Análise do livro de
F. William Engdahl's
Por Stephen Lendman
Global
Research, June 22, 2009
Region: Europe, Russia and FSU, sub-Saharan Africa
Theme: US NATO War Agenda
Durante mais de 30 anos, F.
William Engdahl tem sido investigador, economista e analista líder da Nova Ordem
Mundial, com vasta literatura, para sua credibilidade, sobre energia, política
e economia. Faz publicações regulares sobre negócios e outras publicações, é orador frequente em questões geopolíticas, económicas e de energia, e é um
distinto Investigador Associado do Centre for Research on Globalization.
Os dois livros anteriores de
Engdahl incluem " A
Century of War: Anglo-American Oil Politics and the New World Order/ Um Século de Guerra: a
Política Petrolífera Anglo-Americana e a Nova Ordem Mundial", explicando
que o domínio americano após a Segunda Guerra Mundial assenta sobre dois
pilares e uma mercadoria – sobre o poder militar incontestável e sobre o dólar como
moeda de reserva mundial, com a missão de controlar o petróleo global e outros
recursos energéticos.
O outro livro de Engdahl
intitulado “Seeds of Destruction: The Hidden Agenda
of Genetic Manipulation/Sementes da destruição: A Agenda Oculta da
Manipulação Genética” explica como quatro gigantes do negócio agrícola
anglo-americano planeiam dominar o mundo, patenteando todas as formas de vida
para forçar o consumo de alimentos transgénicos para todos - mesmo que comê-los
represente sérios riscos para saúde humana.
O livro mais recente de
Engdahl é conferido a seguir. Intitulado “Full Strectrum Dominance:
Totalitarian Democracy in the New World Order /Domínio Completo do Espectro:
Democracia Totalitária na Nova Ordem Mundial”, discute a grande estratégia da
América, revelada pela primeira vez no documento de1998, do Comando Espacial
dos EUA - Visão para 2020. Mais tarde lançado em 2000, como DOD Joint Vision 2020, apela para o “domínio do
espectro” abrangendo todo o espectro electromagnético da Terra, à superfície e debaixo dela, no mar, no ar, no espaço e nos sistemas de informação, com
poder esmagador suficiente para lutar e vencer guerras globais contra qualquer
adversário, inclusive, preventivamente, com armas nucleares.
Utilizando também outros meios,
incluindo a propaganda, ONGs e Revoluções Coloridas, para mudança de regime,
expansão da NATO para leste, e “um vasto leque de técnicas de guerra
psicológica e económica” que fazem parte de uma “Revolução em Assuntos
Militares” discutida a seguir.
O 11 de Setembro de 2001
serviu como pretexto para consolidar o poder, destruir as liberdades civis e os
direitos humanos e travar guerras permanentes contra inimigos inventados, a fim
de obter o domínio global sobre os mercados mundiais, recursos e mão-de-obra
barata - à custa das liberdades democráticas e da justiça social. O livro de
Engdahl apresenta uma visão assustadora do futuro, que está a chegar muito mais
cedo do que a maioria pensa.
Introdução
Após a dissolução da União Soviética
no final de 1989, a América teve uma escolha. Sendo a única superpotência que restava, poderia ter diligenciado em prol de uma nova era de paz e
prosperidade, encerrado décadas de tensões durante a Guerra Fria, interrompido
a louca corrida armamentista, transformado espadas em arados e desviado as
centenas de biliões de dólares anualmente atribuídos à “defesa”, para a
“reconstrução da infraestrutura civil e reparação de cidades empobrecidas. ”
Forças poderosas do país pensam desta maneira e planeiam de acordo.
Ao contrário, Washington, sob
GHW Bush e os seus sucessores, “escolheram o secretismo, mentiras e guerras
para tentar controlar o coração da Eurásia – que, como região económica era o seu
único rival potencial - pela força militar (política e económica)” e, por extensão, o planeta Terra, através de um
programa mais tarde designado como “domínio total do espectro”.
O resultado foi que a Guerra
Fria nunca acabou e hoje expande-se, violentamente, com mais de um trilião de
dólares gastos anualmente em “defesa”, sob todas as formas, mesmo que a América
não tenha inimigos, nem teve mais depois dos japoneses se renderem em Agosto de
1945. Então a solução foi inventá-los, e foi o que fizeram.
Mantida em segredo para a maioria
dos americanos, por George H.W. Bush e pelo seu amigo e protegido de facto,
o Presidente democrata Bill Clinton, foi a realidade que para a facção que
controlava o Pentágono - a indústria de defesa militar, os seus muitos
subcontratantes e as empresas gigantes do petróleo e dos serviços petrolíferos
como a Halliburton - a Guerra Fria nunca terminou.
As raízes do esquema remontam
a décadas - pelo menos até 1939, quando os poderosos membros do Conselho de
Relações Estrangeiras, de Nova York (CFR) planearam um mundo do pós-guerra com
uma única nação triunfante e que não podia ser derrotada.
O livro de Engdahl é uma
análise geopolítica das duas últimas décadas - examinando “os cantos escuros da
estratégia e das acções do Pentágono e os perigos extremos (que o domínio total do
espectro sustenta para) o futuro”, não apenas para os EUA, mas para todo
o mundo.
Hoje as coisas estão tão fora
de controlo que as liberdades democráticas e a própria vida planetária estão
ameaçadas pelo "risco crescente de uma guerra nuclear por erro de
cálculo" ou a suposição temerária de que a prática pode ser limitada,
controlada e segura - como abrir uma torneira e fechá-la. Por si só, a própria
noção é implausível e imprudente, mas as forças poderosas do país pensam dessa
maneira e planeiam de acordo.
As armas de Agosto de 2008
No oitavo dia, do oitavo mês,
do oitavo ano do novo século, um lugar do qual poucas pessoas no Ocidente
ouviram falar, surgiu nos cabeçalhos, quando o exército da Geórgia invadiu a Ossétia
do Sul - a província que se separou em 1991 e declarou a independência. Por um
breve período, as tensões mundiais aumentaram mais do que em qualquer época
desde a crise dos mísseis cubanos em 1962, quando apenas as cabeças mais frias
evitaram uma possível guerra nuclear.
Como naquela época, a crise
foi uma provocação de Washington, com a pequena Geórgia sendo um mero peão de um
confronto perigoso - um novo Grande Jogo, que o antigo Conselheiro da Segurança
Nacional, Zbigniew Brzezinski, descreveu no seu livro de 1997, The Grand
Chessboard = O Grande Tabuleiro de Xadrês”.
Ele apelidou a Eurásia de “centro
do poder mundial que se estende da Alemanha e Polónia para o Oriente, através
da Rússia e da China até ao Pacífico, incluindo o Médio Oriente e o
subcontinente indiano". Explicou que a tarefa urgente dos EUA era
assegurar que “nenhum Estado ou combinação dos Estados tivesse a capacidade de
expulsar os Estados Unidos da Eurásia ou mesmo de diminuir significativamente o seu papel decisivo de arbitragem.” Dominar essa parte do mundo é a chave para o
controlo do planeta, e é a principal razão para a existência da NATO. Desde o
início da NATO, a sua missão foi ofensiva.
No período após Guerra Fria,
Washington usou a ilusão da democracia para dominar em toda parte - com o longo
braço do Pentágono e da NATO como executores. Eufóricos, os europeus do leste
não sabiam que a democracia ao estilo americano era ainda mais repressiva do
que a que acabara. Décadas de propaganda da Voz da América e da Rádio Europa
Livre logo se revelaram não serem diferentes do sistema soviético que eles
rejeitaram e, em alguns aspectos, muito pior.
A “Terapia de choque” imposta
pelo Ocidente significou “mercado livre”, privatizações em massa, o fim da esfera
pública, acesso absoluto a empresas estrangeiras sem restrições de
regulamentações incómodas, cortes profundos no serviço social, perda de
segurança no emprego, salários de pobreza, leis repressivas e economias
transformadas para beneficiar uma poderosa classe empresarial dominante em
parceria com elites políticas corruptas. Globalmente, a Rússia criou os
“oligarcas” bilionários, a China “os princelings/descentes dos líderes
influentes do Partido Comunista ”, o Chile “as piranhas” e, no novo milénio, na
América, os “Pioneiros” de Bush-Cheney e os principais Top Guns de Wall Street,
de Obama, causando a destruição global do auto-enriquecimento.
Quanto às pessoas comuns, a
Rússia é um exemplo do que está a acontecer em toda a parte:
- empobrecimento em massa;
- uma epidemia de desemprego;
- perda de pensões e
benefícios sociais;
- 80% dos agricultores
falidos;
- dezenas de milhares de fábricas
fechadas e o país desindustrializado;
- escolas fechadas;
- habitação em mau estado;
- aumento do alcoolismo, abuso
de drogas, SIDA, suicídios e crimes violentos; e
- uma população e a expectativa
de vida em declínio, porque o país foi saqueado para obter lucro e todas as
redes de segurança acabaram; aquilo a que Milton Friedman designou como
“liberdade”.
Mikhail Gorvachev tentou
revitalizar a Rússia Soviética com a Glasnost e Perestroika, mas falhou. Em
troca de concordar com a “terapia de choque” e com o desarmamento nuclear, GHW
Bush prometeu a não extensão da NATO para leste, para os países recém libertados
do Pacto de Varsóvia. A Duma russa, de facto, ratificou o Tratado Start II,
fornecendo um calendário firme de desarmamento - abrangendo ambos os países e
proibindo a instalação de defesa antimíssil, conforme estipulado pelo Tratado
de Mísseis Antibalísticos (ABM), de 1972.
Em 14 de Dezembro de 2001, o governo Bush retirou-se do Tratado ABM e
muito mais. Reivindicou o direito de desenvolver e testar novas armas nucleares
(em violação do Tratado de Não Proliferação), rescindiu a Convenção sobre Armas
Biológicas e Tóxicas, aumentou consideravelmente as despesas militares,
recusou-se a considerar um Tratado de Corte de Material Físsil para aumentar as
enormes reservas desse material e reivindicou o direito de travar guerras
preventivas, de acordo com a doutrina de “autodefesa antecipada”, usando armas
nucleares de primeiro ataque.
Agora estava aberta a porta para uma militarização reforçada e para a criação
da Agência de Defesa contra Mísseis dos EUA e a prova de que a confiar na
América é imprudente e perigoso. Tanto GHW Bush como Bill Clinton mentiram,
aliciando para a NATO, um a um, os antigos países do Pacto de Varsóvia.
No início dos anos 90, Zbigniew
Brzezinski descreveu a arrogância da América desta maneira:
“ As viagens presidenciais ao
estrangeiro assumiram as armadilhas das expedições imperiais, ofuscando em
escala e segurança, as exigências de circunstâncias de quaisquer outros
estadistas e (reflectindo) a unção da América como sendo o líder mundial, em
alguns aspectos, fazendo lembrar a autocoroação de Napoleão."
Brzezinski compreendeu os
perigos da arrogância imperial, causando o declínio e queda de impérios
anteriores. Até mesmo uma superpotência como os EUA é vulnerável. Ele estava
muito confortável com um século americano, apenas desconfiado dos meios para
alcançá-lo e mantê-lo. Em 2008, com 28 países membros da NATO, incluindo 10
antigos membros do Pacto de Varsóvia, Washington pediu a admissão para a
Geórgia e da Ucrânia, e fê-lo depois de anunciar no início de 2007 a instalação
planeada de mísseis interceptores na Polónia e radar de rastreamento avançado
na República Checa, ambos membros da NATO.
Supostamente para defesa contra
o Irão e outros Estados “desonestos”, visava claramente a Rússia, garantindo
aos EUA uma vantagem nuclear de primeiro ataque, o que provocou uma resposta
dura do Kremlin: A colocação de Washington é ofensiva, assim como todas as
instalações USA/NATO em todo o mundo.
Vladimir Putin exprimiu
indignação no seu discurso, em Fevereiro de 2007, na Conferência Internacional
de Munique sobre Segurança, afirmando:
“A NATO colocou as suas forças
de linha da frente nas nossas fronteiras. Não tem qualquer relação com a modernização
da própria Aliança ou com a garantia da segurança na Europa. Pelo contrário,
representa uma provocação perigosa que reduz o nível de confiança mútua. E nós
temos o direito de perguntar: contra quem é que esta expansão é pretendida? E o
que aconteceu às garantias que os nossos parceiros ocidentais fizeram depois da
dissolução do Pacto de Varsóvia? ”
O discurso de Putin provocou
uma tempestade de críticas na comunicação mediática norte-americana. Em Agosto
passado, o autor comentou num artigo intitulado “Reinventando o Império do
Mal”, dizendo: “A Rússia está de volta, orgulhosa e a dizer a verdade, e não
prestes a submeter-se à América,
especialmente na Eurásia. Para Washington, está de volta ao futuro com uma nova
Guerra Fria, mas desta vez para maiores riscos e com ameaças muito maiores à
paz mundial.
Nas últimas duas décadas,
Washington aumentou a aposta, invadindo as fronteiras da Rússia e cercando-a
com bases USA/NATO, claramente destinadas a uma ofensiva e para bloquear a
disseminação das liberdades democráticas às antigas repúblicas soviéticas. A
“propaganda diabólica” fez com que ela projectasse a América imperial como um
libertador colonial, trazendo o capitalismo do “mercado livre” para o Oriente.
Foi bem-sucedida “enquanto os Estados Unidos eram a maior economia do mundo e
os dólares americanos eram procurados como a moeda de reserva mundial de facto
...”. Durante décadas, a América “retratou-se como o farol da liberdade para as
nações recentemente independentes da África e da Ásia”, bem como para as
antigas repúblicas soviéticas e para as nações do Pacto de Varsóvia.
Realidade Geopolítica - O Novo Destino Manifesto da América, Expansão
Global à Imensidão da Eurásia
Durante mais de um século, os
Estados Unidos procuraram alcançar o “controlo económico e militar total sobre
a Rússia (soviética)” através da força total dos seus sectores militar-industrial e de
segurança - pela guerra ou por outros meios. A partir de 1945, o Pentágono
planeou uma guerra nuclear de primeiro ataque, uma “guerra convencional”
chamada TOTALITY (como foi) elaborada pelo general Dwight Eisenhower “por ordem
de Harry Truman, o mesmo homem que usou armas atómicas contra um Japão
derrotado, em vez de aceitar o seu pedido de rendição.
Com a dissolução da União
Soviética, a supremacia da superpotência americana depende de “impedir que
os países da Eurásia desenvolvam os seus próprios pilares de defesa ou
estruturas de segurança independentes da NATO controlada pelos EUA”,
especialmente para impedir uma poderosa aliança China-Rússia capaz de um
desafio perigoso, juntamente com os outros Estados eurasiáticos, principalmente
os Estados ricos em petróleo.
Como o estratega geopolítico,
Halford Mackinder (1861 - 1947) observou no seu mais famoso ditado:
“
Quem governa o leste europeu comanda o Coração da Terra;
Quem governa o leste europeu comanda o Coração da Terra;
Quem governa o Coração da
Terra comanda a Ilha do Mundo;
Quem governa a Ilha do Mundo
comanda o Mundo ”.
A Ilha do Mundo de Mackinder
era a Eurásia, toda a Europa, o Médio Oriente e a Ásia.
No início do século passado e,
principalmente, após a Segunda Guerra Mundial, os EUA decidiram governar mesmo
com o risco de uma guerra nuclear. Por sua vez, a Grã-Bretanha pretendeu
permanecer no jogo e, em Abril de 1945, Winston Churchill instou Dwight
Eisenhower e Franklin Roosevelt a “lançarem uma guerra imediata contra a União
Soviética, usando até 12 divisões alemãs capturadas (como) carne para canhão, a
fim de destruir a Rússia de uma vez por todas.
Em vez disso, Washington
inventou um inimigo do pós-guerra e fez com que os países da Europa e da Ásia
se sentissem suficientemente ameaçados para concordar com os ditames dos EUA,
mesmo aqueles contrários aos seus próprios interesses. Quanto à América, em
1945, Truman ordenou que Eisenhower “preparasse planos secretos para um ataque
nuclear surpresa, nalgumas cidades (soviéticas) (apesar de saber que o
Kremlin) não representava uma ameaça directa ou imediata para os Estados
Unidos” ou para os seus aliados mais próximos.
Uma Rússia com armas nucleares
com capacidade de mísseis intercontinentais acabou com a ameaça - até que a
Doutrina Bush de 2001, proclamou o direito de travar guerras preventivas, com
armas nucleares de primeiro ataque, para destituir os regimes estrangeiros
considerados perigosos para a segurança e para os interesses dos EUA. Foi essa,
a estratégia por trás do conflito da Geórgia, de 2008, que poderia ter-se
transformado numa guerra nuclear.
Desarmados nesse momento, “um certo
número de políticos dos EUA (ver em Russia Today) com assuntos inacabados
(procuram o seu) desmembramento completo (como) base independente para a
Eurásia." Superioridade nuclear, cerco e “propaganda diabólica” são três
ferramentas entre outras, para terminar o trabalho e deixar a América como
sendo a única superpotência restante. Acabar com o poder da Rússia e da China,
irá criar um campo aberto para um “século
americano global total - a realização do ' full
spectrum dominance/domínio total do espectro', como o Pentágono o
chamou.
Hoje, tanto sob Obama como sob
Bush, o risco de uma guerra nuclear por erro de cálculo é maior do que durante
meio século. Com a América a agir como agressor declarado, a Rússia pode sentir
que a sua única opção é atacar primeiro enquanto puder, ou atrasar e enfrentar
as consequências, quando for tarde demais. Quanto mais perto os mísseis
nucleares ofensivos estiverem das suas fronteiras, mais ela corre o risco
perder o seu poder, de maior desmembramento e de possível aniquilação nuclear.
A sua reacção deixou poucas
dúvidas sobre a sua resposta. Em Fevereiro de 2007, o comandante das Forças de
Foguetões Estratégicos, Coronel Nikolai Solovtsov, disse que se Washington
continuasse com os seus planos, “Moscovo teria como alvo os centros de Defesa
de Mísseis Balísticos dos EUA, com o seu arsenal nuclear”. Putin fez um
discurso duro e anunciou que a Rússia gastaria 190 biliões de dólares nos próximos
oito anos, para modernizar as suas forças armadas até 2015 e que as armas de última
geração teriam prioridade. A sua mensagem foi clara. Uma Nova Guerra Fria/corrida
ao armamento nuclear estava a acontecer, com a Rússia pronta para lutar “pela
sua sobrevivência nacional”, e não pelo desejo de confronto.
“Defesa antimíssil” para atacar
Em 23 de Março de 1983, Ronald
Reagan, durante um discurso, propôs a ideia, pedindo maiores despesas militares
para a Guerra Fria, incluindo um enorme programa de R & D para o que ficou
conhecido como "Guerra das Estrelas" - um escudo anti-míssil
impermeável chamado Iniciativa de Defesa Estratégica/Strategic
Defense Initiative (SDI). A ideia então (e agora) é uma fantasia, mas foi
gloriosa para os empresários da defesa, que lucraram enormemente desde então.
A administração Clinton deu um
apoio modesto até que a Lei Nacional de Defesa contra Mísseis, de 1999, propôs
uma defesa activa contra mísseis “assim que for tecnologicamente possível…"
Quando George Bush assumiu a
presidência, Donald Rumsfeld queria que os preparativos de guerra incluíssem
defesa antimísseis e armas espaciais para destruir rapidamente alvos em
qualquer lugar do mundo para a obtenção do “domínio total do espectro”. A estratégia
incluía “a criação de uma nova técnica revolucionária de mudança de regime,
para impor ou instalar regimes “amistosos para com os EUA” em toda a antiga
União Soviética e em toda a Eurásia.”
Controlar a Rússia - Revoluções coloridas e golpes de enxame
“Swarming” é um termo da RAND
Corporation que se refere a “padrões de comunicação e movimento de” abelhas e
outros insectos e a aplica-se a conflitos militares por outros meios. Manifestam-se
através de acções secretas da CIA para derrubar governos democraticamente
eleitos, remover líderes estrangeiros e funcionários-chave, apoiar ditadores
amigos e atingir indivíduos em qualquer parte do mundo.
Também através de propaganda e
actividades do Fundo Nacional para a Democracia/
National Endowment for Democracy (NED), do Instituto Republicano
Internacional/ International Republican Institute
(IRI) e do Instituto Nacional Democrático/ National
Democratic Institute (NDI) - representando ONGs, mas, na verdade, são organizações
financiadas pelo governo dos EUA encarregadas de amotinar a democracia,
desenraizá-la onde ela existe ou impedir a sua criação por meios criminosos de
ruptura. Os métodos incluem greves não-violentas, protestos de rua em massa e usar
a comunicação mediática para a mudança
de regime - muito parecido com o que agora se está a passar no Irão, após a sua
eleição presidencial (Nota da T.: e presentmente com o que se passa na Venezuela).
Outros exemplos recentes
incluem o golpe de Belgrado de 2000, contra Slobodan Milosevic, a Revolução
Rosa de 2003 da Geórgia, expulsando Eduard Shevardnadze pelo fantoche instalado
pelos EUA, Mikheil Saakashvili, e a Revolução Laranja da Ucrânia de 2004-05, baseada
em fraudes eleitorais, para instalar
outro favorito de Washington, Viktor Yushchenko.
A ideia é isolar a Rússia cortando a sua linha de vida económica - as “redes de oleoducto que conduzem as suas
enormes reservas de petróleo e gás natural dos Urais e da Sérvia, para a Europa
Ocidental e para a Eurásia ...” Esses oleoductos atravessam a Ucrânia, uma
nação tão entrelaçada (com a Rússia) economica, social e culturalmente,
especialmente no leste do país, que eram quase indistinguíveis uns dos outros
”.
Alcançar objectivos
geopolíticos desta maneira, é muito mais simples e barato do que travar guerras
“enquanto se convence o mundo (que a mudança de regime foi o resultado) de
explosões espontâneas de liberdade. (É) uma arma perigosamente eficaz.
Em 1953, os métodos mais
cruéis da CIA derrubaram o Primeiro Ministro iraniano democraticamente eleito,
Mohammed Mossadegh - o primeiro golpe de sucesso da agência para instalar Reza
Shah Pahlavi, o Xá do Irão.
Em 1954, depôs Jacobo Arbenz,
o eleito pelo povo e substituiu-o por um ditador militar - com o pretexto de
remover uma ameaça comunista inexistente. Arbenz, como outros alvos, ameaçou os
interesses comerciais dos EUA ao favorecer a reforma agrária, os sindicatos
fortes e a distribuição de riqueza para aliviar a pobreza extrema no seu país.
Além da guerra, várias táticas
visam preveni-las: “propaganda, urnas sabotadas, eleições compradas, extorsão,
chantagem, intrigas sexuais, histórias falsas sobre oponentes nos meios de
comunicação mediática local, greves de transporte, infiltração e interrupção de
partidos políticos opostos, raptos, espancamento, tortura, intimidação,
sabotagem económica, esquadrões da morte e até mesmo assassinato (culminando
em) num militar (ou outro golpe para instalar) um ditador “pró-americano” da
direita - ao mesmo tempo que reivindica a democracia em acção. Durante décadas,
países da América Latina, do Médio Oriente e de outras regiões do mundo têm
sido vítimas frequentes.
Desde a criação da CIA, em
1947, a “segurança nacional” e uma falsa ameaça comunista justificaram todos os
crimes imagináveis, desde propaganda até guerra económica, sabotagem,
assassinatos, golpes de Estado, tortura, guerras estrangeiras e muito mais.
No entanto, na década de 60,
novas formas de mudança de regime encoberto surgiram ao longo das linhas que os
estudos da RAND chamavam de “enxame” - a ideia era desenvolver técnicas de
manipulação social ou surtos separatistas, sem guerras ou revoltas violentas.
Depois de 2000, como mencionado acima, eles aconteceram nas Revoluções
Coloridas da Europa Central. De acordo com o Departamento de Estado e
funcionários da comunidade de serviços secretos, “parecia ser o modelo perfeito
para eliminar os regimes que se opunham à política dos EUA”, quer fosse eleito
ou não pelo povo. Agora todos os regimes são vulneráveis a “novos métodos de
guerra” por outros meios, incluindo os meios económicos (sanções) usados agora
e antes.
Organizações como a Gene Sharp Albert Einstein Institution, a Open
Society Foundation de George Soros, a Freedom House e outras, estão muito
envolvidas, e o site da Sharp admite estar activo em grupos “pró-democracia” na
Birmânia, Tailândia, Tibete, Letônia, Lituânia, Estónia, Bielorrússia e Sérvia.
Todos eles “coincidiram, convenientemente, com as metas do Departamento de Estado dos EUA
para a mudança de regime, no mesmo período”.
As Guerras Euroasiáticas dos
oleoductos
No centro do conflito actual
está o controlo das vastas reservas de petróleo e gás da região, e enquanto a
Rússia puder usar os seus recursos “para conquistar aliados económicos na Europa
Ocidental, na China e noutros lugares, ela (não pode) estar politicamente isolada”.
O resultado é que Moscovo reage duramente ao cerco militar e às Revoluções
Coloridas limítrofes - actos hostis, que são a equivalência geopolítica da
guerra.
Para que a América continue a
ser a única superpotência, é crucial o controle dos fluxos globais de petróleo
e gás, além de cortar a China das reservas do Mar Cáspio e da garantia das rotas e
redes de energia entre a Rússia e a UE.
Por isso é que os EUA
invadiram e ocuparam o Afeganistão e o Iraque, incitaram as guerras bálticas na
década de 1990, atacaram Kosovo e Sérvia em 1999, ameaçam o Irão repetidamente
e impõem sanções, e continuam a tentar expulsar Hugo Chávez. Por sua vez, sob
Vladimir Putin, a economia da Rússia começou a crescer pela primeira vez em
décadas. É rico em petróleo e gás e usa-os estrategicamente para ganhar
influência suficiente para rivalizar com Washington, especialmente na aliança
com a China e com outros antigos Estados soviéticos como o Cazaquistão, o Quirguistão,
o Tadjiquistão e o Uzbequistão, unidos em 2001, na Organização de Cooperação de
Shangai (SCO) com o Irão e a Índia como observadores.
Sob Bush-Cheney, Washington reagiu
agressivamente. O“Domínio total do espectro” é o objetivo tendo a Rússia e a
China, como os principais alvos. Controlar os recursos energéticos mundiais é
prioritário e nada mudou sob Obama. A ocupação do Iraque continua e as
operações no Afeganistão são reforçadas com o aumento da instalação de tropas,
sob o comando do general recém-nomeado, Stanley McChrystal - uma arma alugada,
um homem com reputação de crueldade que inclui tortura, assassinatos,
indiferença às mortes de civis e disposição de destruir aldeias para salvá-las.
Enquanto a Rússia e a China
permanecerem livres do controlo dos EUA, o “Domínio total do espectro” é impossível.
Circundar a primeira com as bases da NATO, Revoluções Coloridas, e a
incorporação dos antigos Estados soviéticos à NATO e à União Europeia, fazem
parte da mesma grande estratégia - “desconstruir a Rússia de uma vez por todas
como rival potencial para obter a hegemonia única da superpotência
norte-americana. "
Vladimir Putin está no
caminho, “um (líder) nacionalista dinâmico comprometido com a reconstrução” do
seu país. Em 2003, um evento geopolítico significativo ocorreu quando Putin
prendeu o oligarca bilionário Mikhail Khodorkovsky, sob a acusação de evasão
fiscal, e colocou as suas acções da empresa gigante Yukos Oil Group sob
controlo estatal.
Seguiu-se uma decisiva eleição
da Duma russa, na qual Khodorkovsky “foi credivelmente apontado” de ter usado a
sua riqueza para obter votos suficientes para conseguir a maioria - para
desafiar Putin, em 2004, para presidente. Khodorkovsky violou a sua promessa de
ficar fora da política em troca de manter os seus bens e os biliões roubados,
desde que repatriasse o suficiente para a Rússia.
A sua prisão também aconteceu
depois de um relatório ter surgido sobre uma reunião que ele teve com Dick
Cheney, em Washington, seguida de outras com a ExxonMobil e a ChevronTexaco.
Eles discutiram a aquisição de até 40% da Yukos ou o suficiente para dar a Washington
e ao Big Oil o poder de vetar, de facto, sobre os futuros oleoductos e gasoductos
russos e negócios petrolíferos. Khodorkovsky encontrou-se, também, com GHW Bush e tinha ligações com o Carlyle Group,
a firma americana influente, com personalidades como James Baker, um de seus
sócios.
Se a Exxon e a Chevron
tivessem consumado o acordo, isso teria sido um “golpe de Estado de energia”.
Cheney sabia disso; Bush sabia disso; Khodorkovsky sabia disso. Acima de tudo,
Vladimir Putin sabia disso e agiu decisivamente para bloqueá-lo e, nesse
processo, acertou contas com Khodorkosky. Este acontecimento “assinalou uma
viragem decisiva… em direcção à reconstrução da Rússia e a erguer defesas
estratégicas.” No final de 2004, Moscovo compreendeu que uma Nova Guerra Fria
estava relacionada com o “controlo estratégico da energia e a primazia nuclear
unilateral”, e Putin passou da defesa para uma “nova ofensiva dinâmica
destinada a assegurar uma posição geopolítica mais viável, utilizando a energia
(da Rússia) como alavanca.”
Trata-se de recuperar as
reservas de petróleo e gás da Rússia cedidas por Boris Yeltsin. E também, fortalecer
e modernizar a defesa militar do país e a dissuasão nuclear, a fim de aumentar a
sua segurança a longo prazo. A Rússia continua a ser uma potência militar e
exibe tecnologia impressionante em feiras internacionais, incluindo o S-300 e o
mais potente S-400, supostamente mais potentes do que os sistemas semelhantes dos EUA.
Controlando a China com Democracia Sintética
Desde os anos 40 até os dias
de hoje, a estratégia da América na China tem sido “dividir e conquistar”,
apenas as tácticas variaram de “big stick” para a diplomacia “cenoura e pau”. A
chave é impedir a Rússia e a China de cooperarem económica e militarmente,
“manter uma estratégia de tensão em toda a Ásia, e particularmente na Eurásia”
(que, claro inclui o Médio Oriente Médio e a sua riqueza petrolífera) - para o
objectivo abrangente de “controlo total” da China como o potencial colosso
económico da Ásia ”.
Com a América enredada nas
guerras da Eurásia, a política agora “esconde-se atrás das questões dos
direitos humanos e da 'democracia' como armas de guerra psicológica e económica”.
Outra iniciativa também está a
acontecer - a autorização de 2007 do AFRICOM, o Comando da África dos EUA para
controlar os 53 países do continente não de maneira diferente do resto do mundo,
usando a força militar sempre que necessário. O motivo é a crescente
necessidade que a China tem, dos recursos da África (incluindo petróleo), e não
o terrorismo.
A Estratégia de Modernização
do Exército de 2008 (AMS, na sigla em inglês) está concentrada no “domínio
total do espectro”, controlando os recursos mundiais, bem como a perspectiva de
guerras, durante três a quatro décadas, a fim de assegurar esses mesmos
recursos. A China e a Rússia são as mais temidas como concorrentes perigosas -
a primeira pelo seu crescimento económico explosivo e pelas necessidades de
recursos, e a última pela sua energia, por outras riquezas em matérias-primas e
pela força militar.
A AMS também incluiu outra
ameaça – o “crescimento populacional” que ameaça os EUA e o Ocidente com “ideologias
radicais” e, portanto, instabilidade, bem como a indesejada “competição de
recursos” que as economias em expansão exigem – tudo desde dos alimentos à
água, energia e outras matérias-primas. Essas questões estão por trás da
criação e da estratégia da AFRICOM para um militarismo de linha-dura global.
O segundo Presidente dos
Estados Unidos, John Adams, disse certa vez: “Há duas maneiras de conquistar e
escravizar uma nação. Uma é pela espada. A outra é por dívida ”, ou mais
amplamente, pela guerra económica. Com grande parte da manufactura dos Estados
Unidos deslocada para a China, ambos os métodos são restritos, de modo que é
usado um esquema alternativo - os direitos humanos e a democracia por um país
que os despreza, tanto a nível nacional como no estrangeiro.
No entanto, em 2004, o Departamento
de Estado da Democracia, Direitos Humanos e Trabalho teve a China como alvo
nessas questões, com milhões de financiamentos, liderados pela conservadora da
direita, Paula Dobriansky. Ela é membro do CFR, vice-presidente do NED, membro
do conselho da Freedom House, membro sénior do Instituto Hudson neoconservador e
membro do Projecto para um Novo Século Americano (PNAC) ao qual ela endossou
atacar o Iraque, em 1998. Agora ela ataca a China com a estratégia de “soft
warfare”, que é igualmente mortal.
Outras ferramentas incluem as
organizações do Dalai Lama no Tibete, o Falun Gong na China, “um arsenal de
ONGs (globais)” cuidadosamente recrutadas para esta missão e, claro, a
comunicação mediática ocidental, incluindo televisão pública e rádio nos EUA e a
BBC, a nível global.
Transformando Direitos Humanos numa arma - de Darfur a Myanmar e ao
Tibete
Ao atacar a China, a ofensiva de
Washington, de direitos humanos/democracia, concentrou-se em Mianmar, Tibete e no
Darfur, rico em petróleo. Chamada a "Revolução do Açafrão” em Mianmar
(antiga Birmânia), salientava imagens da comunicação mediática ocidental de
Monges Budistas vestidos de açafrão nas ruas de Yangon (anteriormente Rangoon) a
reclamar mais democracia. “Nos bastidores, no entanto, foi uma batalha de grande
consequência geopolítica”, com o povo de Mianmar como um simples candidato a um
esquema de Washington - empregando as tácticas do Eurasian Color Revolução
Colorida Euroasiática:
- “atacar e fazer dispersar”
grandes quantidades de monges;
- ligar grupos de protesto
através de blogs na internet e links de mensagens de texto de telemóveis; e
- ter o comando e controlo sobre
as células de protesto, disperso e reunido conforme ordenado, sem ideia de quem
puxa os cordelinhos ou por quê - um objectivo sinistro escondido visando a
China para maior controlo geopolítico e desestabilizando Mianmar para fazê-lo.
Também está em jogo o controlo
de vias marítimas vitais do Golfo Pérsico para o Mar da China Meridional com a
costa de Mianmar “fornecendo transporte e acesso naval a uma das hidrovias mais
estratégicas do mundo, o Estreito de Malaca, a estreita passagem entre a Malásia
e a Indonésia.
Desde o 11 de Setembro, o
Pentágono tentou, mas não conseguiu militarizar a região, excepto estabelecer
uma base aérea no extremo norte da Indonésia. Mianmar rejeitou aberturas semelhantes
- por isso, é alvo da sua importância estratégica. “O Estreito de Malaca,
ligando os oceanos Índico e Pacífico, é a rota marítima mais curta entre o
Golfo Pérsico e a China. (É) o principal ponto de estrangulamento na Ásia ”, por
isso, é que é tão importante controlá-lo. A China tem laços estreitos com
Mianmar. Forneceu-lhe biliões em assistência militar e desenvolveu a
infraestrutura. O país também é rico em petróleo, no seu território e no mar.
A China é o mercado de energia
que mais cresce no mundo. Mais de 80% de suas importações de petróleo passam pelo
estreito. O controlo do mesmo, mantém o controlo sobre a linha vital da China
e, se for fechado, cerca de metade da frota de petroleiros do mundo terá
milhares de milhas extras para viajar, com custos acrescidos de frete.
No verão de 2007, Mianmar e a PetroChina
assinaram um Memorando de Entendimento a longo prazo - para abastecer a China
com gás natural substancial de seu campo de gás Shwe, na Baía de Bengala. A
Índia foi a principal perdedora depois da China ter-se oferecido para investir
biliões de dólares num oleoducto estratégico de petróleo e gás entre a China e
Mianmar em todo o país para a província chinesa de Yunnan. O mesmo gasoducto
poderia dar à China acesso ao Médio Oriente e ao petróleo africano, contornando
o Estreito de Malaca. “Mianmar tornar-se-ia a 'ponte' da China, ligando
Bangladesh e os países ocidentais à China continental, superando Washington, se
este conseguisse controlar o Estreito - um potencial desastre geopolítico que a
América precisava evitar, daí ter
ocorrido a “Revolução Açafrão" de 2007, que fracassou.
A Mudança de Aliança Perigosa da Índia
A partir de 2005, a Índia foi
“empurrada para uma aliança estratégica com Washington” para combater a
crescente influência da China na Ásia e ter um “parceiro capaz que pode assumir
mais responsabilidade para operações de baixo custo” - direccionado à China e
para fornecer bases e acesso para projectar
o poder dos EUA na região. Para adoçar o negócio, o governo Bush ofereceu-se
para vender (fora da lei nuclear) à Índia, tecnologia nuclear avançada. Ao
mesmo tempo, atacou o Irão pelas suas operações comerciais legítimas, e agora
Obama ameaça endurecer as sanções e, talvez, guerra, no final do
ano de 2009, pelo não cumprimento de exigências claramente ultrajantes.
A parte II continua a análise
importante de Engdahl até à conclusão.
Stephen Lendman é um Pesquisador
Associado ao Centre for Research on Globalization. Vive em Chicago e pode ser
contactado através de lendmanstephen@sbcglobal.net.
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
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