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Tuesday, August 20, 2019

PT -- FULL SPECTRUM DOMINANCE - Capítulo Quatro - Parte 3

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ou
DOMÍNIO DA UNIVERSALIDADE


Tibete: É Libertado um Velho Activo da CIA  

No início de 2008, o ‘establishment dos EUA’ determinou que era o momento de uma grande escalada de pressão sobre a China, desencadeando, desta vez,  desestabilização dentro do território chinês, na Província Autónoma do Tibet.

Foi um momento extremamente sensível nas relações EUA-China. Os mercados financeiros dos Estados Unidos estavam extremamente dependentes do investimento dos dólares excedentes da China na dívida do governo dos EUA, nos títulos do Tesouro, e também nos títulos imobiliários Freddie Mac e Fannie Mae. A agitação do Tibete foi marcada para o período que antecedia as Olimpíadas de Pequim. Ao abanar as chamas da violência no Tibete, sob essas condições voláteis, indicava que Washington havia decidido fazer um jogo geopolítico de alto risco com Pequim.

A intromissão dos EUA no Tibete foi iniciada pelo governo Bush nos meses anteriores, coincidindo com a sua interferência no Sudão e em Mianmar, e incluía a ‘entente’ militar especial com a Índia, dirigida contra a China. No final de 2004, o Secretário de Defesa dos EUA, Rumsfeld, propôs à Índia um novo nível de cooperação militar e estratégica, ao actualizar a “Minuta Acordada sobre as Relações de Defesa de 1995”. Mais tarde, fontes militares e diplomáticas dos EUA admitiram que o seu objectivo estratégico era o papel económico crescente da China, na Ásia.(32)

A operação do Tibete ganhou luz verde em Outubro de 2007, quando George Bush concordou em encontrar-se com o Dalai Lama, pela primeira vez publicamente, em Washington. O Presidente dos Estados Unidos estava bem ciente da enormidade de tal insulto à China, o seu maior parceiro comercial. Bush então aprofundou a afronta a Pequim, ao participar na cerimónia de Washington, concedendo ao Dalai Lama a Medalha de Ouro do Congresso.

A decisão de Bush, filho de um antigo Embaixador dos EUA em Pequim, foi deliberada. Ele estava bem ciente de que a presença do Presidente dos Estados Unidos numa cerimónia oficial do governo dos EUA, em homenagem ao Dalai Lama, seria percebida como um sinal do apoio crescente dos EUA ao movimento de independência do Tibete.

Imediatamente após os monges tibetanos se revoltarem, em Março de 2008, o entusiasmo do apoio pró-Tibete de George Bush, Condoleezza Rice, do francês Nicolas Sarkozy e da alemã Angela Merkel, atingiu o absurdo. Embora a Chanceler Merkel tenha anunciado que não compareceria às Olimpíadas de Pequim, ela pronunciou declarações contraditórias sobre se esse facto seria para protestar contra o tratamento que Pequim fazia aos monges tibetanos, ou se seria devido a compromissos anteriores. Não importava; a publicidade em torno do “debate” bastava para dar a impressão de um protesto internacional. Na verdade, Angela Merkel planeou primeiro, não comparecer às Olimpíadas.

O anúncio de Merkel foi seguido de outro, do Primeiro Ministro da Polónia, o pró-Washington Donald Tusk, dizendo que ele também permaneceria afastado, juntamente com o Presidente Checo pró-EUA, Vaclav Klaus. Não estava claro se eles também não tinham planeado ir, em primeiro lugar, mas os seus anúncios criaram cabeçalhos mediáticos melodramáticos.

A onda de protestos violentos e ataques de monges tibetanos contra moradores chineses de etnia Han no Tibete, começou em 10 de Março, quando várias centenas de monges marcharam em Lhasa, pedindo a libertação de outros monges supostamente detidos por celebrar o recebimento da Medalha do Congresso dos EUA, pelo Dalai Lama, no mês de Outubro anterior. O primeiro grupo de monges foi acompanhado por outros monges que protestavam contra o governo de Pequim e comemoravam o 49º aniversário de uma revolta tibetana anterior, contra o domínio chinês.

O Jogo Geopolítico do Tibete

Como o próprio governo chinês foi rápido a salientar, a súbita erupção de violência anti-chinesa no Tibete, uma nova fase no movimento liderado pelo exilado Dalai Lama, foi programada de maneira suspeita. Foi, nitidamente, uma tentativa para tentar pôr em evidência o histórico dos direitos humanos de Pequim, na véspera da Olimpíada de Agosto de 2008, um acontecimento percebido na China, como uma grande afirmação da chegada de uma China recentemente próspera, ao cenário mundial.

Os protagonistas do plano de fundo, na tentativa da ‘Revolução Carmesim’ do Tibete, confirmaram que Washington tinha estado a preparar outra das suas vergonhosas Revoluções Coloridas, desta vez promovendo protestos públicos destinados a infligir o máximo constrangimento a Pequim.

Os protagonistas no terreno, dentro e fora do Tibete, foram as agências habituais envolvidas nas desestabilizações do regime patrocinado pelos EUA, incluindo o Departamento de Estado, a National Endowment for Democracy (NED). No caso do Tibete, a Freedom House da CIA também estava envolvida. A sua Presidente, Bette Bao Lord - esposa de Winston Lord, antigo Embaixador dos EUA na China e Presidente Council on Foreign Relations - desempenhou uma função na Comissão Internacional para o Tibete.


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O Planalto Tibetano é a fonte de sete Grandes Hidrovias Navegáveis

O Primeiro Ministro chinês, Wen Jiabao, acusou o Dalai Lama de orquestrar a mais recente insurreição para sabotar os Jogos Olímpicos “a fim de alcançar o seu objectivo indescritível”, um Tibete livre. As paradas para a China e para Washington eram enormes.

Bush telefonou ao seu colega chinês, o Presidente Hu Jintao, a pressionar para haver conversações entre Pequim e o exilado Dalai Lama. A Casa Branca disse que Bush “levantou as suas preocupações sobre a situação no Tibete e encorajou o governo chinês empenhar-se num diálogo essencial com os representantes do Dalai Lama e permitir o acesso de jornalistas e diplomatas”. (33)

Os Amigos Bizarros do Dalai Lama

No Ocidente, a imagem do Dalai Lama havia sido tão cuidadosamente promovida que, em muitos círculos, particularmente naqueles que se consideravam politicamente progressistas, ele era considerado quase um Deus. Enquanto a vida espiritual do Dalai Lama era outra questão, era relevante notar que o tipo de pessoas que se aglomeravam em torno da pessoa do 14º Dalai Lama não usufruíam da melhor reputação em termos de compaixão ou justiça para com os seus semelhantes.

O Dalai Lama viajou em círculos políticos conservadores bastante extremos, já em 1930. Naquela época, os nazis alemães, incluindo o chefe da Gestapo, Heinrich Himmler, e outros líderes do Partido Nazista, consideravam o Tibete como o local sagrado dos sobreviventes da perdida Atlântida e a origem de sua “raça nórdica pura”.

Tenzin Gyatso, nascido em 1935, era o nome do menino que, aos 11 anos, já era designado como Dalai Lama. Nessa tenra idade, ele foi ajudado por Heinrich Harrer, membro fanático do Partido Nazi e oficial da temida Schutzstaffel, a SS, de Heinrich Himmler. Longe da imagem inocente de Harrer retratada no popular filme de Hollywood ‘Sete Anos no Tibete’, de Brad Pitt, Harrer juntou-se voluntariamente à SS, a Guarda Pretoriana do Führer e participou nos incêndios concretizados contra as sinagogas judaicas durante o terror da Kristallnacht, em 1938. De acordo com relatos de testemunhas oculares, Harrer continuou a ser um nazi dedicado até ao fim da guerra. Em 1944, Harrer escapou de um campo de concentração britânico e fugiu para o Tibete, onde se tornou o tutor designado do jovem Dalai Lama para “o mundo fora do Tibete” .(34) Permaneceram amigos até Harrer morrer em 2006, aos 93 anos de idade.(35)

Essa amizade foi notável no contexto de outros amigos do Dalai Lama. Em Abril de 1999, apoiado por Margaret Thatcher e pelo antigo Embaixador da China nos EUA, o Director da CIA e Presidente, George H.W. Bush, o Dalai Lama, exigiu que o governo britânico libertasse Augusto Pinochet, o antigo ditador fascista do Chile e antigo cliente da CIA que tinha sido colocado em prisão domiciliar durante a visita a Inglaterra. O Dalai Lama pediu que Pinochet não fosse extraditado para Espanha, onde seria julgado por crimes contra a Humanidade. O Dalai Lama também cultivou laços estreitos com Miguel Serrano, chefe do Partido Socialista Nacional do Chile, proponente de algo designado como “hitlerismo esotérico” .(37)

Além do mais, tinha sido revelado em documentos oficiais do governo dos EUA que, desde 1959, o Dalai Lama tinha estado rodeado e financiado, em parte significativa, por vários serviços secretos dos EUA e do Ocidente, e o seu bando de ONGs.(38)
Foi a agenda desses amigos de Washington, do Dalai Lama, que foram relevantes para as revoltas e distúrbios no Tibete, em Março de 2008.

A NED de Novo. . . 
  
O autor Michael Parenti observou no seu estudo, Friendly Feudalism: The Tibet Myth/Feudalismo Amistoso: O Mito do Tibete, que “durante os anos 50 e 60, a CIA apoiou activamente a causa tibetana com armas, treino militar, dinheiro, apoio aéreo e todo tipo de ajuda”. (39)

Segundo Parenti, a Sociedade Americana para uma Ásia Livre, uma frente da CIA, publicou a causa da resistência tibetana ao recrutar o irmão mais velho do Dalai Lama, Thubtan Norbu, para desempenhar um papel activo no grupo. O segundo irmão mais velho do Dalai Lama, Gyalo Thondup, estabeleceu uma operação de serviços secretos em conjunto com a CIA, em 1951. Posteriormente foi transformado numa unidade de guerrilha treinada pela CIA cujos recrutas foram lançados de pára-quedas no Tibet.(40)

Documentos não confidenciais dos serviços secretos americanos, disponibilizados no final da década de 1990 revelaram que: durante grande parte da década de 1960, a CIA forneceu ao movimento tibetano de exílio 1,7 milhões de dólares por ano para operações contra a China, incluindo um subsídio anual de 186.000 dólares para o Dalai Lama.(41)

Em 1959, a CIA ajudou o Dalai Lama a fugir para Dharamsala, na Índia, onde vive desde então. Ele continuou a receber milhões de dólares de apoio até 2008, não da CIA, mas de uma organização da CIA que soava mais inofensiva, a National Endowment for Democracy (NED) financiada pelo Congresso dos EUA.(42)

A NED, como descrito acima, foi fundamental em toda a desestabilização de Revolução Colorida apoiada pelos EUA, da Sérvia à Geórgia, da Ucrânia à Mianmar. Os seus fundos foram usados para apoiar a comunicação mediática da oposição e campanhas de relações públicas globais para popularizar os seus candidatos preferidos da oposição.

A NED havia sido fundada pela Administração Reagan no início dos anos 80, por recomendação de Bill Casey, Director da Agência Central de Inteligência de Reagan, após uma série de exposições altamente publicitadas de assassinatos da CIA e desestabilizações de regimes hostis. A NED foi planeada para se posicionar como uma ONG independente, afastada das agências da CIA e do governo, de modo a ser, presumivelmente, menos visível. O primeiro presidente em exercício da NED, Allen Weinstein, comentou com o Washington Post que “muito do que nós [a NED] fazemos hoje, foi feito secretamente há 25 anos pela CIA”. (43)

Como historiador das actividades dos serviços secretos americanos, William Blum declarou:

A NED desempenhou um papel importante no caso Irão-Contra, dos anos 80, financiando componentes-chave do 'Projecto Democracia', sombrio e ilegal, de Oliver North. Essa rede privatizou a política externa dos EUA, travou guerras, distribuiu armas e drogas e empenhou-se em actividades ilegais. Em 1987, um porta-voz da Casa Branca declarou que os participantes da NED ‘executam o Projecto Democracia’. (44)

A organização mais proeminente a favor do Dalai Lama do Tibet, na tentativa de desestabilização de 2008, foi a Campanha Internacional pelo Tibete (ICT), fundada em Washington, em 1988.

 Pelo menos, desde 1994, a ICT estava a receber fundos do NED. A ICT concedeu o seu prémio anual  ‘Luz da Verdade’, em 2005, a Carl Gershman, fundador da NED. Outros vencedores do prémio ICT incluíam a Fundação Alemã Friedrich Naumann e o líder checo, Vaclav Havel. A Directoria do ICT foi preenchida com antigos funcionários do Departamento de Estado dos EUA, incluindo Gare Smith e Julia Taft. (45)

Outra organização anti-Pequim muito activa era o Students for Free Tibet (SFT), sediada nos Estados Unidos, fundada em 1994, na cidade de Nova York como um projecto da Comissão Tibetana dos EUA e da ICT financiada pela NED. A SFT era mais conhecida por ter desenrolado uma faixa de 450 pés no topo da Grande Muralha na China, pedindo um Tibete livre e acusando Pequim de alegações de genocídio totalmente sem fundamento, contra o Tibete. Aparentemente, foi um bom drama para mobilizar estudantes americanos e europeus ingénuos, a maioria dos quais nunca esteve no Tibete.

A seguir:

O Levantamento do Povo Tibetano’ Made In USA


Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com

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