30 de Janeiro de 2018
Washington atinge novos
níveis de insanidade com o "Relatório do Kremlin"
Paul Craig Roberts
Num acto da louca escalada
de provocações contra a Rússia, Washington elaborou uma lista de 210 altos
funcionários do governo russo e de importantes executivos de empresas que são “criminosos”,
“membros do bando de Putin”, “ameaças”, “pessoas que merecem ser punidas”, no
entanto, a comunicação mediática ocidental
preocupa-se a explicar a lista. A lista absurda inclui o Primeiro
Ministro da Rússia, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, o Ministro da Defesa
e os executivos da Gazprom, da Rosneft e do Banco Rossiya. Por outras palavras,
a sugestão é que a totalidade da liderança política e empresarial russa é
corrupta.
Os russos não parecem
compreender o propósito da lista. O porta-voz da Presidencia, Dmitry Peskov, disse que o
governo vê a lista como uma tentativa de interferir na eleição presidencial russa.
Não há dúvida de que Washington gostaria de reduzir o apoio público de Putin
para que Washington possa usar as ONGs financiadas pelo Ocidente, que operam na
Rússia, a apresentar os lacaios americanos como sendo as verdadeiras vozes da
Rússia. No entanto, é improvável que o povo russo seja tão estúpido que caia nesse
truque.
A lista de Washington tem
três objectivos:
1) Desvalorizar a diplomacia
russa, apresentando as principais altas patentes da Rússia como criminosos.
2) Apresentar a Rússia
como sendo uma ameaça militar, conforme o anúncio ridículo do Ministro da
Defesa britânico, Gavin Williamson, em 26 de Janeiro, de que a Rússia pretende
despedaçar a infraestrutura britânica, causar muitos milhares de mortes “e
criar” o caos total dentro de o país."
3) Desviar a atenção
americana e europeia da próxima publicação do relatório do House Intelligence Committee’s que prova que o Russiagate é uma
conspiração entre o FBI, o Departamento de Justiça de Obama e a Comissão
Nacional Democrata contra o Presidente Trump. A lista russa de Washington dará
à comunicação mediática algo para falar em vez do acto da traição levada a cabo
contra o Presidente dos Estados Unidos. Não esperem não ouvir nada da
comunicação mediática, a não ser que o relatório do House Intelligence Committee
é apenas um esforço político para salvaguardar Trump da responsabilidade.
Provavelmente, há um
quarto motivo para a lista. Israel quer a pressão de Washington sobre a Rússia,
porque até agora, a Rússia impediu Israel de usar os militares dos EUA para criar
o mesmo caos na Síria e no Irão, como foi criado no Iraque e na Líbia. Israel
quer a Síria e o Irão desestabilizados porque apoiam o Hezbollah, o que impede
Israel de ocupar os recursos hídricos do sul do Líbano. A Lei de Contenção dos
Adversários da América através de Sanções (Countering America’s Adversaries Through
Sanctions Act), que pediu
a lista, aprovada pela a Câmara e pelo Senado por um votação de 517-5.
Normalmente, tais votos unânimes da política externa estão associados às
exigências do lobby de Israel.
O governo e o
povo russo precisam compreender que Washington considera a Rússia como uma
ameaça porque a Rússia não está sob a pata de Washington. Os neoconservadores
sionistas controlam a política externa dos EUA. A sua ideologia é a hegemonia
mundial. Eles não usam a diplomacia. Contam com a desinformação, com ameaças e com
a violência. Portanto, não existe uma diplomacia americana com a qual Putin e
Lavrov possam colaborar.
Putin, o líder político
responsável de uma grande potência, não responde à provocação com uma
hostilidade. Ele ignora os insultos e continua a esperar que o Ocidente ganhe
bom senso. Mas, o que acontecerá se o Ocidente não conseguir?
Para que o Ocidente comece
a pensar racionalmente, esse processo vai requerer o desmantelamento completo dos
neoconservadores sionistas e/ou a dissolução da NATO. A derrota dos
neoconservadores exigiria uma voz de política externa rival, e essa voz é muito
fraca, pois está desligada da comunicação mediática, dos grupos de reflexão e das
universidades. A dissolução da NATO exigiria que as figuras políticas europeias
renunciassem aos subsídios de Washington e ao avanço de carreira que Washington
fornece.
Enquanto escrevo, o Conselho
do Atlântico está a convocar os membros e a comunicação mediática para uma
discussão com os membros do Conselho Atlântico, o Embaixador Daniel Fried e
Anders Aslund. O Conselho do Atlântico é uma agência de propaganda
neoconservadora. O objectivo da "discussão" é minar ainda mais, as
relações dos EUA com a Rússia.
O governo russo enfrenta
uma situação difícil. A política externa dos EUA e, portanto, do mundo
ocidental, é controlada por neoconservadores que estão determinados a apresentar
a Rússia à luz mais ameaçadora. A
diplomacia russa não pode fazer nada para mudar este quadro. Uma resposta russa
não agressiva e responsável tem o efeito de incentivar ainda mais, as provocações de Washington. Até
certo ponto, a passividade russa pode convencer os neoconservadores de que
podem atacar a Rússia de modo bem sucedido. Por outro lado, as provocações
contínuas podem convencer a Rússia de que o país está a ser escolhido para
ataque, propiciando assim uma acção preventiva russa.
No mundo, todos devem
perceber a ameaça da guerra nuclear que é inerente à política de Washington em
relação à Rússia e no mundo, todos devem compreender - a única ameaça que a
Rússia representa, é contra o unilateralismo e parcialidade de Washington.
Tradutora: Maria Luísa de
Vasconcellos
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