A Arte da Guerra
Russia-China:
a Cimeira que não faz notícia
Manlio Dinucci
A comunicação social
mediática concentrou-se, em 5 de Junho, no Presidente Trump e nos dirigentes
europeus da NATO que, no aniversário do Dia D, celebraram em Portsmouth “a paz, a
liberdade e a democracia asseguradas na Europa", comprometendo-se a “defendê-las
quando ameaçadas”. Referência clara à
Rússia.
Os grandes meios da comunicação mediática ignoraram ou
relegaram para segundo plano, às vezes em tons sarcásticos, o encontro ocorrido
no mesmo dia em Moscovo, entre os Presidentes da Rússia e da China. Vladimir
Putin e Xi Jinping, quase no trigésimo encontro em seis anos, apresentaram
conceitos não retóricos, mas uma série de factos. O intercâmbio entre os dois
países, que ultrapassou 100 biliões de dólares no ano passado, aumentou cerca
de 30 novos projectos de investimento chineses na Rússia, particularmente no sector
energético, num total de 22 biliões. A Rússia tornou-se o maior exportador de
petróleo da China e prepara-se também a
sê-lo para o gás natural: em Dezembro entrará em função o grande gasoduto oriental,
ao qual se juntará outro da Sibéria, mais duas grandes indústrias de exportação
de gás natural liquefeito.
Assim, o plano USA para isolar a Rússia com sanções, também concretizadas
pela UE, juntamente com o corte nas exportações russas de energia para a Europa, vai
fracassar.
A cooperação russo-chinesa não se limita ao sector
energético. Foram divulgados projectos conjuntos no sector aeroespacial e noutros
sectores de alta tecnologia. Estão a ser incrementadas vias de comunição
ferroviárias, rodoviárias, fluviais e marítimas entre os dois países. Existe um
forte aumento também nos intercâmbios culturais e nos fluxos turísticos.
Uma cooperação em todos os campos, cuja visão estratégica emerge de duas decisões anunciadas no final do encontro:
Uma cooperação em todos os campos, cuja visão estratégica emerge de duas decisões anunciadas no final do encontro:
Ø
a
assinatura de um acordo intergovernamental para expandir o uso de moedas
nacionais, o rublo e o yuan, nas transações comerciais e financeiras, como
alternativa ao dólar ainda dominante;
Ø a intensificação dos esforços para integrar a Nova Rota
da Seda, promovida pela China, e a União Económica Euroasiática, promovida pela
Rússia, com “a visão de formar, no futuro, uma parceria euroasiática mais
alargada”.
Que esta visão não é simplesmente um projecto económico, confirma-o a
“Declaração Conjunta sobre o Fortalecimento da Estabilidade Estratégica Global”,
assinada no final da reunião. A Rússia e a China têm “posições idênticas ou
muito próximas”, de facto, contrárias às posições USA/NATO, relativas à
Síria, Irão, Venezuela e Coreia do Norte.
Advertem que a retirada dos EUA do Tratado INF (a fim de
instalar mísseis nucleares de alcance intermédio perto da Rússia e da China)
pode acelerar a corrida armamentista e aumentar a possibilidade de um conflito
nuclear. Denunciam a decisão dos EUA de não ratificar o Tratado de Proibição de
Testes Nucleares e preparar o local para possíveis testes nucleares. Declaram “irresponsáveis”
o facto de alguns Estados, ao mesmo tempo que aderem ao Tratado de Não
Proliferação, concretizarem “missões nucleares conjuntas” e exigirem que “devolvam
aos territórios nacionais todas as armas nucleares instaladas fora das
fronteiras”. Um pedido que diz respeito directamente à Itália e outros países
europeus onde, violando o Tratado de Não-Proliferação, os Estados Unidos
enviaram armas nucleares que também podem ser usadas pelos países anfitriões
sob comando USA: bombas nucleares B-61 que serão substituídas a partir de 2020
pelas bombas nucleares B61-12, ainda mais perigosas.
De tudo isto não falou a comunicação
mediática de destaque que, em 5 de Junho, estava ocupada a descrever os trajes deslumbrantes
da First Lady, Melania Trump, nas cerimónias do Dia D.
il manifesto, 11 giugno 2019
«DICHIARAZIONE DI FIRENZE»
Per la creazione di un fronte internazionale NATO EXIT in tutti i paesi europei della NATO
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