A Arte da Guerra
A corrida para o domínio do Espaço
Manlio Dinucci
"O homem voador deslumbra Paris no desfile de 14 de Julho": com títulos como este, foi descrito o desfile das forças armadas francesas ao longo da avenida dos Campos Elísios. Como de costume, parece estarmos informados de tudo até aos mínimos detalhes. Mas a "grande informação" esconde-nos o que, pelo contrário, seria essencial sabermos.
Por exemplo, que, dois dias antes da parada o Presidente Emmanuel Macron esteve presente no porto de Cherbourg, lançando um submarino de ataque nuclear, o Suffren, o primeiro da nova série Barracuda, construído com um programa de dez anos cujo custo é de 9 biliões de euros. O submarino, armado com mísseis de cruzeiro de longo alcance de dupla capacidade, convencional e nuclear e dotado de um mini-submarino para operações das forças especiais, foi descrito pelo Almirante Christophe Prazuck como "um caçador nascido para combater inimigos".
Entre os 700 convidados internacionais na cerimónia do lançamento estava a Ministra da Defesa da Austrália, Linda Reynolds que, em Fevereiro assinou um contrato para comprar 12 submarinos de ataque franceses. Na Austrália, neste período, está a discutir-se a possibilidade do país abandonar o Tratado de Não-Proliferação e ter o seu próprio arsenal nuclear.
Enquanto o desarmamento nuclear permanece no papel, aumenta a possibilidade de proliferação e a corrida armamentista desenvolve-se, cada vez mais, no plano qualitativo. Confirma-o o anúncio feito na véspera do desfile de 14 de Julho, pelo próprio Presidente Macron: a França criará em Setembro, um novo Comando Nacional da Força Militar Espacial, com uma primeira atribuição de 3,6 biliões de euros. "A nova doutrina militar e espacial, proposta pelo Ministro da Defesa e aprovada por mim, constitui uma verdadeira questão de segurança nacional", declarou o Presidente Macron.
Intensifica-se, assim, a militarização do Espaço, área de importância estratégica crescente, dado que os principais sistemas de armas, a começar pelas armas nucleares, dependem dos sistemas espaciais. Com o seu novo comando espacial, a França permanece no rumo dos Estados Unidos.
O Presidente Trump assinou em Fevereiro uma directiva que estabelece a US Space Force (Força Espacial dos EUA), força específica para operações militares no Espaço, dirigida, principalmente, contra a Rússia e contra a China. A Comissão Senatorial para as Forças Armadas, atribuindo à Força Aérea o comando da nova Força, definiu o Espaço como uma "área para conduzir a guerra".
As negociações promovidas pelas Nações Unidas em Março a fim de evitar uma corrida armamentista espacial, falharam devido à oposição dos Estados Unidos. Eles recusam a abrir uma mesa de negociações para discutir o projecto do Tratado, apresentado pela Rússia e pela China, que proíbe a colocação de armas no Espaço e estabelece um conjunto de limites legais para seu uso para fins militares.
Enquanto a atenção mediática está concentrada no "homem voador" que gira sobre os Champs Elysées, ignora-se o facto de que em pouco tempo haverá armas nucleares a voar, em órbita ao redor da Terra, sobre as nossas cabeças.
il manifesto, 9 de Julho de 2019
«DICHIARAZIONE DI FIRENZE»
Per la creazione di un fronte internazionale NATO EXIT in tutti i paesi europei della NATO
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Manlio Dinucci
Geógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica atribuído em 7 de Junho de 2019 pelo Club dei giornalisti del Messico, A.C.
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