Labels

SUPPORT JULIAN ASSANGE

Sunday, December 1, 2019

Thierry Meyssan -- “SOB OS NOSSOS OLHOS” (8/25) A agonia da política estrangeira francesa

“SOB OS NOSSOS OLHOS” (8/25)

A agonia da política estrangeira francesa

Prosseguimos a publicação do livro de Thierry Meyssan, Sous nos yeux. Iniciamos a segunda parte sobre a política francesa com, neste episódio, a entrada em cena de Jacques Chirac e de Nicolas Sarkozy. Progressivamente as pequenas ofertas vão transformar a política estrangeira de Paris de serviço à França em arranjos pessoais entre amigos.
 | DAMASCO (SÍRIA)  
Este artigo é extraído do livro Sob os nossos olhos.
JPEG - 38.3 kb
A 14 de Fevereiro de 2003, reatando com a tradição gaullista de independência da França, Dominique de Villepin opõe-se no Conselho de Segurança à vontade norte-americana de destruir o Iraque.

As « Primaveras Árabes », vistas de Paris

A política externa da França, guiada no passado pela visão estratégica de Charles De Gaulle, cede progressivamente lugar à busca por alguns de dinheiro fácil. Após ter resistido ao imperialismo norte-americano, Jacques Chirac retira-se do combate e mistura os negócios de Estado e os seus interesses pessoais. Nicolas Sarkozy serve os interesses dos EUA negociando de passagem, ele mesmo, tudo o que pode ter interesse. François Hollande vai ainda mais longe, colocando a República ao serviço de alguns interesses privados que conformam o novo Partido da colonização. Emmanuel Macron manipula a França para promover as estratégias das grandes fortunas dos Democratas dos EUA. Sempre em busca de mais dinheiro, os dirigentes da França colocam o país sucessivamente ao serviço da Turquia, do Catar, da Arábia Saudita e depois do patronato transnacional.
JPEG - 26.9 kb
Para Jacques Chirac, Hafez al-Assad era o único dirigente capaz de unificar o mundo árabe. Ele comparava-o a Otto de Bismarck.

16— Jacques Chirac, «o Árabe»

Jacques Chirac tem Hafez el-Assad em grandíssima estima. Vê nele uma personalidade excepcional, com uma visão para o seu país e para a sua região.
JPEG - 17.9 kb
Segundo o Almirante Pierre Lacoste, antigo Director da DGSE, fora o Presidente Mitterrand quem ordenara o mega-atentado de Damasco em retorsão pelo assassinato do Embaixador Delamare. A operação foi reivindicada pelos Irmãos Muçulmanos que a realizaram sob o controle de François de Grossouvre.
A França havia-o combatido durante certas fases da guerra civil libanesa. Ela reprovava-lhe, publicamente, ser o responsável pelo assassinato do seu embaixador em Beirute, Louis Delamare (1981), o que foi de imediato seguido, em retaliação, pelo atentado terrorista ordenado pelo Presidente François Mitterrand contra a sede nacional do recrutamento militar, em Damasco, que provocou 175 mortos.
Após a derrota Síria face a Israel, em 1967, Hafez el-Assad tomara o Poder apoiando-se tanto nos partidários do Baath como em aventureiros, entre os quais o seu próprio irmão Rifaat. Este último tornou-se companheiro habitual no golfe de François Mitterrand e amigo de Abdallah, o futuro rei da Arábia Saudita. Em 1982, enquanto vivia entre a França e a Síria, montou um atentado na Rua Marbeuf, em Paris, contra a revista Al-Watan Al-Arabi que o tinha criticado. A sua amizade com o Presidente Mitterrand desviou a investigação policial. Em vez dele foi acusado do crime o seu País e a França expulsou dois diplomatas sírios, entre os quais o responsável dos Serviços Secretos, Michel Kassoua. No final, o assunto não ficou a pesar nas relações entre os dois Estados.

JPEG - 49.2 kb
O atentado da Rue Marbeuf, em Paris, foi ordenado por Rifaat al-Assad. Sob pressão do seu amigo, o Presidente Mitterrand, foi sucessivamente atribuído, de forma falsa, ao diplomata sírio Michel Kassoua (que foi expulso), depois ao revolucionário Carlos (que acabou condenado).
Jacques Chirac é o único chefe de Estado estrangeiro a ir assistir às exéquias de Hafez Al-Assad (2000). Enquanto um movimento de oposição varre o país, a França que havia apostado no Vice-Presidente Abdel Halim Khaddam para lhe suceder, reconhece a designação do seu filho Bashar Al-Assad pelo Partido Baath como próximo dirigente do país.
Fazendo de mentor, Jacques Chirac – que cognominam de «o Árabe», tal é o seu prestígio entre os chefes de Estado da região--- tenta introduzir Bashar na alta-roda da cena política internacional. Mas, o jovem não pensa deixar-se manipular. Chirac negoceia com o novo Presidente de modo a que a Total possa explorar vários jazidas de petróleo sírias. Na altura do concurso oficial, a proposta da Total mostra-se escandalosamente desvantajosa. Ela é, no entanto, apoiada por altos funcionários sírios, incluindo o conselheiro económico do Presidente, Nibras el-Fadel, do qual não se demora a saber que faz jogo duplo por conta da Total e do patrão sírio-britânico da Petrofac, Ayman Asfari. Apercebendo-se desta jogada de corrupção, Assad sanciona a Total afastando-a do concurso, o que desencadeia a fúria de Chirac.
Jacques Chirac experimenta um revés semelhante no Líbano. Em nome da França, negoceia com o seu amigo pessoal, o Primeiro-Ministro Rafik Hariri, o direito de sondar as águas territoriais libanesas em busca de petróleo. A operação é coberta por dois responsáveis da Força de Paz síria, o Chefe dos Serviços de Inteligência Ghazi Kanaan e o Vice-Presidente Abdel Halim Khaddam. Chirac envia um navio da Marinha nacional para realizar a prospecção, mas o Presidente libanês, Émile Lahoud, é informado a propósito e convoca o Embaixador da França. Faz-lhe saber que os arranjos pessoais de Hariri não vinculam o seu país e que o navio de guerra francês deverá deixar a zona.
Reagindo a estas chamadas à ordem, Chirac evita dirigir a palavra aos presidentes sírio e libanês.
Jacques Chirac, que havia apoiado os Estados Unidos face aos atentados de 11-de-Setembro de 2001, inquieta-se por ter sido enganado após ler o meu livro L’Effroyable Imposture («A Terrível Impostura») [1]. Ele ordena à DGSE que verifique a tese. Depois de ter mobilizado várias centenas de funcionários e numerosas embaixadas, os Serviços respondem-lhe que não podem validar o livro, mas que todos os elementos que puderam ser verificados —salvo uma citação— são exactos. Chirac, que conhecia bem Saddam Hussein, encontra aí a justificação de que a França não deve apoiar o ataque anglo-saxónico no Próximo-Oriente. O Ministro dos Negócios Estrangeiros (Relações Externas-br) francês, Dominique de Villepin, enfrenta o Secretário de Estado Colin Powell. Viaja de urgência para Nova Iorque, esquecendo no gabinete o dossier que a DGSE lhe preparara. Pouco importa, o seu improvisado discurso, de 14 de Fevereiro de 2003, suscita aplausos sem precedentes dos membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a ira de Washington. Ele abstém-se de criticar as enormes mentiras de Powell —do suposto apoio do Presidente Hussein à Alcaida até ao programa das armas de destruição maciça—, mas enfatiza que nada justifica esta guerra.
JPEG - 18.4 kb
Discípulo do filósofo Leo Strauss e historiador oficial do exército israelita, Edward Luttwak inspirou o Golpe de Estado invisível de 11 de Setembro de 2001 com o seu livro, «Manual do Golpe de Estado».
Em seguida, o Presidente George W. Bush limita a sua especial presença na Cimeira do G8, em Evian, a algumas breves horas. Enquanto uma campanha de «French Bashing» se desenvolve nos Estados Unidos, o Conselheiro do Pentágono que havia inspirado o golpe de Estado do 11-de-Setembro, Edward Luttwak, ameaça publicamente o Presidente Chirac no jornal televisivo da France2. Ele declara sem rodeios: _ «Chirac tem uma conta a pagar em Washington! Ele tem uma grande conta a pagar em Washington. E, em Washington, há evidentemente uma tomada de decisão para o fazer pagar a conta. Chirac, quis comer e ficar empanzinado [sic] no palco diplomático às custas dos Estados Unidos e, é claro, ele vai pagar por isso».
Em pânico, Jacques Chirac vira a casaca e enfileira atrás de todas as iniciativas dos E.U.A, indo ao ponto até de disponibilizar a sua Embaixatriz em Tbilisi, Salomé Zourabichvili, para Ministro dos Negócios Estrangeiros da Geórgia durante a «Revolução das Rosas» (Dezembro de 2003), ou, ainda, participando no rapto do Presidente do Haiti, Jean-Bertrand Aristide, e fazendo-o sequestrar na República Centro-Africana (Março de 2004) [2].
Seguindo a mesma linha, Jacques Chirac e o seu amigo bilionário Rafic Hariri redigem a Resolução 1559 exigindo a retirada da Força de paz Síria do Líbano e o desarmamento de todas as milícias libanesas, entre as quais o Hezbolla e os grupos Palestinos. Ao contrário de outras milícias, colocadas ao serviço de um chefe feudal, ou subvencionadas por um Estado estrangeiro, o Hezbolla é uma rede de resistência ao colonialismo israelita, inspirada pela Revolução iraniana e, na altura, armada pela Síria. Esta resolução era impraticável, a não ser com o propósito de querer entregar o Líbano ao exército israelita. Além disso, o Presidente Chirac decide boicotar o seu homólogo libanês, Émile Lahoud, o qual nem sequer é convidado para a Cimeira da Francofonia.
JPEG - 49.3 kb
O bilionário saudo-libanês Rafiq Hariri financiou abundantemente todas as campanhas eleitorais de Jacques Chirac, desde a sua eleição para a Câmara Municipal (Perfeitura-br) de Paris.
A 14 de Fevereiro, Rafik Hariri —que já não era Primeiro-ministro— é assassinado, supostamente por meio de uma carga explosiva instalada numa camioneta [3].
Jacques Chirac precipita-se para Beirute, não para assistir às exéquias fúnebres, nem mesmo para se reunir com os governantes, mas, antes para passar um dia inteiro com os advogados do falecido a assinar documentos de negócios particulares. Depois, regressa a Paris enquanto a «Revolução dos Cedros» está ao rubro no Líbano sob a discreta batuta dos homens de Gene Sharp, os agitadores sérvios por conta de Washington.
Influenciável, Jacques Chirac partilha a convicção que Bashar Al-Assad e Émile Lahoud planearam, em conjunto, o assassinato do seu amigo e parceiro de negócios particulares, Rafik Hariri. Ele apoia, portanto, a Comissão das Nações Unidas encarregada de investigar este crime no lugar da Justiça libanesa. Seguem-se assim, durante anos a fio, acusações lançadas pela ONU, o ostracismo mundial de Bashar Al-Assad, e a prisão de quatro generais que eram os mais próximos do Presidente Émile Lahoud. Um «Tribunal» Internacional é criado, sob os auspícios do Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sem qualquer aprovação do Parlamento libanês, para julgar os dois Presidentes «assassinos».
As obsessões de Jacques Chirac não alteram, no entanto, a cooperação franco-síria. Desde 2003 e até a suspensão das relações diplomáticas, em 2012, os Serviços de Inteligência sírios informam os seus homólogos em França sobre os jovens Franceses que querem partir para o Iraque ou que aí combatem o ocupante norte-americano. Se, na aventura, passam pela Síria são interpelados e discretamente repatriados para França por avião militar. Esta cooperação permite à França manter a ordem pública e prevenir inúmeros atentados no seu solo. Entre os jiadistas extraditados pela Síria, encontram-se Boubaker al-Hakim (assassino do líder tunisino Chokri Belaid) ou Sabri Essid (o meio-irmão de Mohamed Merah, que se tornará um dos carrascos do Daesh). No entanto, a França não apenas irá interromper esta relação durante a «Primavera Árabe», como irá libertar estes detidos devido à sua aliança com os Irmãos Muçulmanos.
A partir de 2 de Setembro de 2005, Jacques Chirac deixa de governar. Ele é acometido de um grave acidente cerebral e jamais estará em condições de desempenhar as suas funções mesmo que as conserve na aparência. Durante dois anos, o seu governo divide-se entre os gaullistas, em torno do Primeiro-ministro, Dominique de Villepin, e os atlantistas, à volta do Ministro do Interior, Nicolas Sarkozy.
Por altura do ataque de Israel ao Líbano, no Verão de 2006, Villepin apoia o Hezbolla, do qual Chirac havia exigido o desarmamento. Uma vez terminado o seu mandato, Chirac ostenta a sua corrupção e instala-se num luxuoso apartamento, colocado à sua disposição pela família Hariri para a sua aposentação. Apoiado pela Sra Chirac, Sarkozy sucede-lhe.

17— Nicolas Sarkozy, « o Americano »

JPEG - 12 kb
Filho de um dos cinco fundadores da CIA, o Embaixador Frank G. Wisner criou o seu enteado Nicolas Sarkozy adolescente em Nova Iorque. Ele introduziu-o no seio da CIA que favoreceu a sua eleição para a presidência francesa.
Nicolas Sarkozy é eleito Presidente da República Francesa em Maio de 2007, não pelo seu programa, mas pela sua personalidade. Os Franceses vêem nele o homem capaz de relançar um país adormecido e bloqueado. Ignoram, por outro lado, que durante a adolescência Sarkozy tinha sido criado pela terceira mulher do seu pai, em Nova Iorque. Ora, Christine de Ganay havia recasado com o embaixador Frank Wisner Jr., filho do fundador dos serviços secretos da CIA/Otan, a rede Stay-behind Gládio. É graças a estes laços que Sarkozy foi, desde logo, apadrinhado por Washington para se tornar Presidente da República Francesa [4].
Ao contrário de Jacques Chirac, que se mostrara um gaullista corajoso, em 2003, antes de se transformar num oportunista de negócios, Nicolas Sarkozy é considerado por Washington como um agente. Ele é de imediato associado aos projectos norte-americanos.
Enquanto era ainda Ministro do Interior, Nicolas Sarkozy enceta contactos com Abdullah Senussi, o chefe dos Serviços Secretos líbios do Interior e cunhado de Muammar Kaddafi. Ele havia sido alvo de uma condenação em França, à revelia, pelo seu papel no atentado do voo 772 UTA que causou a morte de 170 pessoas, em 1989, durante a guerra no Chade. A Líbia propõe-se financiar a campanha eleitoral de Sarkozy em troca de uma promessa de amnistia, ou de anulação do processo judicial. Um ministro delegado e homem de confiança de Sarkozy, Brice Hortefeux, negoceia o montante com o Coronel Kaddafi. No fim, segundo o alto funcionário líbio que supervisionou a transação, o empresário franco-libanês Ziad Takieddine carrega 57 milhões de euros para Paris.
No decurso da campanha eleitoral, a Líbia constata que a candidata socialista Ségolène Royal também poderia vencer. Senussi entra, então, em contacto com o antigo ministro socialista dos Negócios Estrangeiros, Roland Dumas, o qual —sempre segundo a mesma fonte— vem procurar 25 milhões de euros a Trípoli, aproximadamente metade da soma oferecida ao seu adversário.
A lei francesa interdita o financiamento de campanhas eleitorais por Estados estrangeiros. Além disso, o custo das campanhas não pode alcançar estas somas. Sarkozy e Royal não podem prometer fabricar uma nulidade judicial sem o desprezo pela Justiça e sua independência. No entanto, podem decretar uma amnistia, embora não a possam negociar em favor dos seus negócios pessoais. Roland Dumas sabe muito bem disso, tanto mais que foi presidente do Conselho Constitucional (1995-2000) encarregue de velar pelo bom desenrolar das eleições. A Justiça francesa irá investigar, a propósito das violações da lei por Sarkozy, mas não pelas de Royal [5].
Os negócios entre os Kaddafi e os Sarkozy prosseguem após a sua chegada ao Eliseu. A «primeira Dama» (sic) Cecília Sarkozy é encarregada de encontrar uma saída para o processo das cinco enfermeiras búlgaras e do médico palestino presos desde há oito anos. Em 1999, mais de 400 crianças foram contaminadas pelo retro-vírus da sida no hospital de Bengazi. Os islamistas acusam Muamar Kaddafi de negligenciar a cidade de Bengazi, e de ter conspirado para assassinar as suas crianças. O Procurador local prefere acusar o pessoal de saúde estrangeiro para desculpar o Guia. Fá-los submeter a tortura brutal afim de lhes extorquir confissões.
JPEG - 48.5 kb
Quando era Procurador, Robert Mueller acusou a Líbia de ser responsável pelo atentado de Lockerbie. Em seguida, a justiça escocesa estabeleceu que ele se baseava numa falsa prova introduzida no local da catástrofe por um agente da CIA.
No entanto, a Bulgária, que acaba de aderir à União Europeia, solicita à Comissão de Bruxelas que negoceie com Trípoli a libertação dos seus nacionais. A Líbia encontra-se face aos mesmos funcionários que a acusaram do atentado no vôo 103PanAm que explodiu por cima de Lockerbie (Escócia), matando 270 pessoas, em 1988. Muito embora Muammar Kaddafi sempre tenha negado estar implicado nele, a Líbia aceita indemnizar as famílias na ordem dos US $ 2,7 mil milhões de dólares de maneira a saldar o último contencioso que a opõe aos Ocidentais. Ciente de que deve dar a volta à efabulação dos islamitas, o Guia decide utilizar esta infecção nosocomial para recuperar aquilo que foi injustamente forçado a pagar por Lockerbie. Ele exige então que lhe devolvam esse dinheiro em troca da sua retirada de certos Estados africanos e da liberdade para as enfermeiras e para o médico. No fim, os Estados Unidos pagam a soma ao Catar que a encaminha para a Líbia, sob a supervisão da União Europeia. O Ministro da Justiça, o Irmão Muçulmano Moustafa Abdel Jalil, que tinha encoberto as torturas quando era presidente do Tribunal de Recurso de Trípoli, trava assim conhecimento com os emissários do Presidente Sarkozy. Sempre segundo o mesmo alto funcionário líbio, Cecília recebe uma gratificação proporcional da Líbia (2,7 milhões de dólares). Nicolas Sarkozy, que está em vias de se divorciar, dá-lha de presente. Assim, ela irá poder abrir, junto com o seu novo marido, uma empresa de Relações públicas no Catar. A Bulgária felicita-se pela libertação das suas expatriadas, mesmo que interrogando-se sobre o modo como o acordo foi concluído.
JPEG - 33.8 kb
Após ter desposado o futuro animador-vedeta da televisão Jacques Martin, depois o futuro Presidente da República Nicolas Sarkozy, Cecilia Ciganer recasou-se com o lobista e encenador dos Forum de Davos, Richard Attias.
Agora já frequentável, Muammar Kaddafi empreende uma digressão europeia, incluindo cinco dias em França. Ele causa polémica ao instalar a sua tenda nos jardins do Hotel Marigny, residência dos convidados de Estado. Ainda pior, declara à France24 que a Líbia é mais democrática que a França. Esta provocação não é tão descabida como a julgam os seus ouvintes, tal como se verá ao longo desta história: na realidade, a França não é uma democracia na medida em que nem o povo, nem os seus representantes são realmente auscultados em inúmeras decisões, nomeadamente em política externa e de defesa. Era, no entanto, uma República até ao final do mandato de Jacques Chirac, já que o Poder não tomava decisões senão em função da sua percepção do interesse geral. Vai-se ver que isso já não será a realidade desde há muito tempo. A Líbia, por sua vez, é uma democracia directa inspirada nas experiências dos Utópicos franceses do século XIX. No entanto, este sistema é também um logro. Com efeito, a sociedade Líbia é baseada na identidade tribal, de modo que as opiniões pessoais têm pouco valor. É, aliás, esta realidade social, que permite a Kaddafi exercer a função de chefe de Estado, quando a mesma é oficialmente inexistente. A grande diferença entre os dois países está noutro ponto : ao negociar com os Estados Unidos, a Líbia cessou toda a ingerência nos seus vizinhos, enquanto a França viola alegremente a carta das Nações Unidas, nomeadamente em África, e em breve no Levante. Acima de tudo, Kaddafi proclamou a emancipação de todos os homens e pôs fim à escravatura, enquanto a França – que a proíbe no seu território desde 1848 – não tem escrúpulos em aliar-se com Estados esclavagistas como a Arábia Saudita e o Catar.
JPEG - 28.3 kb
Tendo reatado com os Estados Unidos e tendo-se vergado a todas as exigências do Presidente Bush, o antigo revolucionário Muammar Kaddafi tornou-se respeitável.
O primeiro acto do Presidente Sarkozy em relação à Síria é organizar, em Março de 2008, a fuga da principal falsa testemunha do caso Hariri, Mohammed Zuhair as-Siddiq, ao qual ele fornece um falso passaporte checo [6]. É certo que, embora a acusação de assassinato lançada contra Émile Lahoud e Bashar Al-Assad se afunde, o mistério subsiste quanto ao organizador desta mascarada. Como se nada se passasse, Sarkozy dirige-se em viagem oficial a Damasco para relançar as relações entre os dois países e assegurar-se que a Síria não intervirá mais na vida política libanesa.
Em Maio, o Primeiro-ministro libanês —e agente dos Serviços secretos jordanos—, Fouad Siniora, abre um conflito com o Hezbolla. Ele tenta neutralizar a ponte aérea entre o Irão e a Resistência assim como o seu sistema de comunicação interno, de modo a que os Estados Unidos e a Arábia Saudita possam assumir o controle do país e atacar a Síria. Mas, o Hezbolla passa ao ataque. Em algumas horas, o sistema de segurança de Siniora desmorona-se e ele tem que bater em retirada.
Encetam-se negociações de paz em Doha. O Catar e a França impõem um novo presidente ao Líbano, que não tinha nenhum desde o fim do mandato de Émile Lahoud, seis meses antes. Paris escolhe o Chefe do Estado-Maior, o General Michel Sleiman, porque ele é fácil de manipular. Este último tinha, com efeito, apresentado documentos falsos, para ele e sua família, a fim de obter para todos a dupla nacionalidade francesa. O caso está pendente no Tribunal. A sua designação como Presidente do Líbano deixa uma espada de Dâmocles sobre a sua cabeça, estando o assunto em apreciação na Justiça. Inquieto quanto à que poderia ser a reação da Síria, o Catar oferece ao Presidente Assad, que nada havia pedido, um avião e viaturas oficiais.
JPEG - 41.3 kb
Michel Sleiman (ao alto à esquerda) presta juramento de defender a «independência» do Líbano sob o olhar benevolente do Emir do Catar (ao alto à direita), que preside à cerimónia, e do Ministro francês dos Negócios Estrangeiros, que a encenou.
O Emir catariano, Hamad ben Khalifa Al Thani, vem entronizar o «presidente» Sleiman no lugar e em vez do seu predecessor, Émile Lahoud, o qual nem sequer é convidado para a cerimónia. Durante esta, na Assembleia Nacional Libanesa, o Ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Bernard Kouchner, toma assento, não nos lugares do público, mas nos do Governo libanês. Ele manifesta a sua irritação quando o antigo Presidente da Assembleia assinala que o artigo 49 da Constituição interdita a um chefe de Estado-Maior tornar-se Presidente menos de dois anos depois de deixar o exército. Mas não se perde tempo a modificar o texto constitucional e os Deputados elegem Michel Sleiman, em violação da Constituição.
JPEG - 32.3 kb
Em 2008, a França estimava que Bachar al-Assad, o chefe de Estado mais popular no mundo árabe, seria um amigo seguro para difundir a presença francesa no Mediterrâneo.
Em Julho de 2008, Nicolas Sarkozy lança a União pelo Mediterrâneo, uma ampla operação visando, ao mesmo tempo, competir com os seus parceiros europeus e em reinserir Israel no concerto das Nações da região. Ele convida, ao mesmo tempo, Bashar Al-Assad e o seu homólogo israelita, Shimon Peres, para assistir ao desfile do 14 de Julho nos Campos Elísios. O primeiro evita cuidadosamente o segundo. Mas na ocasião, o Líbano e a Síria estabelecem finalmente relações diplomáticas (jamais tinham tido desde a sua separação pelos Franceses em 1943 ). A União pelo Mediterrâneo (UPM) falha pelas mesmas razões que o Processo de Barcelona iniciado pela União Europeia em 1995: é impossível reunir todos os actores da região enquanto não se resolver o conflito israelita.
Sarkozy faz uma segunda viagem oficial à Síria, em Janeiro de 2009. Contactado pela Administração Obama, o Presidente francês abstêm-se de decidir seja o que for. Fica-se por uma viagem de reconhecimento.
(Continua…)
Tradução
Alva
Este livro está disponível em FrancêsEspanholRussoInglês e Italiano em versão em papel.
Possui versão já traduzida em Língua Portuguesa (à atenção de possíveis Editores-NdT).
[1L’Effroyable Imposture, Thierry Meyssan, préface du général Leonid Ivashov, Demi-Lune (2002).
[2] « Coup d’État en Haïti », « Paris relâche le président haïtien », par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 1er et 16 mars 2004.
[3] «Revelaciones sobre el asesinato de Rafik Hariri», por Thierry Meyssan, Оdnako (Rusia) , Red Voltaire , 29 de noviembre de 2010.
[5] Depoimento do autor perante o Juiz Tournaire, 24 mars 2018. Avec les compliments du Guide. Sarkozy-Kadhafi - l’histoire secrète, Fabrice Arfi et Karl Laske, Fayard (2017).

No comments:

assange



At midday on Friday 5 February, 2016 Julian Assange, John Jones QC, Melinda Taylor, Jennifer Robinson and Baltasar Garzon will be speaking at a press conference at the Frontline Club on the decision made by the UN Working Group on Arbitrary Detention on the Assange case.

xmas





the way we live

MAN


THE ENTIRE 14:02' INTERVIEW IS AVAILABLE AT

RC



info@exopoliticsportugal.com

BJ 2 FEV


http://benjaminfulfordtranslations.blogspot.pt/


UPDATES ON THURSDAY MORNINGS

AT 08:00h UTC


By choosing to educate ourselves and to spread the word, we can and will build a brighter future.

bj


Report 26:01:2015

BRAZILIAN

CHINESE

CROATIAN

CZECK

ENGLISH

FRENCH

GREEK

GERMAN

ITALIAN

JAPANESE

PORTUGUESE

SPANISH

UPDATES ON THURSDAY MORNINGS

AT 08:00 H GMT


BENJAMIN FULFORD -- jan 19





UPDATES ON THURSDAY MORNINGS

AT 08:00 H GMT

PressTV News Videos