-o a
olhar o mundo de maneira diferente.
01:26:28,000
– Vladimir Soloviev:
Enquanto
terminávamos o filme percebemos que tínhamos
de
encontrar, de novo, o Presidente da Rússia,
Vladimir Vladimirovich
Putin.
E embora
tivessem passado apenas 2 meses entre os dois encontros
ocorreram
alguns acontecimentos trágicos, durante esses dois meses.
Para
falar com o Presidente, viemos à sua residência
na
Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2015,
às 19:00h = 7:00PM.
01:26:55,633
– Vladimir Soloviev:
-
Vladimir Vladimirovich,
nos seus
discursos recentes
houve
sinais de desapontamento pessoal.
Foi
sempre preciso,
mas, recentemente,está a chamar as coisas pelo que
elas são,
e há uma
sensação de que as máscaras caíram.
Os
conceitos de honra, dignidade, condescendência com os acordos,
ainda
estão presentes, hoje em dia, na política mundial?
Qual, de entre os líderes mundiais, é negociável?
Com quem
podemos estabelecer relações duradouras?
Se
aqueles que ontem, pareciam ser, pelo menos, neutros
tentassem
desacreditar-nos hoje?
Em
particular, qual é o problema da Europa? Por que é que eles não podem alinhar
as suas políticas
segundo
princípios razoáveis, claros, construtivos e compreensíveis?
2090
01:27:44,433
– Vladimir Putin:
Sabe,
princípios como a honra, a dignidade, o amor, a honestidade,
seriam
excelentes se fossem aplicados à política,
mas, de
facto, isso é o que, basicamente, devia sustentar as relações
interpessoais
tais como
as que existem entre rapazes e raparigas, homens e mulheres,
entre
homens e entre mulheres.
Nas
relações entre os estados, acima de tudo, residem os seus interesses
e
saliento, de novo, para que esses interesses sejam equilibrados
necessitamos
de algumas regras comuns, compreendidas universalmente e aplicadas com
transparência.
Quanto à
questão das pessoas com quem podemos ou não trabalhar,
penso que
podemos trabalhar com todos,
e que
devemos trabalhar com todos.
Quer se
goste ou não se goste de alguém.
Vamos
trabalhar com todos.
Agora
vamos abordar, como pediu, a questão do "problema da Europa."
A questão
do "problema da Europa" é o fracasso em conseguir conduzir uma
política estrangeira independente.
Absolutamente.
De facto,
a Europa desistiu dessa política.
E isso
transferiu parte da sua soberania,
talvez a
mais importante,
para a
Organização [Tratado do Atlântico Norte -OTAN/NATO].
De facto,
é muito normal, que os participantes do bloco militar e político
desistam de alguma parte da sua soberania
a favor
de estruturas supranacionais.
Mas,
neste caso, a armadilha é que não enfrentamos uma estrutura supranacional.
De facto,
a Europa desisitiu dessa parte da soberania,
não a
favor da NATO, mas do seu líder, os Estados Unidos.
Recorde,
regressamos repetidas vezes ao assunto do Iraque
e à
invasão militar efectuada pelos Estados Unidos.
Quer a
Alemanha, chefiada pelo Chanceler Schroeder, quer a França, chefiada pelo
Presidente Chirac,
insurgiram-se
contra essa invasão.
Gostaria
de salientar, mais uma vez: não fui eu que os persuadi.
Foram
eles que me incentivaram a alinhar com eles.
E quando
a invasão dos Estados Unidos aconteceu,
Saddam
Hussein foi eliminado
bem como
o Iraque.
Recordem
que lhes foi dito: "Vejam, estão errados."
E foi-me
dito: "Veja, somos os vencedores e você foi posto de parte."
Mas se
fizerem uma observação um passo adiante
eles
[Schroeder e Chirac]tiveram razão.
Chirac,
que tinha um relacionamento chegado e credível com a parte sunita do Médio
Oriente,
já tinha
previsto isso.
A
propósito, ele é um homem com um conhecimento enciclopédico.
Então
Chirac já tinha visto, aonde isso nos iria conduzir.
Agora
vamos ver o que é que isso nos trouxe.
Conduziu
à destruição das instituições do Estado, nesses países do Médio Oriente.
Conduziu
ao aparecimento do terrorismo
e Paris
foi atacado.
Chirac
pensou nesta situação e acertou,
assim como Schroeder.
Consideramo-lo
um amigo da Rússia, e assim é,
mas
Schroeder não é um político a favor da Rússia, ele é a favor da Alemanha.
De facto,
é um Atlanticista.
Nas
nossas conversações privadas falou-me sempre, directa e sinceramente,
sobre o
papel que a NATO desempenha nas relações internacionais modernas.
Não
concordo com ele em muitos pontos, mas são as suas convicções.
E ele não
faria nada que prejudicasse os interesses nacionais do seu país.
Pelo
contrário, ele lutou sempre a favor desses interesses.
Por
exemplo:
a conduta
da Nord Stream (1)
Sabe, eu
observei boquiaberto, a maneira como ele foi atacado quando iniciou o projecto.
Na
verdade, esse projecto foi iniciado do lado alemão.
Sim,
apoiámos activamente, mas foi ele que lutou pela realização do mesmo.
Agora
todos dizem: foi muito bom que o tenhamos construído
mas foi
ele que o construiu!
No
entanto, agora dizem: vamos construir a conduta Nord Stream (2)
E agora
todos compreendem que essa conduta é necessária para a Alemanha,
que
desistiu da energia nuclear e que, dificilmente, regressará a ela.
Na Rússia
há uma enorme quantidade dessa matéria prima, o gás natural.
É
ecologicamente seguro, é necessário [a favor da ecologia].
E estamos
prontos para fornecê-lo.
Por que
motivo privar alguém dele?
A
propósito, além do mais, a Alemanha tornar-se-ia o centro dos oleodutos
pan-europeus.
Mas isso
é outro assunto.
O
problema é que...
E não
esperamos que os nossos parceiros europeus
se livrem
da sua orientação Euro Atlântica.
Mas penso
que seria adequado para os nossos parceiros na Europa,
enquanto
mantém o Euro Atlanticismo, partilhar a tomada de decisões do seu Euro
Atlanticismo.
E não
obedecer, somente, às instruções
cada vez
que as recebem do Grande Lago [Atlântico].
Sim,
todos vemos quais foram as consequências, quer para Schroeder, quer para
Chirac.
Mas,
entretanto, cada um devia cuidar do seu
bem estar como político
ou dos
interesses do seu Estado.
Na minha
opinião, os interesses dos países europeus...
Talvez
esteja errado, então chame-me à razão...
...são
combinar os seus esforços
na
economia e na política, combater o terrorismo,
os
problemas do ambiente,
combater
o crime organizado,
combinar
esses esforços com a Rússia.
Estamos
preparados e abertos para tal cooperação e não vamos mostrar-nos chateados
devido às
sanções.
Aguardamos.
01:33:57,200
– Vladimir Soloviev:
- Mas não
espera por todos?
01:33:59,000
– Vladimir Putin:
Sim,
esperamos por todos.
01:34:01,400
– Vladimir Soloviev:
- Mas a
Turquia, cometeu actos inaceitáveis...
2269
01:34:02,800
-- Vladimir Putin:
Primeiro
de tudo, a Turquia não é a Europa.
Em
segundo lugar, tal como disse nos meus discursos anteriores e quero repetí-lo
agora,
consideramos
os turcos um povo amigo,
e em
particular, não queremos que as nossas relações com o povo turco sejam
deterioradas.
Quanto à
liderença turca actual, "o sol da manhã nunca dura todo o dia".
01:34:27,600
– Vladimir Soloviev:
- Por um
lado, a Europa, os Estados Unidos e a Rússia combatem juntos a ameaça
terrorista,
por outro
lado, as sanções foram prolongadas e foram mesmo adicionadas algumas novas
E estes
são os mesmos "parceiros" e isso espanta-me,
na busca
de proveitos políticos a curto-prazo, eles mudam princípios básicos
de
instituições aparentemente estáveis como o FMI - quero dizer, em relação à
Ucrânia...
Comente
este assunto, por favor...
01:35:00,866
– Vladimir Putin:
Quanto à
Ucrânia e à área pós-Soviética, em geral,
Estou
certo que esta posição dos nossos parceiros europeus e americanos
não está
ligada à "defesa dos interesses da Ucrânia".
Está
ligada às tentativas de evitar uma resurreição da União Soviética.
E ninguém
quer acreditar que não temos como objectivo, restaurar a URSS.
Mas mesmo
uma possibilidade hipotética de esforços
combinados,
e devo frisar, acima de tudo, dentro dos processos modernos de integração económica
e devo frisar, acima de tudo, dentro dos processos modernos de integração económica
que tornariam,
indubitavelmente, a Ucrânia e a Rússia mais competitivas no mercado
mundial,
que
poderiam deixar, quer a Rússia, quer a Ucrânia, obter mais pontos de vantagem
na economia mundial,
priva os
nossos parceiros [ocidentais] de dormir
[somente
essa possibilidade].
Penso que
o seu objectivo principal é impedir tal união de esforços.
Não é
segredo que eles fizeram o seu melhor para impedir a zona económica unida
entre a
Rússia, o Casaquistão e a Bielorússia desde o início,
para
impedir a nossa União Aduaneira desde o seu nascimento. Até há pouco tempo, nem
mesmo quiseram negociar com a
União
Económica Euroasiática, na qualidade de entidade plenipotenciária, apta a lidar
com as relações internacionais.
Por
alguma razão, foi permitido criar a União Europeia, mas não a União
Euroasiática.
Parece-me
que, lentamente, os nossos parceiros compreendem que esta posição é
agressiva.
Agora,
falemos sobre a Ucrânia.
Porque
motivo eles apoiaram o golpe de estado?
Já falei
sobre este assunto muitas vezes.
Penso que
hoje, muitos dos nossos parceiros vêem que cometeram um erro.
Apenas,
não querem admiti-lo.
Tiraram
vantagem do descontentamento popular contra o sistema político que se
desenvolveu na Ucrânia.
A
propósito, não só sob Yanukovich,
mas desde
o preciso momento em que atingiram a independência.
A
corrupção, a baixa qualidade da aplicação da lei de ambos os sistemas
judiciais,
tudo
muito pior do que no nosso país.
Temos
muitos problemas aí e ainda há mais.
A
arrogância burocrática. Não podemos imaginar quanta
estava lá
a provocar as pessoas.
Claro que
foi fácil, tirar partido desse descontentamento.
Mas não
se pode fazer com que vivam melhor, através de um golpe de estado.
Será que
realmente está melhor agora?
O poder
permanece na mão dos oligarcas, o país está sob controlo do exterior.
Levaram para lá todos os executivos-chave dos países vizinhos.
E do lado
de lá do oceano,
os níveis
de vida das pessoas estão a deteriorar-se drasticamente,
o Produto
Interno Bruto encolheu muito.
Debatemos
que o nosso PIB encolheu um pouco,
mas o da
Ucrânia diminuiu numa ordem de grandeza maior do que o nosso.
O
desmantelamento completo da indústria da Ucrânia está a acontecer,
Mas o que
é que fazem os ucrânianos em troca?
Talvez
lhes dêem um visto para viajar livremente pela Europa.
Talvez
dêem, talvez não.
Mas não é
mesmo um direito para trabalhar na Europa! Não é mesmo um visto de trabalho,
Mesmo que
seja um visto de trabalho, onde é que esperam trabalhar?
Como
enfermeiras, jardineiros, trabalhadores da construção civil?Como uns simplórios
obedientes?
Será esse
o destino e o futuro dessa bela nação que é a Ucrânia, que são os ucranianos?
Claro que
não!
A Ucrânia
tem todas as oportuniddes para se tornar num país altamente industrializado,
com um
nível de desenvolvimento moderno de indústrias de tecnologia avançada,
indústria
de foguetões e de aviação espacial,
construção
naval e micro electrónica com a correspondente ciência e educação.
Onde está
tudo isso agora?
A
degradar-se...
Mas
ninguém quer sustentar a manutenção da Ucrânia.
O que é
isto? Eles dão 1 ou dois biliões de dólares
ou dão
algumas garantias.
Além do
mais, querem empurrar esse encargo financeiro para a Rússia.
E não
querem pagar empréstimos,
embora
oferecêssemos, em minha opinião, condições muito boas e confortáveis,
Nós
dissemos: Vamos dividir os riscos.
Estamos
prontos para reestruturar os pagamentos da dívida da Ucrânia,
prolongar
por um período de 4 anos, e não levar nada durante o primeiro ano.
E depois,
um bilião por ano.
Então o
que é que está errado nesta operação?
Eles nem
sequer querem dividir esse risco connosco,
o que
significa que eles não acreditam na capacidade de pagamento/solvência da
Ucrânia,
ou na estabilização
da sua economia.
É um
péssimo sinal.
No
entanto, mudam as regras do FMI, apesar do facto de
não só os
Estados Unidos financiarem o FMI (Fundo Monetário Internacional),
mas
também outros participantes dessa instituição internacional.
Vemos, de
novo, que eles colocam um fardo financeiro dos seus próprios erros políticos
nos ombros da
totalidade
da comunidade financeira internacional,
não
querem carregá-lo nos seus ombros.
Ainda
mais, parece-me que a comprensão da necessidade de trabalhar dentro de um
quadro de regras civilizadas,
e de não
as negligenciar...
Esta
percepção devia chegar, talvez já esteja a chegar.
Agora
vamos para o Acordo de Minsk,
sobre o
qual escutamos e falamos tanto
e que diz
respeito ao prolongamento das restrições do Ocidente, impostas à Rússia.
Escutem,
somos nós que devemos legalizar as mudanças constitucionais ucranianas?
Claro que
não.
Eles
sabem-no muito bem,
mas
acreditam que se aplicarem pressão sobre a Rússia, a Rússia podia dar um passo
atrás noutras áreas.
Não é da
nossa conta dar um passo atrás ou insistir em algo, aí.
A nossa
única questão é que não podemos deixar as pessoas que vivem no Sudeste da
Ucrânia,
à mercê
dos nacionalistas.
Estas
pessoas não são apenas russos, mas pessoas que falam russo, orientadas em
direcção à Rússia.
Nesta
posição não há nada de excessivo.
01:41:10,500
– Vladimir Soloviev:
- Como notámos, a comissão ucraniana sobre as
reformas apenas discute em russo,
e o
presidente ucraniano tenta apartá-los em russo...
01:41:21,133
--> Vladimir Putin:
Bem, as suas
discussões em russo devem ser melhores do que nas línguas da Geórgia ou da
Ossétia,
mas isto
é ridículo e uma espécie de tragicomédia,
quando
vemos representantes do Cáucaso
apresentarem-se
como melhores defensores dos interesses dos povos ucranianos do que os
ucranianos locais,
como se
soubessem melhor o que os ucranianos necessitam,
tendo
chegado da Geórgia ou sendo, como se poderia dizer,
uma
segunda geração de imigrantes da Arménia, ou talvez da Ossétia.
Os
caucasianos sabem melhor o que é que os ucrânianos necessitam?
É
rizível!
"Seria
rizível se não fosse tão triste".
01:42:09,100
– Vladimir Soloviev:
- A
soberania é um um problema primordial, hoje em dia,
cada vez
que falamos sobre a Nova Ordem Mundial o
problema das soberanias dos países
é um ponto-chave.
Quando
está presente, pode fazer negociações com eles.
Mas,
ainda assim, existem princípios básicos? Ou tudo poderá ser vendido e traído?
Por uma
questão de interesses a curto prazo?
E você
fala sempre de interesses,
mas
muitas vezes age de maneira diferente.
Além dos
interesses, você mantém sempre a sua palavra,
e mesmo
nos momentos difíceis, não trai essa lógica.
Por
exemplo, na sua conferência de imprensa, falou sobre os problemas com a
Turquia,
mas não
divulgou o que foi dito, não é verdade?
01:42:53,000
– Vladimir Putin:
Muito
obrigado pelo seu cumprimento,
De facto,
tento evitar infrigir as minhas obrigações,
evito
transgredir as obrigações que formulamos como compromissos do nosso país,
mas sabe
que isso não é baseado apenas em princípios morais, mas bastante, em
pragmatismo/objectividade.
É mais
fácil trabalhar desta maneira.
E,
digamos, no contexto da crise Síria.
É fácil para
nós trabalhar com o Presidente Assad, como também com o lado americano,
Debatemo-lo
recentemente com o Presidente Obama,
e com os
nossos amigos da Arábia Saudita,
e de
outros países árabes.
Por que é
que é fácil?
Não
abanamos a cauda e mudamos de posição.
Escutamos,
pacientemente, cada um deles antes de formular a nossa posição.
E
escolhemos a linha, tal como vemos
que é
aceitável para todos. E não é o que, precisamente, nos parece.
Primeiro,
inteiramo-nos dos pontos de vista dos outros,
perguntamos
aos outros se concordam ou não.
Em
princípio, todos disseram que sim, sim, sim, nos parâmetros chave do acordo.
Mas se
sim, então formulamos a nossa posição baseada em componentes que são comuns
e
aceitáveis por todos.
E não
necessitamos saltar de lado para lado,
como
fazem as pulgas (perdoe-me),
porque já
não há essa necessidade.
A posição
é formulada na base das nossas conversações
e isso
reforça a nossa posição.
E a nossa
posição não é apenas de abertura, mas também de credibilidade
pode
dizer-se sem hesitação, a sua justiça, é o que lhe dá força.
Sobre os
princípios que você perguntou, se estão lá ou não.
Não há
outros princípios a não ser os da lei internacional,
que são baseados na Carta das Nações Unidas.
Claro que
o mundo está a mudar. Quer a Carta das Nações Unidas, quer a Ordem
Mundial,
que ainda
estão em vigor, foram estabelecidas no fim da Segunda Guerra Mundial.
Agora, é
óbvio que o equilíbrio do poder mudou
e devemos
ter isso em conta, indubitavelmente.
É
verdade.
Voltemos
à República Federal da Alemanha.
Todas as
gerações de alemães não podem sentir-se oprimidas
pelo que
foi feito pelos Nazis.
Houve
alemães que lutaram contra o Nazismo, que caíram como primeiras vítimas, ao
combater o Nazismo.
Eram
cristãos, comunistas e de várias outras facções sociais,
o
movimento anti-fascista espalhou-se largamente.
Também
devemos pensar neste assunto.
Creio que
tenho o direito de dizê-lo.
Não
apenas como Chefe do Estado russo, mas como membro de uma família
em que há
bastantes mortos e deficientes da guerra.
Quer do
lado da minha Mãe quer do meu Pai, houve mais familiares que morreram do que
sobreviveram,
depois da
Segunda Guerra Mundial.
Mas para
mudar a situação internacional, a fim de haver mais estabilidade no mundo
moderno,
devemos
ter em conta o papel da Alemanha moderna
que podia
e devia agir nos assuntos internacionais.
Devíamos
ter tudo isto em mente e desenvolver as relações internacionais
de modo a
atingir mais estabilidade.
01:46:41,300
– Vladimir Soloviev:
- Quando
houve um ataque terrorista no Sinai, e a nossa gente morreu na Síria,
você teve
uma reacção muito emotiva, foi notado que o considerou
como uma
tragédia pessoal.
E depois, quando aconteceu o ataque terrorista em Paris, foi um dos primeiros a telefonar
a Holland.
Até que ponto as emoções afectam a tomada de decisões?
Quanto é
que essa dor o afecta, na determinação da política russa?
01:47:13,900
– Vladimir Putin:
As
emoções são inevitáveis, mas não devem afectar
a
qualidade da tomada de decisões.
Porque
estas decisões afectam os interesses de milhões de pessoas.
Milhões
de cidadãos russos.
Cada
decisão deve ser ajustada do ponto de vista de hoje
e deve ter um impacto positivo a médio e longo prazo.
01:47:49,333
– Vladimir Soloviev:
-
Vladimir Vladimirovich,
haverá
guerra?
01:47:54,766
– Vladimir Putin:
Quer
dizer uma guerra global?
Temos esperança que não.
De
qualquer modo, no actual contexto internacional, seria uma catástrofe
planetária.
Creio que
não haverá uma pessoa tão louca na Terra
que se
atrevesse a usar armas nucleares,
Mas a
Rússia, como uma potência nuclear líder, irá melhorar este tipo de armas como
acção de dissuasão.
A tríade
nuclear é a base da nossa política de segurança.
Mas nunca
brandimos nem agitaremos este taco (de golfe) nuclear.
Mas, na
nossa doutrina militar,
este taco
tem um lugar próprio e um papel adequado.
01:48:55,833
--> Vladimir Soloviev:
-
Obrigado, Vladimir Vladimirovich.
Tradução
de russo para inglês: Vox Populi Evo https://www.youtube.com/user/VoxPopuliEvo
Tradução
de inglês para português: Maria Luísa de Vasconcellos
Email:
luisavasconcellos2012@gmail.com
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