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Sunday, August 25, 2019

PT -- ANÁLISE DE JIM MILES SOBRE: The DoomsdayMachine - Confissões de um planeador da guerra nuclear. Daniel Ellsberg


“Parece haver um bom número de pessoas que, de bom grado, destruiriam o mundo inteiro em vez de admitir que a guerra nuclear não é uma opção e de se retirarem da situação (como fez Kruschev na crise dos mísseis cubanos) ...”
Dez segundos para a meia noite.
Depois de ler a história de Daniel Ellsberg sobre o seu impacto na postura de guerra nuclear global, dos EUA, The Doomsday Machine, eu pensaria que o Relógio do Apocalipse, tal como está regulado pelos membros do Boletim dos Cientistas Atómicos, está a ser moderado ao estabelecer dois minutos. A situação descrita por Ellsberg é real - e não há dúvida de que é assim porque ele participou na sua criação - então, novamente, através da sua escrita, estamos, seguramente, muito mais próximos da meia noite da Humanidade do que a margem de dois minutos.
Vivi toda a minha vida sob a ameaça da aniquilação nuclear [1], assim como a maioria da população actual do mundo. Às vezes, essa ameaça assustava-me seriamente, especialmente quando criava e sustentava a minha família; outras vezes, mais recentemente, consegui afastar-me desses receios concretos. Por qualquer razão, The Doomsday Machine trouxe de volta todos aqueles medos primitivos, se bem que moral e fisicamente saudáveis. A escrita de Ellsberg é clara e contundente, não académica, mas escrita de maneira anedótica, o que aumenta a intensidade do sentimento de que as instituições, mas, principalmente, as personalidades individuais que controlam toda esta problemática, são profundamente imperfeitas. Ele não os retrata como deficientes mentais, mas qualquer um que possa conceber acções que possam destruir o mundo e, depois, agir de acordo com a continuação dessas acções, deveria ser considerado como profundamente malvado.
O livro está dividido essencialmente em três partes, embora mencionado como tendo só duas partes. A primeira parte cobre o seu trabalho na RAND Corporation, sobre a criação de cenários à volta de guerras nucleares. Dentro desse campo de acção, admite que algumas das suas recomendações, em vez de aliviar o que ele pensava ser suicida (omnicidal = extinção total da espécie humana como resultado da acção humana), na verdade, pioraram a situação. A segunda parte, descreve pormenores, relativamente desconhecidos, daquilo que foi tramado por trás da face pública da crise dos mísseis cubanos, e que, de facto, estivemos à distância do inverno nuclear, dependendo da decisão limitada de um homem.
Menciono este último aspecto porque os planeadores da guerra nuclear pensavam que, mesmo que as suas armas pudessem destruir centenas de milhões, se não biliões de vidas, restaria algo que sobraria para ser “ganho”. Só anos mais tarde é que a compreensão do inverno nuclear entrou em cena, de tal forma que, não só existirá uma super matança nuclear, uma hecatombe maciça global provocada pela radiação, como também haverá uma década prolongada de temperaturas muito frias devido aos fumos na atmosfera e às poeiras das explosões.
A terceira parte do livro, “Part II: The Road to Doomsday /O caminho para o Juízo Final”, entrelaça esta ideia com os planos de todos os Estados nucleares terem um dispositivo de segurança ou um “interruptor do homem morto”, ou seja, um sistema em que, se os principais controladores forem “decapitados” num first strike, a capacidade de retaliar é delegada a uma longa linha de autoridade até chegar ao nível dos pilotos/lançadores individuais, já preparados para partir. Embora hoje existam nove potências nucleares, só as duas grandes, a Rússia e os EUA são consideradas como tendo poder de fogo para criar um inverno nuclear completo, embora seja indicado que uma guerra entre Índia e o Paquistão, embora limitada, poderia resultar num intervalo de tempo de temperaturas globais muito mais frias. O que não foi mencionado foi a probabilidade de que, se uma das potências menores começasse a usar armas nucleares, as probabilidades de limitação fossem provavelmente próximas de zero, à medida que as comunicações fossem destruídas e  aumentasse as necessidades de ameaças.
A Teoria do Louco
Outra ideia arrepiante, que beira a verdadeira loucura, é a teoria do louco, de Nixon. Diz que, para que as ameaças sejam eficazes, a ideia de que o dirigente é um pouco louco reforçaria essas ameaças. Como descrito por Ellsberg, aparentemente teve o seu efeito em várias situações em que os EUA consideraram o uso de armas nucleares. Considerando a talvez não louca, mas definitivamente egoísta, narcisista e altamente ignorante liderança actual de Trump (tudo isso somado à loucura?), a teoria da loucura de Nixon torna-se ainda mais significativa.
Trump cercou-se de conselheiros e militares que favorecem a guerra. Este caso não é muito fora do comum na política dos EUA, mas a marca actual realmente parece gostar de matar e torturar outras pessoas inventadas. Essa atitude manifesta-se agora na Russofobia, espalhada anarquicamente através da comunicação mediática e da propaganda corporativa ocidental.
Ao mesmo tempo, a Rússia reforçou a sua posição defensiva e, se o seu discurso recente for baseado em acontecimentos reais, a Rússia negou qualquer superioridade que os EUA possam considerar que possuíam. Outros pontos de fricção, criados principalmente pela beligerância dos EUA, incluem a Ucrânia, a Coreia do Norte e a postura dos EUA/Israel contra um Irão não nuclear e signatário.
Então temos agora duas Máquinas do Juízo Final a enfrentar-se, uma à outra, com o lado americano ainda a salientar a sua capacidade e desejo aparente de recorrer a um ‘first strike’ com armas nucleares, como se, até certo ponto, eles pudessem conseguir criar uma situação na qual isso funcionaria - enquanto deveriam estar cientes de que, uma vez as hostilidades iniciadas, as oportunidades de serem interrompidas seriam praticamente nulas. Parece que há um bom número de pessoas que destruiriam o mundo inteiro, de bom grado, em vez de admitir que a guerra nuclear não é uma opção e que se devem retirar dessa situação (como fez Kruschev na crise dos mísseis cubanos).
Só podemos esperar que a teoria do Louco nunca passe de uma teoria.
O fim da Humanidade
Ao finalizar a secção da Máquina do Juízo Final, Ellsberg solicita vários passos que precisam ser dados para desarmar o confronto. São essencialmente, bom senso e ideias simples, embora sejam ignoradas pelos que estão no poder, que dizem continuamente ao público, que esses assuntos são complexos e não são fáceis. Se bem que o cálculo de dez segundos para a meia noite possa estar errado - afinal, é apenas uma metáfora de como estamos perto da destruição planetária - a história pessoal de Ellsberg em The Doomsday Machine perturba essa parte de mim, os aspectos emocionais, morais, que dizem que estamos sempre condenados a morrer devido, de facto, à estupidez, à ignorância e à loucura dos nossos dirigentes políticos, militares e corporativos.
PENSAMENTOS FINAIS
00:00:10 segundos para a meia noite  
Vivi toda a minha vida à sombra das notificações do Boletim dos Cientistas Atómicos e do Relógio do Juízo Final. Actualmente, estão definidos dois minutos para a meia noite após muitos anos de variações,algumas distando dezassete minutos. Depois de ler The Doomsday Machine, de Daniel Ellsberg, provavelmente seria mais apropriado avançar dez segundos para a meia noite. A combinação dos dois factores principais - mudança climática global e lançamento de armas nucleares em risco de alerta - coloca não apenas a Humanidade, mas praticamente todas as espécies, sob a ameaça da extinção.
Claro que é apenas uma metáfora. Obviamente, se estiver a ler este artigo, pelo menos, vários períodos de dez segundos até à meia noite já passaram, sem haver destruição. Em relação à mudança climática global, já é meia noite para os que morreram devido aos vários episódios de tempestades, secas, inundações e escassez de alimentos que acompanham esse fenómeno. Embora o aquecimento global esteja assegurado pela produção de dióxido de carbono da Humanidade, existe a possibilidade de que alguma forma de humanidade sobreviva, noutra era.
Essa circunstância é nula no caso de guerra nuclear. Ao contrário do aquecimento global, para a maioria das pessoas, a guerra nuclear está encerrada de maneira segura, dentro das múltiplas alienações com aquilo que as distrai e entretém e/ou na azáfama da vida do dia a dia e, por conseguinte, não tem impacto ou não é recordada diariamente. É indiscutível que a grande maioria da Humanidade não compreende, verdadeiramente, o impacto final de uma guerra nuclear em qualquer parte do mundo - um estado de espírito, que os poderes estabelecidos no Ocidente, estão bastante satisfeitos por verem que prevalece.
Mudança de direcção - o mesmo conceito aplica-se à mudança climática global. Quanto maior for a distracção, o obscurecimento e a dissimulação ( através da mentira, da ocultação e da ignorância) sobre a mudança climática, mais fácil é para o sector militar-industrial continuar o seu caminho para pilhar riquezas. Esses acontecimentos terão efeitos menores durante a minha vida, com problemas crescentes para todas as gerações futuras, um ligeiro aumento do calor para que, cada nova geração, encare como sendo normal. Isto é, a menos que, mais cedo ou mais tarde, num dado momento, seja alcançado um ponto de desvio que mude o que agora consideramos um clima bastante benigno e o torne numa ameaça para a maioria da Humanidade.
Estes dois acontecimentos - guerra nuclear e aquecimento global -  estão intimamente ligados.
A mudança climática aumenta a possibilidade de conflitos entre grupos diferentes, de migrações em massa, fome generalizada, devastação dos recursos de que a Humanidade precisa para sobreviver. Com a perda de capacidade de produção de oxigénio e o factor tóxico do excesso de dióxido de carbono, a sobrevivência será difícil. Poderá resultar em mais guerras, provavelmente, já tendo uma influência, especialmente no Médio Oriente e no Sahel, mais guerras que levam à possibilidade de guerras mais agressivas que opõem nações nucleares a outras nações nucleares ou não nucleares.
Os factores da guerra nuclear para a sobrevivência da Humanidade incluem a óbvia destruição inicial, os efeitos de radiação secundários e persistentes e o inverno nuclear. Não estamos a considerar o inevitável derretimento das mais de quatrocentas centrais nucleares espalhadas pelo mundo, quatrocentas possíveis Chernobyls, Three Mile Islands e Fukushimas. O planeamento da guerra é tal, que os EUA têm as opções de first strike 'em cima da mesa', ao mesmo tempo em que a Rússia sinalizou que tem uma nova geração de armas ofensivas e defensivas – criada, principalmente, após a revogação dos EUA do Tratado ABM (Tratado de mísseis anti-balísticos) de 1972. A China é calculada nos planos dos EUA, de forma um pouco descontraída, visto que a China ainda é considerada, de forma pouco realista, muito menos avançada tecnologicamente. Inicialmente, os planeadores de guerra dos EUA perceberam que centenas de milhões de indivíduos poderiam morrer numa guerra nuclear, desconhecendo as consequências do inverno nuclear. Quando essa última hipótese foi discutida e considerada quase inevitável após tal guerra, essa taxa sobe para incluir a maior parte da vida na Terra. O inverno nuclear é uma mudança climática global, ampla e repentina, em toda a face da Terra.
A Geopolítica condena-nos….?
A causa dominante em toda esta situação é a visão geopolítica norte-americana de domínio global - hegemonia - sob o pretexto de uma perspectiva económica neoliberal e de um conceito político neoconservador. É uma sociedade baseada no consumo do indivíduo, durante toda a sua vida, promovido através de uma propaganda publicitária no sentido material, o pretensioso e irrealista “individualismo inflexível” de Reagan e da Rand Corporation, e as ideias emotivas de ser a nação indispensável do mundo. Para apoiar o lado material, o mundo corporativo/empresarial - desde as indústrias militares, as corporações financeiras, até aos grandes meios de comunicação mediática - apoia as guerras e as agitações em curso, em todo o mundo, para colher os recursos e usar a mão de obra barata necessária para manter a economia doméstica estável.
Esta geopolítica é ajudada e incentivada pelos inúmeros aliados bajuladores. Essencialmente, a Europa tem estado ocupada e subordinada desde a Segunda Guerra Mundial, certamente depois da NATO ter sido criada e ainda mais, com a sua expansão para  Leste. O Canadá é, de facto, o 51º estado da União. A Austrália copia e repete a linha dos EUA, especialmente, no sul e no leste da Ásia. O Japão e a Coreia do Sul são semelhantes aos países europeus que foram reconstruidos através da ditadura autocrática ou de governos subordinados da classe executiva, juntamente com grandes contingentes de militares dos EUA, que permanecem estacionados aí. Outros países, muitos deles ditaduras teocráticas (Arábia Saudita e os membros do Conselho do Golfo), elaboraram um plano de apoio com os EUA para não serem atacados, como outros que rejeitaram o domínio dos EUA, que sofreram subversão e ataques directos (o Iraque, a Líbia e a Síria são os principais exemplos).
Os EUA não estão imunes a certas formas de contra-ataque. Israel é a cauda que frequentemente o cachorro americano abana e tem uma poderosa posição de lobby dentro do Congresso. Da mesma maneira, os sauditas têm um grande lobby, procurando meios para garantir a sua segurança, mas acima de tudo para garantir a circulação dos dólares que ganham. Se precisassem, os dois países abandonariam o cachorro para se voltarem para outro benfeitor que se adequasse às suas circunstâncias e desejos.
O dólar condena-nos….?
Sem o poder do dólar, os EUA entrariam, geopoliticamente, em colapso. Não é o facto do uso omnipresente do dólar, do seu poder de subornar e coagir, mas do seu uso como moeda de reserva global. Para negociar globalmente, as instituições do consenso de Washington (ou seja, aquelas instituições supostamente funcionando independentemente em todo o mundo - o Banco Mundial, o FMI, a OMC, SWIFT, BIS) criaram um ambiente financeiro no qual o dólar americano reina acima de todas as outras moedas. Somente os EUA podem “imprimir” o seu dinheiro, apenas os EUA podem ter um desequilíbrio comercial devido à necessidade global do dólar, e unicamente os EUA podem carregar uma carga de dívida tão grande sem entrar em colapso. Somente os EUA podem ter um orçamento militar tão grande (triliões de dólares, se todos os aspectos, tais como os locais nucleares e as medidas de segurança, forem adicionadas). Tudo isto, a partir do momento em que os EUA se retiraram do padrão ouro e das suas limitações.
A verdadeira ameaça ao dólar seria a sua falta de uso, algo que a Rússia sugeriu desejar, mas a China, ainda mais vigorosamente,  declarou abertamente que a era do dólar, como única moeda fiduciária global, está a chegar ao fim. Embora a China tenha sido apontada como competidora/concorrente comercial, é a Rússia que se tornou no “outro” neocon, o país que deve ser difamado e desacreditado, independentemente, das evidências e das verdades. A Rússia tem uma enorme riqueza em recursos, um sector agrícola forte, uma área de manufactura e tecnologia renovada, uma economia relativamente estável (apesar das sanções e independentemente dos relatos da comunicação mediática dos EUA) e um grande arsenal nuclear - e agora uma força militar testada e experiente, usada numa guerra assimétrica. Tendo superado as pilhagens de Yeltsin e dos EUA da era da doutrina do choque, a Rússia recuperou para tornar-se novamente numa grande potência, no palco geopolítico. A Rússia e a China foram unidas como resultado das acções dos EUA que ameaçaram, económica e militarmente, esses dois países.
Os que são, moral e intelectualmente, cretinos condenam-nos….?
Os meandros filosóficos da geopolítica, a sua vaidade, arrogância, ignorância intencional, combinam-se com o poder do dólar e com o poder dos militares para conduzir a nossa existência para junto da meia noite. No passado, o que nos salvou, foram os poucos indivíduos com inteligência bastante e  certeza moral suficiente, que, estando no lugar certo, na hora certa, impediram qualquer catástrofe nuclear até ao momento. Esse tipo de pessoas é escasso e estão afastados da mentalidade militar e política dos líderes ocidentais, já que a tarefa deste últimos, na melhor das hipóteses, é serem incapazes de pensar crítica e moralmente. O processo de verificação através dos sistemas ocidentais “democráticos” assegura que, apenas os mentalmente deficientes, os mentalmente instáveis, aqueles que são fáceis de ser manipulados pelo ‘Estado Profundo’ irão estar sempre a ocupar os cargos de liderança.
Não importa muito se o governo fanfarrão do Canadá, com o seu apoio bajulador à política externa dos EUA e com a sua russofobia cuidadosamente elaborada, surgindo da mente distorcida de Chrystia Freeland, pede acções contra a Rússia ou contra a China. No entanto, os actuais moradores no ninho de cucos de Washington - ao mesmo tempo que continuam e agravam, simplesmente, todas as campanhas das guerra anteriores do governo dos EUA - devem assustar-nos imenso. Actualmente, os militares estão bem abrigados nas principais posições do poder não eleito, enquanto John Bolton, o político que promove a guerra sem ter nenhuma experiência dela, circula por toda a parte à procura de carnificina.
O próprio Trump é um líder arrogante, narcisista, ignorante e rapidamente manipulado. A sua fala improvisada só demonstra a incapacidade de juntar pensamentos coerentes para formular um plano, realçando, ao mesmo tempo, a sua falta de qualquer sensibilidade moral. Assim sendo, são as pessoas que ele trouxe para a Casa Branca juntamente com as que já estão na mesma trajectória dos seus comentários de “fogo e fúria”, que são a grande preocupação, a preocupação da guerra nuclear. Não tenho certeza da maneira como eles o fazem, mas de alguma forma, nas suas mentes, é possível uma guerra nuclear de ‘first strike’, um pequeno ataque nuclear táctico em pequena escala pode ser contido e não haverá resposta às ameaças.
Soluções e um futuro pessimista
As soluções são fáceis: eliminem as armas nucleares e mudem o nosso estilo de vida de consumismo e tornem-se altamente inovadores usando a tecnologia da energia. Simples. Só que o mundo que quer uma solução simples tem de lidar com os cretinos e com os idiotas que, por qualquer razão, são capazes de convencer a maioria de que eles devem permanecer no poder. Parte disso é conseguido proporcionando o conforto aconchegante da vida da forma mais barata possível, culpando os outros quando isso não pode ser alcançado ao nível pessoal, criando o mito do ‘rugged individualism’ (individualismo dependente da ajuda do Estado) que é culpa da própria pessoa e então, finalmente, encontrar e criar um inimigo para redireccionar essa raiva e distrair a população das raízes nacionais do problema.
A solução ‘simples’ é bloqueada por um sistema de educação bastante desordenado, uma comunicação mediática controlada por corporações/empresas e um Estado polícia militarizado, cada vez maior. É este último que impedirá a mudança, uma vez que os actuais “um por cento” não abandonarão o poder e o controlo sem luta, uma luta que as populações nacionais não parecem ter nelas, nem sequer é visível latentemente. Por outras palavras, enquanto as soluções estão disponíveis para uma mente moral e racional, a estrutura imperial é tal, que essas mentes terão pouco ou nenhum efeito sobre os resultados.
Os EUA (bem como o ‘mundo ocidental’) mudarão, apenas, sob duas circunstâncias relacionadas. Primeiro, seria o fim do dólar como moeda fiduciária global. A corrida repentina de dólares a regressar a ‘casa’ e os impagáveis triliões da dívida entrariam em colapso na economia, e as economias do resto do mundo sofreriam significativamente - com o aviso de que a Rússia e a China já têm um sistema de troca a funcionar, separado da aprovação de Washington, mencionada anteriormente. Para onde então Israel e Arábia Saudita? Europa?
Então, a próxima consideração é se os EUA cairão sem iniciar uma guerra nuclear e se trarão os militares para casa. A China e a Rússia provavelmente preferem que seja uma aterragem ‘suave’ para a economia dos EUA, sem realmente perturbar muito a riqueza dos poderes actuais, permitindo que eles continuem a residir com relativa facilidade numa nação que se transformou num país do terceiro mundo (pobre) e sem apoio para se tornar num império militar global. Uma aterragem ‘forçada’, uma quebra repentina da economia por um acontecimento previsto (por exemplo, a chegada da bolsa-padrão do petróleo na China) ou algum outro evento imprevisto pode desencadear uma resposta ‘dura’ associada a todos os desafios dos EUA como sendo guerras(às drogas, ao crime). O conjunto global das bases militares pode então ser colocado em acção, no desastre global.
Aproximando-nos da meia noite
O mundo em si, o mundo natural, não exige que os humanos existam. O que fazemos é uma espécie de milagre, desenvolvendo-nos a partir das probabilidades de todas as interacções que nos precederam. Se deixarmos de existir, o planeta irá girar à volta da nossa estrela, durante biliões de anos sem nós. No entanto, importamo-nos de alguma maneira. Chamem-lhe o que quiserem, mas as pessoas esforçam-se pela continuação da vida, pela realização e, a maior parte, para transmitir um mundo melhor aos nossos filhos e netos. A Humanidade como espécie é uma coisa temporária, mas enquanto estivermos aqui, será que não nos deveríamos esforçar para nos livrarmos daquilo que nos poderá  matar, para nos movermos para aquele espaço que as nossas mentes, supostamente bem desenvolvidas, podem criar, de tal forma que todos nós possamos coexistir pacificamente? É uma possibilidade muito reduzida, tornando-se mais pequena à medida que o relógio se aproxima da meia noite.
 [1] Eu uso a designação “nuclear” em vez  de ‘atómica’, visto que todas as armas modernas são significativamente mais poderosas que o tipo original usado no Japão. É preciso uma dessas para incendiar as armas nucleares mais poderosas. Infelizmente, a maioria das pessoas continua a ignorar os efeitos reais das armas nucleares e da guerra nuclear. 

Ver DOCUMENTARY AND DRAMATIC FILMS ON NUCLEAR WEAPONS/ DOCUMENTÁRIOS E FILMES DRAMÁTICOS SOBRE ARMAS NUCLEARES

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luissavasconcellos2012@gmail.com

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